Médico supera doença degenerativa e se torna referência em atendimento
A distrofia muscular, uma doença degenerativa, não foi obstáculo para José Alberes Silva exercer a medicina. Ele driblou as dificuldades e se tornou uma referência no atendimento dos pacientes no Centro de Saúde nº 1 de Sobradinho
Publicação: 27/12/2013 07:00 Atualização:
Entre os colegas de trabalho, José Alberes é visto como um profissional brilhante pelo trabalho que realiza
A palavra limite não se aplica à vida de José Alberes Silva, 53 anos. O alagoano de Canapi exerce a medicina com primor. Sabe humanizar na hora de lidar com os cerca de 40 pacientes que atende diariamente no Centro de Saúde nº 1 de Sobradinho. Durante a consulta, o nordestino, radicado brasiliense, segue uma espécie de ritual: conversa, olha firme nos olhos, escuta com paciência, dá conselhos, além daqueles que se referem à saúde. Prefere deixar de lado o jaleco branco, porque, segundo ele, o uniforme é um obstáculo na relação entre médico e os que são consultados. Quem conhece Alberes assegura: “Ele não é qualquer doutor”. A explicação está — somada à forma como ele trata os pacientes — na doença que poderia comedi-lo de seguir em frente. O clínico geral convive, desde a infância, com a distrofia muscular. Trata-se de uma doença generativa e progressiva (leia Para saber mais) responsável por reduzir os movimentos dos membros de Alberes.
Doutor Alberes acorda cedo. Às 5h30, já está em pé. Movimenta-se com a ajuda de um andador ou de uma cadeira de rodas. Segue sozinho para o trabalho dirigindo um carro adaptado. Ao estacionar no centro de saúde, liga para o seu fiel escudeiro, uma espécie de Sancho Pança do médico. Do outro lado da linha, o vigilante Aurélio Barreira Cirqueira, 43 anos, atende a ligação. Aurélio já está a postos para ajudar ao amigo e dá uma força na hora de tirá-lo do veículo. Segura a maleta do alagoano que guarda estetoscópio, carimbos, receituários e outros itens. “Ele é um exemplo de pessoa e de médico”, afirma Aurélio. “Eu sinto um amor forte por ele. Ele é muito real quando fala. Fala verdades, eu vejo nos olhos dele, mas de uma forma que não dói”, acrescentou Aurélio.
Pelos corredores da unidade de saúde, todos sabem que a agenda de Alberes é uma das mais disputadas. Desde que foi transferido para o local, há cerca de 13 anos, ele atende pacientes acima do limite. “E não recusa atendimento. Quando um médico não pode clinicar, doutor Alberes chama a pessoa no consultório”, conta o vigilante. Colega de trabalho do médico, a enfermeira Auxiliadora Nantua, 56 anos, conhece a forma como o alagoano clinica desde que ele se fixou em Brasília, em 1992, ano em que ele fazia residência no Hospital Regional de Sobradinho. “Ele cresceu como profissional e pessoa. Usa da ética e faz um trabalho de qualidade, com credibilidade e brilhantismo. É respeitado tanto pelos colegas quanto pelos usuários. Mesmo com os problemas de saúde, ele não se limita”, revelou Auxiliadora.
Os pacientes que preferem se consultar com Alberes sabem da doença do médico, mas não o tratam diferente. A aposentada Francisca Ferreira Barbosa, 70 anos, perdeu as contas do tempo que conhece o trabalho do servidor público. Ontem, ela precisou da ajuda do clínico geral. Dessa vez, a moradora da Fercal não esteve lá para a consulta. Precisava de um documento que a autorizasse fazer uma cirurgia de catarata. “Ele é um anjo para mim, um amor de pessoa. Recebe a gente direitinho. Não é abusado e gosta de conversar sobre a vida”, disse Francisca. A dona de casa Isabel Pacheco de Souza, 77 anos, é mais uma fiel paciente de doutor Alberes. Dos conselhos dados pelo médico, ela guarda um em especial: “Ele sempre fala para eu fazer atividades para não ficar com depressão”.
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