Em 08 de agosto de 2005 um então desconhecido técnico da previdência, alçado diretamente de uma APS do interior paulista para a Superintendência do INSS em São Paulo, foi nomeado secretário executivo do Ministério da Previdência Social.
De lá para cá, nesses últimos dez anos, a Previdência Social é a cara de Carlos Eduardo Gabas. Sob ordens diretas do Presidente Lula e atualmente da Presidente Dilma, Gabas manda e desmanda na Previdência e por tabela no INSS.
Uma de suas primeiras tarefas foi iniciar o desmonte da então recém-carreira de peritos médicos do INSS, feita em 2004 após uma greve de 93 dias no ano anterior. Gabas e sua turma da diretoria do Sindicato dos Bancários de São Paulo, leia-se Ministro Berzoini, jamais se conformaram com a carreira, não a queriam e se empenharam em esvaziar nossas funções e tornar nossa carreira não-atrativa e passível de terceirização. Para isso sempre contaram com o apoio do ex-poderoso Diretor da DIRBEN Benedito Brunca.
Fora a perícia, Gabas se impôs em todas as áreas da previdência social, moldando-a à sua cara e forma. Vendendo a imagem de grande gestor, de técnico de alto grau de conhecimento previdenciário, foi se firmando no poder até virar Ministro por três vezes: interino em 2008 e 2010 e de fato a partir de 2015. Mesmo quando era Secretário-Executivo, seu poder obliterava a imagem de todos os ministros que sentaram naquela cadeira.
Os números da previdência na Era Gabas não deixam dúvidas: Foi um desastre tectônico. O saldo previdenciário (necessidade de financiamento da previdência) quase dobrou e atinge espetaculares 67 bilhões de reais por ano, as agências estão sucateadas, os servidores adoecidos e desmotivados, terceirizaram novamente a perícia médica e o controle interno não existe, tanto que em 10 anos a Força Tarefa Previdenciária executou praticamente uma operação por semana contra quadrilhas organizadas (o que dirá a corrupção rala do dia a dia, essa grassa sem controle algum provavelmente).
Porém nos últimos anos a imagem de grande gestor caiu. Inúmeras denúncias contra sua gestão e sua pessoa aliado aos péssimos números da previdência social tornaram Gabas refém de si mesmo: O abacaxi é tamanho que ninguém quer assumir e ninguém o quer em outro lugar.
A infra-estrutura dada aos funcionários é pífia, as exigências são enormes, os números produzidos são incertos, os sistemas operacionais são falhos, claudicantes e inseguros, os processos internos não existem, não há controle de qualidade e a casa está completamente desgovernada.
Aproveitando o vácuo de gestão, diversos atores começaram a se organizar para tentar tomar conta da autarquia: de promotores da república a auditores da CGU, todos hoje em dia se acham no direito de mandar e desmandar na previdência e em seus servidores, não enxergam liderança, governança ou autoridade nos diretores autárquicos muito menos na cúpula previdenciária.
Para piorar, o MPS/INSS foi atingido em cheio no corte orçamentário. Sem habilidade ou capacidade política para pressionar, Gabas se viu obrigado a trabalhar com 1/18 avos da verba destinada mensalmente. O INSS está cortando tudo, atrasando salários de terceirizados e demitindo funcionários não-estáveis, abandonando a segurança patrimonial, falta até papel nas APS, higiene então nem pensar.
Para completar o caos enfrentam uma greve de administrativos, serviços paralisados, não conseguiram passar a lei de terceirização de perícia para órgãos sindicais (ficou no texto apenas a impossível perícia pelo SUS) graças à ação da ANMP e os números do IMA e TMEA estão disparando.
Nesse cenário de absoluto desespero, caos e inssanidade, a previdência deveria contar com um Ministro profissional, um estadista, que soubesse agarrar as mentes e corações dos servidores, arregaçar as mangas e partir para a defesa da instituição e em negociar diuturnamente no Congresso e no Executivo saídas para a crise. Mas ao invés disso, Gabas se presta ao papel de mico adestrado da presidência, sendo escalado apenas para dar a cara a tapa em coletivas "bomba", matérias de jornais e agora, pasmem, até na Voz do Brasil ele aparece "esclarecendo" dúvidas de "ouvintes" sobre o fator previdenciário.
Isolado internamente, sem diálogo com os servidores, sem o respeito de colegas Ministros, com um pepinaço nas mãos, quando mais se precisou de sua palavra para estabilizar a situação, recebe uma condenação por falso testemunho. Até para sair de Brasília precisa avisar à Justiça.
Gabas: O bobo da corte de Dilma
A previdência afunda e se paralisa na lama da crise econômica, empurrada pela falência dos sistemas, da infra-estrutura e do esgotamento físico e mental dos servidores, esse sim o maior motor da greve atual, ninguém aguenta mais.
Longe de tudo e fingindo que nada vê, o capitão Gabas fica lá na Voz do Brasil bancando o bobo da corte do governo Dilma. A Previdência Social passa por sua maior crise e seu nome e sobrenome são claros: Carlos Gabas. O MPS merecia um estadista em seu comando, e não um bobo da corte.
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