Na foto: Gabas, o neo-pelego, junto com seu amigo Tadeu Fillipelli, ex-vice governador do DF e atual assessor especial do Palácio do Planalto. Um plano para salvar a cabeça do comissário está a se concretizar a qualquer momento.
Carlos Eduardo Gabas, ex-Ministro da Previdência, ex-Comissário da Seguridade Social, o "Marajá" da Previdência, conforme publicado aqui em 2014 e replicado pela grande imprensa, tem chamado muito a atenção ao percorrer o país em caravana contra a reforma da previdência, a qual chama de "desmonte", apesar de todas as ideias da PEC 287 terem saído de seu gabinete, quando ainda reinava no Bloco F (vide relatório feito por Gabas e sua equipe em maio de 2016 - em pdf - ).
O desempenho de Gabas em denunciar o "desmonte da previdência", o "pacote de maldades" (que na verdade foi de autoria dele e de Benedito Brunca, que continua firme e forte na Secretaria de Regime Geral da Previdência do Ministério da Fazenda) tem tido tanto destaque que corre nos Whatsapp da vida que ele já estaria se posicionando como candidato a Deputado Federal em 2018.
Por trás do discurso virulento e bem articulado, porém, esconde-se um plano urdido no mais absoluto sigilo montado para salvar a cabeça de Gabas da demissão do serviço público. Como se sabe, Gabas responde a um PAD no Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário por conta do escândalo da aposentadoria a jato da ex-Presidente Dilma Rousseff. As graves imputações a ele apontadas podem levá-lo a demissão do serviço público. Além disso, Gabas tem sistematicamente faltado ao serviço, pois como Técnico do Seguro Social concursado, deveria ter se reapresentado ao INSS no dia seguinte de sua exoneração do Ministério, em maio de 2016, pois não tinha trânsito (mora e trabalha em Brasília) e a quarentena só serve para empregos privados. O servidor que falta mais que 30 dias seguidos ou 60 acumulados em um ano está passível de demissão por inassiduidade habitual (Lei 8.112/90, Art.132, inciso III). Nossos leitores acompanham neste blog nossas cobranças constantes sobre o ponto do Comissário junto ao INSS (clique aqui, aqui e aqui).
Segundo apuramos, Gabas se utilizou de todas as licenças, recursos e manobras possíveis para ir empurrando pra frente sua reapresentação ao serviço, mas já está com mais de 60 faltas acumuladas, o que lhe deixa exposto a, qualquer momento, responder PAD com possível indicação de demissão. Mas durante esta investigação descobrimos uma verdadeira operação secreta, tratada no mais absoluto recato e discrição, com vistas a salvar a cabeça do Comissário.
Gabas procurou um antigo amigo e atual Assessor Especial da Presidência da República, Tadeu Fillipelli (PMDB-DF), para pedir ajuda e fazer um pacto: se ele fosse salvo, iria trabalhar para diminuir a pressão nas ruas e convenceria a CUT a convergir para a discussão da necessidade de uma reforma nos termos que ele conduziu até maio de 2016 (que é basicamente a mesma coisa da PEC 287 só que com uma apresentação mais light). Pelo acordo desenhado, Gabas iria acionar a bancada do PT no Senado para pedir sua cessão do INSS para o gabinete da liderança da minoria. Fillipelli iria atuar dentro do governo para pressionar o MDSA e o INSS a ceder o Comissário, livrando Gabas do PAD ao qual responde, do PAD por inassiduidade, do temido SISREF e, principalmente, de ter que voltar a trabalhar no "chão da fábrica", entre muitos colegas a quem fez questão de menosprezar durante seus anos no poder.
Gabas e Fillipelli são amigos de longa data. Durante seu mandato como vice-governador do DF, na gestão Agnelo Queiroz (PT-DF), Gabas era membro do Conselho de Administração da Novacap, de onde tirava R$ 4 mil (aproximados) a cada reunião. Feito o acordo entre amigos, foi exatamente o que aconteceu: O Senado Federal, através do seu então presidente, Senador Renan Calheiros (que até onde sabemos desconhece a tratativa narrada neste post), atendendo ao pedido da liderança da minoria, encaminhou ao MDSA o pedido de cessão de Carlos Eduardo Gabas. Fillipelli, desde então, está atuando nos bastidores exercendo forte pressão pela cessão.
Este blog conseguiu com exclusividade o processo com o protocolo SIPPS (uso interno do INSS) e descobrimos que o pedido foi dado entrada em 27/01/2017 através de pedido do Senado Federal ao MDSA, que despachou o pedido para o INSS. O processo, de número 35000.000192/2017-95, SIPPS 434.360.738, está parado desde 20/02/2017 no gabinete do Presidente do INSS, conforme o extrato do protocolo abaixo indica:
O detalhe mais sórdido é que o pedido de cessão é retroativo, ou seja, se concedido, livraria Gabas de todas as faltas que vem acumulando desde 2016. Gabas está respondendo PAD e nesses casos a Comissão deve ser consultada, o que pelo processo, ainda não o foi.
Seria inédito um servidor do INSS respondendo a PAD ser cedido a outro órgão. Ninguém se lembra disso ter acontecido antes, Gabas seria o primeiro a obter tal façanha.
Descobrimos que tanto o MDSA como o INSS estão bastante incomodados com a pressão exercida pelo Assessor Especial do Planalto, Tadeu Fillipelli, pois não querem ceder Gabas já que sabem a convulsão que isso causaria nos servidores do INSS, em especial os perseguidos por ele durante seu reinado já findo.
Pelo o que ficamos sabendo e até onde pudemos apurar, Tadeu Fillipelli está sozinho nesse acordo, operando à margem do conhecimento do Presidente da República e dos Ministros Palacianos, o que soa óbvio, pois o Palácio do Planalto jamais compactuaria em aliviar um cidadão que está percorrendo o país dizendo o diabo do Governo Temer e boicotando a principal Reforma de sua gestão, a Reforma da Previdência. Uma vez conseguida a cessão, Fillipelli iria "faturar" junto ao Governo a "pacificação" de Gabas.
Por fim, também apuramos que a CUT desconhece que seu nome foi usado na tratativa em questão, mas para quem conhece o Comissário, não se espanta mais com essas coisas.
Em suma, o Gabas que aparece todos os dias na mídia e nos eventos como baluarte dos direitos dos cidadãos é, na verdade, o Gabas pelego que procura desesperadamente uma bóia para se salvar, contando com a força dos amigos que permanecem no Governo.
Agora todos os servidores vão, diante do SIPPS e do Processo acima, poder acompanhar se Fillipelli e Gabas vão conseguir, ou não, completar o acordão.
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