domingo, 6 de julho de 2014

CARLOS GABAS E A OPERAÇÃO ARARATH DA PF

REVISTA ISTO É N° Edição: 2328 | 05.Jul.14

Polícia Federal vê indícios de corrupção em compra de propriedade superfaturada pelo Sesc, com a participação de personagens envolvidos na Operação Ararath

Claudio Dantas Sequeira

A Polícia Federal encontrou indícios de que o Sistema S teria sido usado para abastecer o esquema de corrupção e lavagem de dinheiro investigado pela Operação Ararath em Mato Grosso. Em 2011, o Sesc Nacional comprou do empresário Rodolfo Aurélio Campos uma fazenda de cinco mil hectares, na região de Barra do Ribeiro Triste. Pagou pelo imóvel R$ 20 milhões, pelo menos dez vezes mais que o valor de mercado. Avaliação feita pela Edificar Empreendimentos Imobiliários, importante corretora local, aponta que a propriedade valeria hoje R$ 2,5 milhões. Há três anos, não custaria mais que R$ 2 milhões.

NEBULOSO
Negócio foi solicitado pelo presidente da Fecomércio (MT), Pedro Nadaf (acima), investigado pela PF


A compra suspeita foi autorizada pelo então presidente do Sesc Nacional, Antônio José Domingues de Oliveira Santos. Mas quem assinou o contrato, como representante da entidade, foi o presidente da Fecomércio-MT, Pedro Jamil Nadaf, que ocupava simultaneamente a Secretaria de Indústria e Comércio do governo Silval Barbosa (PMDB). Atualmente, ele é secretário da Casa Civil. Tanto Nadaf como Silval e Rodolfo Campos são investigados na Operação Ararath.

Ouvido por ISTOÉ, Oliveira Santos disse que a compra observou as regras do Sesc e que duas avaliações corroboraram o valor desembolsado. Uma de R$ 31,8 milhões e outra de R$ 28,4 milhões. “Essa propriedade valia o dobro. Nós conseguimos uma ótima negociação”, diz ele. Além de aprovado pelo Conselho de Administração, o negócio passou pelo Conselho Fiscal, presidido por Carlos Gabas, secretário-executivo do Ministério da Previdência. Ele também defendeu a compra, ao menos do ponto de vista dos princípios da instituição e de regras contábeis. “Não nos cabe avaliar oportunidade, conveniência e valores. Isso é com o conselho de administração”, afirma.

Fruto da contribuição dos trabalhadores do comércio, os recursos do Sesc devem ser aplicados em atividades de qualificação profissional, lazer e bem-estar. A fazenda é hoje usada como refúgio ecológico. “Fizemos uma reunião lá. Tem uma colônia de férias. Parece um projeto adequado às normas de lazer aos comerciários e preservação do meio ambiente”, diz Gabas. Nadaf não retornou os contatos da reportagem, mas Oliveira Santos fez questão de defendê-lo. “Ele só assinou. Não tem nada a ver com isso.”

Depois de 34 anos à frente do Sesc e do Senac, Oliveira Santos foi afastado na terça-feira 1o por determinação do STJ. O motivo foi uma condenação do TCU relativa a prestações de contas de 2001.

Foto: Helvio Romero/ Ag. Estado/ AE

3 comentários:

  1. “Ele só assinou. Não tem nada a ver com isso.”

    Essa frase em defesa do suspeito é RISÍVEL.

    ResponderExcluir
  2. RISÍVEL 2

    "Ele também defendeu a compra, ao menos do ponto de vista dos princípios da instituição e de regras contábeis. “Não nos cabe avaliar oportunidade, conveniência e valores. Isso é com o conselho de administração”, afirma."

    Como é que é?
    Defender uma compra sem avaliar valores e oportunidade?
    Com dinheiro público parece ser tão fácil dar opinião para comprar algo... Se der certo, beleza, se der errado, foi mal.. e fica por isso mesmo..

    ResponderExcluir
  3. #eunaotraguei
    #eusoassineinaotenhonadacomisso

    ResponderExcluir

Os comentários, assim como os textos, são de responsabilidade de seus autores. Comentários ofensivos serão excluídos.