sexta-feira, 15 de maio de 2015

Matéria do JN de ontem

É por tudo lamentável o desgaste que alguns colegas impõem a toda uma categoria. Vimos perito que não pericia e emite opinião recheada de falácias e subterfúgios, como dizer que com os antigos era assim, que marque com outro e seja mais feliz, e asneiras do gênero. O perito tem o dever de examinar todos os elementos apresentados na perícia e o dever/direito de não argumentar verbalmente. Todos seus registros devem ser escritos. Quanto à médica que concluiu por reabilitação profissional provavelmente concluiu correto e, ao que se viu, não teria de que ser acusada. A reportagem foi implacável, doeu, mas não foi irreal.

A perícia médica é carreira de Estado na medida que é única na atribuição de reconhecer direitos previdenciários constitucionais. A realidade, ainda que minoritária, descrita por William Boner e Renata Vasconcelos, revela o sucateamento do sistema, o desestímulo, esvaziamento e propostas desarticuladas. Esta carreira foi criada em 2004 com amplo apoio parlamentar e sob resistência do governo Lula que via médicos como o que se chama hoje de coxinhas, ou seja, carreira médica, seja em que órgão for, precisava ser esvaziada. Hoje há um contra-movimento que deseja trazer de volta o modelo falido da década de 90 que considerava a perícia uma consulta (como na matéria) e o médico perito um mero técnico carimbador.

A reportagem deixa claro o que parece óbvio: Não existe perícia decente sem o exame direto do requerente; mas é exatamente esta a proposta mais recente do INSS: perícia de balcão; para supostamente simplificar e agilizar.

Quando se esforça para deter o déficit fiscal o Governo Dilma se esquece que as carreiras de controle precisam ser valorizadas e fortalecidas e as verdadeiras razões do déficit podem estar do outro lado da esplanada, na Saúde que não dá conta de casos como os da reportagem e obrigam o INSS a prorrogar benefícios temporários que podiam ser breves, não raro uma dezena de vezes. Não há esse diagnóstico por parte do Governo que é fragmentado entre centenas de órgãos que só enxergam o próprio umbigo.

É preciso que a sociedade reaja junta contra a tentativa governamental de desconstruir a perícia do INSS. É preciso que os peritos não permitam que a qualidade de seu próprio trabalho caia, tragada pelo movimento contrário a eles mesmos, ao melhor atendimento do cidadão e à defesa dos interesses coletivos tanto quanto dos individuais de quem procura o INSS pretendendo compensação financeira por suposto direito que precisa, sempre, ser verificado.

É o momento de a perícia médica do INSS retomar a trajetória de profissionalização da qual se desviou em 2007, em um contra-movimento deliberado sob os auspícios da CUT, entre outros.

9 comentários:

  1. Quando não se separa o joio do trigo tudo vira joio.

    ResponderExcluir
  2. A reportagem sensacionalista funciona assim mesmo...
    Não se enganem...
    Eles gravam quantas perícias for, até que alguém cometa um deslize.
    Mesma coisa como dizer que advogado não garante resultado de ação. Experimente gravar várias, dezenas, centenas... uma hora algum advogado fala besteira... e assim por diante... com empresas, pessoas, governo..

    ResponderExcluir
  3. E foi matéria encomendada. Para defender o PP fantasma O lance do "olho" foi ridículo. Qual maior exame para um olho visivelmente perfurado (eu vi pelo celular) e a correta indicação de reabilitação? Queria aposentadoria? Quer teste ergométrico para cegueira monocular? Teve as duas coisas. Perito falando asneira e segurado/jornalista espertão. Vamos ser justos e não só malhar peritos no artigo do blog.

    ResponderExcluir
  4. Tendenciosa, mas mostra o relato de alguns segurados que chegam a mim, e dizem que é "primeira vez que o médico examina",dentre outros comentários!

    As pessoas não sabem a quantidade de informações que o sistema solicita, as versões novas que ficam lentas ou emitem resultados equivocados.

    Vamos em frente!

    ResponderExcluir
  5. E pode filmar pericia? sem o medico ficar sabendo? com câmera escondida? PQP estamos mal na fita.
    Alô DEFESA PROFISSIONAL, rasoabilidade, mesmo que seja para o direito do contraditório.
    Basta de fogo amigo!

    ResponderExcluir
  6. ”ESSE PESSOAL QUE É MAIS ANTIGO DO INSS, ELES DÃO, MAS A GENTE QUE TÁ ACOSTUMADO COM A LEGISLAÇÃO MAIS NOVA A GENTE NÃO DÁ !!!!!!!” COMO SE ISSO FOSSE "ENGANAR" O SGURADO, EM TOTAL DESRESPEITO COM O MESMO E TRATANDO-O COMO SE TRATASSE UMA CRIANÇA, PELAMORDEDEUS. A GENTE TA ACOSTUMADO COM UMA LEGISLAÇÃO MAIS NOVA, PUTZZZZZ !!!! DÓI NO CORAÇÃO ESCUTAR UM ABSURDO DESSES AÍ.

    ResponderExcluir
  7. Muito temerário qualquer juízo.

    Quem disse que não examinou ?
    A filmagem foi periciada ? Houve edição de imagem ?

    Era caso de prorrogação onde já consta o histórico e exames anteriores e onde eventualmente a simples inspeção visual (fratura com consolidação viciosa, rx recente com ausência de consolidação, etc) podem comprovar a incapacidade. Periciar é ver tudo que é necessário para a formação de um laudo conclusivo, mas quem decide o que é necessário ver e responde por isso é somente o perito que assina o laudo. Reportagem ridícula.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Colocaram a reportagem e...está tudo ótimo! Não vejo um comportamento ético por parte do jornalismo nestes casos.
      Deram um 'contraditório' pusilanime com a fala 'relâmpago' do Francisco!
      Excelente colocação a sua!

      Excluir
  8. Prezado, sou técnico do INSS, gestor de APS.

    Tenho total afinidade com a ideia e postura apresentada neste blog( desde o início) por entender que um dos menos culpados no caos da per´cia exrcidad pelo INSS é o próprio perito médico e que o instituto mascara o problema simplesmente jogando a culpa nos servidores.

    Infelizmente, as palavras proferidas por você neste texto denotam um preconceito de classes contra outra carreira do INSS que só pode ser justificada por absoluta falta de conhecimento do serviço muito acima da média exercido pelos "meros técnicos carimbadores". .

    Espero que tal trecho do seu teto seja revisto.

    ResponderExcluir

Os comentários, assim como os textos, são de responsabilidade de seus autores. Comentários ofensivos serão excluídos.