"A riqueza das sociedades em que domina o modo de produção capitalista apresenta-se como uma imensa acumulação de mercadorias" - Início do Livro O Capital, de Karl Marx.
"Chega de treinar em pobres para tratar os ricos" - Lema histórico da DENEM - Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina.
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O Capital é um conjunto de livros escrito pelo pensador e intelectual alemão Karl Marx, fundador da doutrina comunista e que se constituiu na base filosófica do pensamento socialista moderno. Todos os atuais chefes de cargos no atual governo dizem seguir ou concordar com os pensamentos emanados desse tratado econômico-filosófico.
A base da teoria marxista da economia, sendo bem simplista senão o artigo vira uma tese, é a noção de que todo o sistema de produção capitalista é baseado na noção de mercadoria, seu valor e sua relação com a sociedade. Para Marx, tudo no sistema capitalista vira mercadoria, até mesmo a mão de obra. Desprovido dos meios de produção, só restaria ao trabalhador vender a sua mão de obra para a classe dominante (capitalista) para sobreviver.
Dessa relação desigual surge um dos pilares da teoria marxista, a noção do "mais-valia", ou seja, a materialização do trabalho (valor agregado) não pago. O capitalista (ou burguês nas palavras de quem acha que estudou marxismo) pagaria ao trabalhador apenas o mínimo para sua subsistência e não o produto total de seu trabalho, de sua produção. Essa diferença entre o valor agregado do trabalho empenhado e o valor realmente pago pelo capitalista é a mais-valia.
É através da mais-valia que se originaria a acumulação de capital que sustentaria o regime capitalista. Atrelado à mais-valia está o conceito da acumulação primitiva. Esse conceito diz que o modo de produção capitalista está sustentado a um histórico e violento processo de expropriação da produção do trabalhador (campesino, familiar, urbano) que afastou o produtor dos seus meios de produção, obrigando-o a ter que alugar sua mão de obra a preços baixos para poder se sustentar, já que os meios de produção seriam propriedade de poucos (capitalistas) impedindo outras alternativas ao trabalhador.
Essa expropriação teria se dado ao longo dos séculos por uso da força, concessões desiguais dadas pelo comandante da tribo (feudo, reinado, estado-nação) e esse fenômeno gerou enormes massas de indigentes e desocupados, chamado proletariado, criando outro conceito marxista, o do exército industrial de reserva. Essa enorme força de trabalho desempregada, o exército de reserva, seria a garantia do capitalista de que os preços cobrados pelos trabalhadores jamais iriam subir, pela relação desigual de oferta e demanda. Ou seja, a massa de proletariados dependente da contratação dos donos dos meios de produção garantiria a mais valia, a acumulação de capital e a geração de mais exércitos de reserva, perpetuando o sistema.
As óbvias conclusões dessa longa construção teórica, aqui resumidíssima (me perdoem os que de fato estudam marxismo pela simplificação), é a de que o trabalhador/proletário seria explorado pelos capitalistas (parte rica da burguesia) pois estes não pagam o real valor de seu trabalho, o trabalhador não seria livre pois estaria submetido a uma coerção econômica e teria sua condição de vida eternamente precarizada pois a acumulação de capital continuaria sendo feita nas mãos de poucos.
Para resolver esse quadro "diagnosticado" por Marx, foi proposto a adoção de um regime econômico oposto ao capitalismo, chamado de comunismo, baseado em três pilares básicos: A revolução violenta feita pelas massas criando a ditadura do proletariado; a criação de uma sociedade sem classes e igualitária e a coletivização dos meios de produção e da propriedade em geral. No ideário dos teóricos, em um primeiro momento haveria a necessidade da criação de um Estado Forte, comandado por um partido único, que controlaria numa primeira fase os meios de produção e a propriedade e se encarregaria de expurgar os inimigos do regime (execução) e nivelar as classes existentes em uma única "classe", eliminando as diferenças. Uma vez isto alcançado, o Estado seria abolido sendo o poder entregue ao povo, ou seja, o comunismo pleno e teórico. A primeira fase seria o comunismo real.
Obviamente, leitores, todas as premissas acimas se tornaram falsas. As condições de exploração denunciadas pelos apólogos do comunismo real se adequaram perfeitamente à realidade dos próprios regimes socialistas criados até hoje. A tal sociedade perfeita nunca existiu e todos os regimes comunistas viraram ditaduras não do proletariado, mas de uma classe política que se dizia representante dos trabalhadores e ela mesma virou a elite dominante massacrando a classe subalterna dos proletariados socializados. A "evolução" nunca chegou. E a liberdade, muito menos.
Apesar disso, até hoje temos defensores desse modelo, obviamente pelo mero interesse de usar um discurso de liberdades para se tornarem a futura elite, em um processo de substituição de elites. Importante frisar que quem defende esse tipo de socialismo, não defende liberdade nem democracia, e sim na ditadura do partido único. Ao longo do século XX e XXI, diversos tipos de modalidades de pensamentos e atitudes supostamente libertárias e anti-capitalistas foram tomando corpo e forma a partir de modelos desenvolvidos por diversos pensadores como Gramsci, Foucault, dentre outros, e se gerou o que se chama hoje em dia de "pensamento progressista".
O pensamento "progressista", que na verdade é imbuído de profundo reacionarismo (mas isso fica pra outro tópico), domina hoje em dia os meios artísticos, culturais, políticos, jurídicos e econômicos no Brasil.
Importante ler esse pequeno resumo para entender o que ocorre hoje em dia na saúde. O que é o programa Mais Médicos e sua importação maciça de "médicos cubanos" senão um clássico exemplo de exército de reserva e mais valia? O cubano, médico supostamente, irá trabalhar conforme a determinação do Estado (homologado por um acordo Cuba x Brasil mediado (ou "lavado") pela OPAS), irá receber apenas o básico para sua subsistência e o Estado Cubano irá receber a maior parte do lucro gerado e o Estado Brasileiro também irá lucrar pela economia gerada ao explorar um estrangeiro em condições desumanas de trabalho para um serviço que lhe custaria muito mais se fossem cumpridas as regras.
Para aumentar a mais-valia, arrumaram uma firula jurídica para classificá-los como estudantes inter-cambistas e não trabalhadores e com isso fugir das taxas legais e para impedir que o baixo conhecimento técnico impedisse a importação em massa houve um ataque aos Conselhos de Medicina e aos mecanismos protetores existentes de verificação de proficiência técnica e linguística dos trabalhadores estrangeiros.
Ao classificá-los como intercambistas para atender a "população carente" e dizer que estão em formação com tutoria, o Governo faz exatamente o que sempre disse ter combatido: a expropriação do trabalhador e o uso da massa de pobres para treinar a elite. O Governo Brasileiro considera os médicos cubanos como "estoques" de mercadorias a serem exportadas conforme a necessidade do "mercado" local. O sistema comunista cubano, com a ajuda do "pretenso sistema socialista" brasileiro, estão fazendo justamente o que Karl Marx denunciou ser um mal do capitalismo: A exploração e usurpação de mais valia do proletário.
O Mais Médicos é apenas um engodo publicitário para disfarçar a antiga e já previamente preparada intenção de se exportar os "escravos do sistema" cubano para "cubanizar" a saúde pública brasileira, ou seja, explorar o médico, ignorar a qualidade do trabalho realizado, computar burocraticamente números para serem apresentados, manipular estatísticas, tudo isso a baixos custos e ao mesmo tempo atacar uma elite intelectual que não compra a farsa do projeto petista de governo. Ele apenas foi apressado por conta dos protestos de junho, mas já estava em gestação desde 2011. De tabela, ajuda-se financeiramente um regime ideologicamente amigo e, quem sabe, constrói-se vias alternativas de financiamento de campanhas.
Padilha e seus secretários do Ministério da Saúde, todos egressos da DENEM em diversas épocas, estão fazendo no comando da Saúde aquilo que sempre condenaram: "Treinar nos pobres para tratar os ricos", que é o que acontecerá num futuro breve com esses cubanos, que irão casar, ter filhos, estudar, fugir, expatriar e possivelmente exercer em Miami-EUA o que aprenderam no Brasil, vide o fato deles terem leis especiais que ajudam em sua emigração aos Estados Unidos.
Portanto, da próxima vez que você vir uma pessoa de vermelho com a bandeira do partido dominante falando em justiça social, lembre-se que ele ou é um idiota útil ou é alguém tentando te explorar sob a bandeira do social, em benefício próprio.
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