O Ministro Miguel Rossetto (também conhecido como Grossetto por sua gentileza e Vaporetto por sua presença em Brasília) já bateu o martelo: Alberto Carlos Freitas Alegre, atual gerente-Executivo de Canoas/RS, será o novo presidente do INSS em substituição à atual presidente Elisete Berchiol. A mudança será concretizada nas próximas semanas.
Elisete será traída pois contava com um acordo firmado com Rossetto onde ele prometia apoiar e não mexer no INSS, em especial após ter assinado um acordo que cessou a greve dos peritos do INSS pois essa era uma condição para sua permanência, mas parece que Rossetto esperou justamente esse evento para começar a mexer as peças.
Isso representa um ataque direto da Democracia Socialista (corrente de Rossetto) em área que sempre foi ocupada pela Construindo um Novo Brasil (corrente de Gabas/Elisete).
Para não piorar a situação, será dado à Elisete uma boa posição: A ela será dada um cargo importante junto ao Ministério do Trabalho e Previdência Social em São Paulo.
Não foi dessa vez,
Inspetor Clouseau. Diga-se de passagem a atuação da "Pantera" Stefanutto não foi suficiente para ele ser o Presidente do INSS, mas ajudou a construir a traição à Elisete.
Para entenderem melhor esse cisma DS x CNB, sugiro uma preve leitura abaixo:
"Diz a piada que com um comunista se tem uma tese, com dois comunistas se tem um partido, com três se tem uma revolução e com quatro comunistas se tem uma dissidência. Ao contrário dos movimentos de direita, os de esquerda sempre se caracterizaram pelo excesso de "mentes geniais" e de "insubordinados" à ordem, que a qualquer momento ou desculpa se organizavam em um coletivo próprio enfraquecendo a luta central. No Brasil isso foi também verdade e do Partido Mãe (PCB) nasceram mais de uma centena de dissidências, tendências, coletivos e movimentos, alguns virando partidos políticos, outros não, cada um com uma tese própria e, principalmente, uma liderança própria, fragmentando a luta coletiva e favorecendo á direita. Mesmo quando se unem, as operações "em paralelo" permanecem.
O PT, apesar de não ser comunista em sua base formadora, recebeu um forte apoio dos movimentos socialistas e foi o maior agregador desses movimentos "satélites" em especial em seus primeiros dez anos. Muitos coletivos optaram por aderir ao PT por enxergá-lo a grande força de esquerda nascente. Se realmente tivessem lido e estudado sobre comunismo e esquerda, veriam que o PT jamais se propôs a isso e sempre foi um partido burguês sindical de tendência social-democrata ao estilo leste-europeu (Solidariedade Polonês como exemplo mor, Lula e Lech Walesa são os líderes desse movimento).
Por ser um movimento anti-soviético, tanto o Solidariedade quanto o PT jamais poderiam ser taxados de "comunistas", por isso mesmo o PT recebeu carta livre da ditadura brasileira, em especial do então todo poderoso General Golbery, para crescer, como forma de rivalizar com o então crescente MDB (que daria origem ao PMDB).
O fato do PT ser chamado de "comunista" hoje em dia é devido, em parte, a ter aceito a inclusão de dezenas de movimentos satélites comunistas perdidos e soltos durante a década de 80, diretas Já e fim da ditadura, mas o Partido sempre foi um movimento de característica sindical, coletivista, burguês (por ser sindical), calcado nos movimentos do sindicalismo do ABC paulista em conjunto com a ala à esquerda da Igreja Católica que precisava de um espaço para manifestação política (Comunidades Eclesiais de Base, Teoria da Libertação, CNBB). O exemplo maior dessa sinergia foi a ação do primeiro Bispo da Diocese de Santo André, Dom Jorge Marcos de Oliveira, o "bispo vermelho", que deu apoio teórico, logístico e econômico para a fundação das primeiras associações sindicais do ABC, em especial os sindicatos dos bancários paulistas.
O fato é que o PT foi o porto seguro de muito movimento comunista que estava à míngua e sem destino no fim do regime militar e precisavam de um espaço para voltar a respirar e praticar seus esportes favoritos: a retórica e a dialética.
Nenhum desses movimentos foi tão importante e duradouro como a Democracia Socialista. Criado no fim da década de 70 como uma organização política marxista não-armada que em 1986 aderiu ao PT. Com forte base no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais, a DS foi a responsável por dar sucessivas vitórias eleitorais ao PT no RS e conseguiu introduzir no PT a política das tendências, onde agrupamentos poderiam ter uma certa autonomia em seu discurso e atuação, limitados obviamente pelas linhas centrais da direção do partido.
Apesar de importante, a DS sempre careceu de grandes nomes políticos e quadros técnicos, sendo Raul Pont (RS) o grande quadro dessa tendência. Apesar disso, sua retórica socialista quase o levou à presidência do PT em 2005, no auge da crise do mensalão, quando perderam por pouco da corrente dominante desde o início do Partido, a Articulação (atual Construindo um Novo Brasil). A dissidência (olha ela ai de novo) da tendência Aliança Popular Socialista, que traiu o acordo de apoio no segundo turno, foi vista como essencial para a derrota da DS. A APS acabou saindo do PT e, honrando as tradições socialistas, virou um novo partido, o PSOL. Jamais a DS teve chance igual de comandar alguma coisa, até que Dilma Rousseff foi reeleita em 2014.
Querendo autonomia e distância do grupo de Lula, Dilma constrói um governo com forte presença da DS, tanto por sua proximidade (ambos são do Sul) quanto por ser a única corrente com algum quadro que já experimentou governos (no RS). Os petistas ligados à corrente majoritária, CNB, se sentem traídos e uma intensa luta interna tem início.
Na previdência social, que sempre foi da CNB, a nomeação de Rossetto (DS) como novo Ministro do Trabalho e Previdência Social (MTPS) sacudiu as bases do antigo MPS. Um acordo de paz, no entanto, garantiu que Rossetto só cuidaria das questões relativas ao trabalho e Gabas continuaria como "Ministro informal" da Previdência Social, tanto que Rossetto ocupa o gabinete do antigo MTE e Gabas permanece no seu gabinete com a mesma equipe.
O medo de dar uma zica na rotina da previdência social e deixar 30 milhões de aposentados e afastados sem benefícios sempre fez o governo ser muito cauteloso ao se intrometer no INSS. Parece que, agora, Rossetto dará os primeiros passos para infiltrar a DS dentro do aparelho previdenciário."