Percebe-se que o autor do atestado está mais perdido que cebola em salada de fruta. É o típico caso onde mais significa menos. Vamos analisar:
O paciente foi prescrito com dois tipos diferentes de amoxicilina: Uma simples e uma com ácido clavulânico.
A presença do ácido clavulânico permite maior ação da amoxicilina tornando-a mais forte a certas cepas resistentes à amoxicilina, pois inibe as enzimas beta-lactamases.
Porém ao colocar mais amoxicilina, dessa vez sem o ácido clavulânico, o autor vai fazer o paciente ingerir dose absurda e irregular do antibiótico (1g de 12/12h) mas sem a quantidade de ácido clavulânico suficiente para inibir bactérias resistentes.
Na prática, esse mecanismo ajudará a bactéria a se tornar resistente inclusive ao antibiótico protegido. Além disso, adicionou um macrolídeo, azitromicina, junto ao tratamento original, 1x/dia.
Presume-se que se trata de uma prescrição para tratamento de infecção respiratória, pneumonia talvez. A presença do ambroxol, um expectorante mucolítico, confirma essa tese.
Os melhores consensos de pneumonia preveem que o uso de beta-lactamico + macrolídeo só deve ser feito em pacientes ambulatoriais com doenças específicas associadas ou uso prévio de antibiótico. Mas não é a melhor escolha, nesses casos o ideal seria uma quinolona mas tudo bem, vamos considerar a opção do beta-lactâmico.
Se a opção é essa, tem que prescrever direito. Amoxicilina para tratamento de pneumonia é de 8/8h.
Os beta-lactâmicos são drogas tempo-dependentes, em termos de farmacodinética e farmacodinâmica (pK/pD). Isso significa que essa classe de droga exibe atividade bactericida apenas quando a concentração livre da droga permanece acima da concentração inibitória mínima (MIC) durante determinado tempo.
Para amoxicilina em vigência de tratamento de pneumonia, esse tempo é de 8/8h. O uso da mesma em 12/12h seria apenas na formulaçao 875 mg, em um único comprimido revestido.
A ridícula tentativa de "misturar" amoxicilinas diferentes não irá surtir efeito pois na prática o organismo dele receberá:
a) amoxicilina 500 mg com ac.clavukânico, comprimido revestido, sendo metabolizado de 12/12h. Não atingirá o MIC durante as 24h, induzindo resistência.
b) amoxicilina 500mg sem ac.clavulânico, comprimido revestido, sendo metabolizado de 12-12h. Não atingirá o MIC e a ausência do clavulânico será duplo indutor de resistência.
As amoxicilinas diferentes "não se misturam" pois o que garante a permanente concentração do antibiótico no sangue é o comprimido revestido e sua liberação conforme estudos específicos para cada formulação, de 12/12h validado especificamente para a dose de 875 mg.
O que o paciente recebeu foram dois "tiros" de amoxicilina que serão rapidamente liberadas dos seus comprimidos e atingirão pico excessivo, precoce e um profundo vale de concentração até a próxima dose.
Quando deveria ter recebido um único comprimido, de dose menor, cuja liberação já conhecida mediante estudo manteria o remédio sempre na dose sanguínea ideal.
Na prática, essa receita causará triplo risco ao ao paciente:
a) risco de seleção de resistência por manter por horas o antibiótico abaixo da linha do MIC.
b) risco de seleção de resistência por ter 500 mg de amoxicilina desprotegida e 500mg protegida.
c) risco de efeitos colaterais pela sobredose (1g) do antibiótico.
Para quem fez medicina na ELAM ou qualquer faculdade vagabunda como essas que temos por ai e aqui no Brasil, esse papo pode parecer maluco e que "o que importa é o tratamento". Mas isto se chama MEDICINA, que se feita sem seriedade, na base do improviso e do achismo, causará danos e esse tipo de receita acima, praticada em escala nacional, induzirá a uma ampla resistência coletiva à amoxicilina na comunidade.
Rá tá tá tá tá!
ResponderExcluirSe cair corre pra socorrer hehe
Programa é pra pobre!
Elite politica é Sírio Libanês !!!
É aldo, mas eles tratam no Sirio com o dinheiro do SUS!
ResponderExcluirPara o povo médico que não fala português, para os politios o sirio libanÊs.kkk
Rapaz! O povo quer é isso mesmo e vai continuar votando, pois o que vale são as bolsas vagabundagens. Além disso, o povo sabe que tem os médicos brasileiros para resolverem os pepinos dos intercambistas.
ResponderExcluirnão seria selecionando os resistentes?
ResponderExcluirAmoxacilina + Clavulanato ATÉ ACABA(R).
ResponderExcluirAmoxacilia ATÉ ACABA(R).
Quando acabar, agente enterra!
É assim que Fidel faz em Cuba.
Cara, conforme escrevi no face, repito: por mais que o governo esteja cubanizando o SUS, temos que ter cuidado como criticamos pois já estamos sendo taxados de perseguidores... nesse caso, a receita tá estranha, parece que o cara não sabia o que estava fazendo, mas não está absurda:
ResponderExcluir- doses maiores de amoxicilina (até 1g a cada 8h, ou 2g a cada 12h) são descritas na literatura americana (só ler o Sanford ou o John Hopkins ATB Guide) para tto de pneumococo resistente/ resistência intermediária... problema just. é esse: literatura americana, o pneumococo brasileiro geralmente é "vagabundo", sensivel à amoxi/penicilinas em geral...
- a amoxi de 875mg NÃO é de liberação prolongada, (em termos geral, 875 mg 2x ou 500 mg x 3, em adultos, tem os mesmos efeitos em termos de AUC) - as amoxi de liberação prolongada descritas são as de 775 mg 1x ao dia (nunca vi por aqui) e a amox. clav de 1000 + 62,5 mg 2 x (tbm nunca vi)...
- a dose de clavulanato deve respeitar uma relação de 1/4 ou até mesmo de 1/7 (tbm eficaz e com menos intolerância gastrointestinal). Nas formulações atuais, a dose de clavulanato é a mesma tanto na formulação de 500 ou de 875 mg (125 mg de clavulanato, com relação 1:4 e 1:7) ...
- conforme disse, a assoc. de betalac/inib betalactamase + macrolideo está descrita para tto de pneumonia comunitario a depender do perfil do paciente, o qual não conhecemos... lembremos que as fluoroquinolonas geralmente não são disponiveis na UBS...
Então, no fundo, o pac tá sendo tratado sim (sim, de maneira torta), desde que o diagnostico esteja correto - e ai sao outros 500...
Queria que vc corrigise o post já que ele tem tido grande alcance e acaba sendo um meio representativo... Abs.
Não sabemos a história do paciente e onde ele será tratado, provavelmente em casa pela indicação do uso oral.
ResponderExcluirNa Pneumologia da minha faculdade BRASILEIRA. PAC leve, sem comorbidades se usa Macrolídeos ou doxiciclina.
PAC grave usa-se quinolona respiratória (exceto cipro) OU Macrolídeo + betalactamico
Azitromicina com 3 cápsulas para Pneumonia? Nao...
Amox com clavulanato 16 capsulas, se vai usar de 12 em 12h o tratamento é de 8 dias, tá razoável.
Como EU APRENDI:
Macrolídeo: Azitromicina (500mg 24/24h por 5 dias) + Amoxicilina 1g VO (8/8h por 7 a 10 dias) OU amoxicilina + clavulanato 875mg (12/12h) por 7 a 10 dias.
Algum Dr. para um feedback?
A matéria dá um tiro no pé do autor. Concordo que a prescrição aparente ser bizarra, mas associar beta lactâmico com macrolídeo é totalmente comum para PAC grave (na ausência de fluoroquinolonas). Como não sabemos o contexto da prescrição, acho um erro criticar assim. Soa como perseguição.
ResponderExcluirGuilherme está podendo mesmo. Os Comentários são de um colega infectologista com doutorado.
ResponderExcluirObviamente há perseguição de erros que possam prejudicar a população
Prescrição errada e ponto final! !!
ResponderExcluirIsso não é perseguição é conhecimento técnico.
Detalhe sou infectoligista.
"Prescrição errada e ponto final! !!"
ResponderExcluirA velha arrogância médica brazuca. Pra argumentar com, por ex, o colega Guilherme, que fez um contraponto, não rola pq dá muito trabalho, né ?
que o médico não é cubano, nascido no Rio de Janeiro e fui estudar em Portugal, onde se formou e exerceu a medicina. lembre-se que näo tudos säo cubanos.
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