CASO CUBANOS: O CINISMO COMO ARGUMENTO

Poucas vezes li um texto tão cínico em um jornal de grande circulação como o do médico David Oliveira de Souza, intitulado professor do Instituto de Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês, na coluna tendências e debates da FSP do último final de semana.

O texto em tom melodramático mostra a ausência de argumentos científicos, técnico-administrativos ou de ordem legal para justificar o injustificável: expor a população pobre e desassistida (pelo governo, não pelos médicos) a médicos de formação duvidosa e qualidade não comprovada, que sequer saberão se comunicar em nossa língua, exigência básica para um estrangeiro atuar em qualquer país que se diga civilizado.

Tenta separar a luta por uma carreira de estado no SUS com a questão cubana, dizendo que são coisas distintas mas é pura mentira, pois são a mesma coisa: A ausência de estímulos e carreira é que cria o cenário de ausência de profissionais em áreas remotas e de difícil povoamento, como o nome já diz, de difícil fixação de profissionais. Não é porque o médico não quer ir, e sim porque o médico não consegue ir.

A tentativa espúria e nazifascista de jogar nas costas do médico um problema de caráter governamental para assim arrumar um bode expiatório e atacá-lo com violência para agradar platéias foi devidamente denunciada hoje na mesma FSP por Luiz Felipe Pondé (clique aqui).

O momento mais cínico, contudo, foi o fim do texto, onde o articulista conclui que os sorrisos suaves e a alegria contagiante dos cubanos na saída do avião fretado era a prova de que não se tratava de escravos. O que o articulista queria? Que saíssem do avião com cartazes anti-castristas e fazendo protesto? Ora, seria ingenuidade demais para alguém que trabalhou no Médico sem Fronteiras. Mais que precipitado, o texto do articulista do Sìrio foi a flor da peleguice.

A verdade aos poucos está sendo desmascarada e em breve a população vai saber a farsa que é o "Mais Médicos", que poderia perfeitamente mudar seu nome para "Mais Votos".