Este blog respondeu ao colunista:
"Primeiro erro: Optometrista não pode prescrever correção pois ele não tem capacidade de fazer diagnóstico. Como exemplo extremado, o senhor aceitaria que engenheiros aeronautas fossem colocados como pilotos de avião para suprir uma carência destes últimos?
Segundo erro: Não é necessário que 100% da população brasileira seja submetida à avaliação oftalmológica. Em tese, precisaríamos que todas as crianças em idade escolar fossem vistas e em adultos só os acometidos de sinais e sintomas. Isso reduz o universo de 200 milhões para algo perto de 1/3 disso.
Terceiro erro: O boletim que usou, o Demografia Estatística do CFM é uma fonte de erros típicas de órgãos cartoriais como os conselhos. Eles se baseiam apenas nos oftalmologistas que registram seus diplomas nos conselhos. Não é nem ametade do total. Uma fonte mais confiável é o número de inscritos no Colégio Brasileiro de Oftalmologistas. Temos em torno de 20 mil oftalmologistas no Brasil.
Quarto erro: Estatística pura não se aplica à medicina. O dado de exame anual que citaste é um baita erro médico. Dependendo do quadro a avaliação pode ser feita com espaço bem maior. A OMS recomenda 1 oftalmologista para 35.000 habitantes. Na sua conta temos 1:20.000 , o que já é ótimo. Na conta real, temos 1:10.000, o que nos coloca como tendo 3 vezes MAIS oftalmologistas que o recomendado pela OMS.
Quinto erro: Considerar que o erro é na consequência e não na causa. O erro não seria eventual falta de médicos e sim a gestão deficiente do Governo. Para se corrigir tal erro, tem que se atacar o problema e não sua consequência. Que adianta termos 100.000 oftalmologistas se o governo não monta carreira pública nem política para prevenção de doenças visuais?
Na sua visão, um doente com hemorragia tem que receber água na veia pois não há sangue suficiente no mundo para suprir aquela perda diária. Não pensas que talvez corrigir a ferida fosse mais eficiente do que arrumar substitutivos ineficazes?
Vamos às mamografias, usadas pelo senhor no artigo: É notório que não temos mamógrafos suficientes no Brasil para fazer os rastreios de CA de mama previstos nos protocolos. Vamos então usar RX de Tórax para não deixar nenhuma mulher sem uma avaliação?
Vamos ao câncer de colo de útero, o que mais mata mulheres: Não temos nem patologistas nem laboratórios para avaliar as milhões de lâminas de papanicolau que precisariam ser feitas por mês. Vamos colocar quem para lê-las? Enfermeiros? Optometristas? Qual a formação necessária para se afirmar que a lâmina é "limpa"??
Não se pode defender como ético algo que não se defende para si mesmo."
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