A matéria de hoje no principal jornal de Brasília, Correio Braziliense, mostra a perda de peritos pela previdência social e aponta elevado número de APS sem peritos para atender. Na matéria é feito diagnóstico, apenas parcial, dessas causas, que apontam para o esvaziamento da carreira por falta de gestão e condições precárias.
Em 2010, este blog foi pioneiro em apontar a crise previdenciária não como um "problema da perícia" e sim um "problema de gestão" associado a um boicote institucionalizado da carreira médica que levou a um grave esvaziamento da mesma, retratado no já consagrado "exonerômetro" que marca a perda anual de +- 550 peritos (Inclusive o número indicado na matéria está abaixo do real (cerca de 2.100 -real- contra 1.400 - matéria).
Importante observar que muitos saem do INSS e passam a usar a expertise aprendida para trabalhar como assistentes e peritos de empresas e cidadãos mas agora CONTRA o INSS, agravando duplamente a situação por perda de profissionais qualificados e o aumento da qualificação dos processos contra a autarquia.
Hoje em dia a imprensa e a sociedade já aceitam este diagnóstico corretamente firmado por nós em 2010, na época inclusive fomos criticados por "pelegos associativos" que achavam que "não deveríamos criticar o governo em público".
Mas existe uma observação sobre a matéria do Correio Braziliense que não foi percebida pelo repórter e entrevistados, mas este blog já apontou há tempos também: Não é apenas o esvaziômetro, mas a abertura politicamente motivada de centenas de APS pelo país afora no chamado "Plano de Expansão-PEX". Foram abertas centenas de unidades do INSS em cidades de pequeno porte, todas muito bem equipadas e urbanizadas, mas sem servidores, em especial peritos.
Isso já foi abordado nesta matéria: http://www.perito.med.br/2013/12/de-pex-em-pex-o-nordeste-vai-afundando.html
A somatória de abertura de APS em cidades pequenas sem peritos concursados + exonerômetro explicam os números do Correio Braziliense, que apontam que nos Estados do Norte e Nordeste o percentual de APS sem peritos pode chegar a 50%. São nessas regiões que estão concentradas as principais inaugurações de APS pelo PEX.
O INSS não pode alegar desconhecimento dos fatos, pois temos gravações de reuniões onde determinados diretores de áreas defendiam abertamente que a "PEX" não era para "ter perito", sabe-se lá por qua motivo. A pessoa que disse isso deve estar agora morrendo de medo de ser revelada, já pensou como que ficaria a imagem do atendimento do INSS?
Portanto, complementando a matéria, não apenas o exonerômetro, mas a abertura indiscriminada de APS pelo PEX sem previsão de concursos resultaram nos atuais números.
Que a Diretora de Atendimento e o Presidente do INSS expliquem esse "planejamento". A sociedade exige uma resposta.
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