09/06/14
Espera de até dois meses para fazer perícia no INSS irrita seguradosMarlene Rocha, de 55 anos, esperou dois meses para poder renovar seu benefício no INSS
Foto: AlexandroAuler / alexandro auler
Priscila Belmonte
A espera de dois meses para passar por uma perícia nos joelhos, que sofrem de artrose, deixou a copeira Marlene Rocha, de 55 anos, descrente dos direitos dos segurados do INSS. Para ela, que procurou a agência da Rua Engenheiro Trindade, em Campo Grande, na Zona Oeste, no dia 29 de maio, há um descaso com os trabalhadores. Para os médicos peritos, faltam condições adequadas de trabalho e mais profissionais.
— Uma aposentadoria, que é muito mais trabalhosa, leva menos de 15 dias para ser concedida. Uma perícia para o auxílio-doença demora dois meses. É ano de Copa. Já era de se esperar — desabafou Marlene.
O problema, segundo denúncias dos próprios peritos, decorre de vários motivos, que geram a insatisfação dos profissionais, como falta de pessoal, condições impróprias de higiene (não existem pias para os peritos lavarem as mãos nos consultórios), pouca privacidade nas consultas e insegurança (há detectores de metais quebrados ou desligados, além de muitas agências não terem rotas de fuga, que garantem que os médicos saiam sem passar pelo segurados, em casos de ameaça). Isso leva muitos deles a desistirem do trabalho.
A longa espera pelo atendimento é motivo de queixa também de outros trabalhadores com avaliações médicas agendadas para a mesma agência de Campo Grande. O operador de máquinas Ubiratan Henrique da Silva, de 62 anos, que está afastado da empresa por uma inflamação no joelho esquerdo, há dois meses, reclama:
— Liguei para a Central 135, em abril, para marcar a perícia de renovação do meu benefício, mas só tinha vaga para o fim de maio. É um desrespeito.
Exonerações e aposentadorias antecipadas
De acordo com o INSS, o último concurso para peritos foi feito em 2012, com prazo de validade até 17 de abril de 2013. Apesar de não ter passado tanto tempo desde a última seleção, capaz de justificar a falta de médicos nas agências, o que ocorre é que muitos profissionais, desmotivados, acabam se aposentando ou abandonando seus cargos, como afirma Jarbas Simas, presidente da Associação Nacional de Médicos Peritos (ANMP).
— São inúmeras exonerações e aposentadorias precoces recentes, além da falta de interesse dos médicos em prestar novos concursos, devido à falta de reestruturação da carreira — disse Jarbas.
Instituto nega problema
Vice-presidente do Departamento de Fiscalização do Conselho Regional de Medicina, Emmanuel Fortes, informou que, depois da Copa, fará inspeções no município: — Vamos nos reunir com o INSS para estabelecer os ajustes e fixar prazos.
Responsável pela agência de Campo Grande, o gerente- executivo Norte do INSS, Alexandre Maia de Carvalho, negou que os detectores de metais da porta de entrada e da passagem para os consultórios dos peritos estivessem com defeito. “Os detectores da agência funcionam. É possível que a equipe de vigilância tenha diminuído o volume ou desligado”, afirmou Carvalho, por meio de nota. Sobre a ausência de uma rota de fuga para os médicos peritos, o gerente-executivo informou ainda que a agência dispõe de um corredor que liga os consultórios médicos.
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