A colega nunca viu uma pessoa ficar tão impassível e calma, falando o que foi programado para dizer sem se alterar por um segundo mesmo diante das manifestações cada vez mais ostensivas de repúdio e náuseas ao seu discurso anteontem, em Belo Horizonte (pronúncia:[bélzonti]), na reunião técnica da gerência.
Apesar da ampla reprovação e dos incontestáveis e fundamentados argumentos contrários ao seu discurso, Dr. Sérgio Carneiro não estava lá para discutir, apenas transmitir uma mensagem, pré-programada, impassível de mudanças. E lá ele ficou, tal qual um robô, falando, falando, falando...
Isso nos remete à Fernando Pessoa:
Fernando Pessoa
Não sei quantas almas tenho
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.
2 comentários:
É só aparência. Verniz superficial.
Faz parte do método.
No fundo jaz a raivosidade comum ao discurso pseudo-esquerdista-cutista.
No Rio Grande do Sul perdeu um pouco a linha e mostrou-se abalado quando disse que queria o controle "social" do judiciário - leia-se "do partido" - e foi confrontado pelos colegas.
Nem floral ajudaria.
Isso me lembra Lorde Byron - Os homens amam com pressa, mas odeiam com calma.
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