quarta-feira, 3 de julho de 2013

É Fantástico !

“O Show da Vida” que foi ao ar na Rede Globo no último domingo cumpriu um desserviço à democracia, à justiça, aos princípios basilares e fundamentais do SUS, da Constituição Federal e do Estado Democrático de Direito e cometeu um atentado à dignidade da classe médica e da população brasileira, notadamente daquela mais pobre e desassistida, ao veicular com viés ideológico-partidário dois falsos e perigosos sofismas: o primeiro, de que tanto a causa quanto a solução para o problema grave da saúde no Brasil se resume aos médicos ou à falta deles, e o segundo, de que é melhor a população se contentar com alguma coisa ou migalhas do que com coisa nenhuma, como se alguma coisa de fato fosse o fato de cidadãos serem contratados para exercer a medicina no país, sem comprovarem, antes, que são médicos, e depois, sem terem referendada a sua capacitação, atuando, ao arrepio da lei, com status de servidores públicos, outorgado tão somente por mera Medida Provisória ou Decreto Presidencial – o AI5 dos detonadores bolivarianos da saúde – sem se submeterem à concursos públicos, sem comprovarem possuir, no mínimo, os requisitos mínimos de decência exigidos por qualquer concurso público, muitos dos quais passaram ao largo de faculdades de medicina do Brasil por desaprovação no vestibular pátrio e que agora entram pela porta da frente, bastando somente apresentar a carteirinha de filiado ao PT – não precisa mais de carteira de CRM ou CFM; afinal, o que é a ética, não é mesmo? Artigo caro a ética, igual a saúde, então é preferível importá-las – destinados a plantar a semente do arremedo fracassado de comunismo cubano na mente da parcela mais pobre do povo através de um mantra que poderá ser prescrito em seu receituário – já que faltam recursos para medicações, insumos, estrutura e meios diagnósticos – concitando-os à aceitação da idéia de que é melhor ter algo ruim ou muito duvidoso, ainda que sob condições péssimas de atendimento, do que não ter nada.
 
 
Em saúde, o nada e o meio duvidoso têm o mesmo significado: não servem para nada, porque a vida é cara, é inestimável, não tem valor.A receita “médica” viria com o carimbo do Fidel Castro e do Alexandre Padilha nos seguintes termos: “ plantar crente diariamente a mentira da semente comunista na mente do povo sofrido e regar com bastante verniz de desfaçatez até que o paciente creia que é feliz.”.
 
 
 Enquanto isto Dilma, Lula, Lugo, Sarney e, quase sem exceção, todos os políticos se cagam de medo quando estão doentes, pegam o primeiro avião e vão para o Sírio Libanês e o Einstein, tendo atendimento classe A, dispondo de todos os recursos diagnósticos e terapêuticos mais avançados do mundo ao seu dispor.Mas, para o povo: dá-lhe médicos cubanos, somente para as periferias!
 
 
 Aproveitam-se do momento políticos tenebroso para implantarem idéias que os levarão ainda mais para o poço que estão cavando, porque o povo não é otário e já cansou de sofrer, o povo quer saúde de verdade, e sabe que a intenção do governo não é a de oferecer-lhes algo de verdade, sabe das artimanhas escusas que rondam por detrás deste projeto de lesa-pátria que estão tramando alto pelos botecos.
 
 
A reportagem do Fantástico tenciona perpassar à população, sem uma análise estatística mais aprofundada, a idéia de que os poucos casos isolados que foram noticiados seriam representativos da realidade da saúde do Brasil, além de induzí-la à constatação de que o principal motivo do caos da saúde seriam os médicos e de que bastaria que eles aceitassem trabalhar em qualquer lugar, de qualquer jeito, sob quaisquer condições, que tudo estaria, magicamente, resolvido.
 
 
A começar pelo título da matéria, noticiado em letras garrafais, com fontes tamanho 36 (enquanto o restante do texto está redigido com fontes número 12): “Postos de Saúde novos e equipados não funcionam por falta de médicos “.O título, além de tendencioso, é propaganda enganosa, uma vez que somente foi noticiado nesta reportagem um ÚNICO posto de saúde, smj, que não estaria funcionando por falta de médico.E olha que devem ter procurado atrás de pelo menos mais um outro que fizesse juz ao título da reportagem, que talvez já estivesse até encomendada de antemão, mas não é tão fácil encontrar postos de saúde bem equipados no Brasil, não importa se com ou se sem médicos.Em todas as outras unidades de saúde não restou dúvidas de que as condições de trabalho e seus “equipamentos” não eram lá essas coisas.
 
 
Pois bem, este único posto de saúde que foi noticiado que se encontrava sem médicos e que seria novo e bem equipado, ao contrário de provar a tese da reportagem, tem o condão de produzir e ratificar tese diametralmente oposta a de que os médicos seriam a culpa e a solução para os problemas do país.Quando o supervisor da saúde da região a que o posto encontra-se adstrito falou, parece que a única coisa de sua fala que saltou aos olhos foi a oferta de salário para o médico que lá fosse trabalhar, EM TORNO de 13 mil reais.Esqueceram-se do restante da fala, de que trata-se “de região bastante conturbada, que tem bastante problema social”.
 
 
Não conheço esta região, mas sei que 13 mil reais pode fazer a população se perguntar, chateada: “ Mas estes médicos são filhos de uma p....!Como é que não vão trabalhar com este salário?”.Só que este é mais um aparente sofisma do “Show da Vida” sobre os médicos e sobre a população brasileira.Primeiro, porque 13 mil reais é salário baixo para bom médico.
 
 
Não há porque médico ter menor remuneração do que políticos ou do que auditores, até mesmo do que Ministros.Quem duvida basta ler o artigo 39 da constituição Federal para saber como é (ou como deveria) estabelecida remuneração dos servidores públicos.Se algum dos critérios definidos pela Constituição puder ser, fundamentadamente, valorado aquém de qualquer outra profissão ou não valorado além da maioria das profissões, retiro o que disse.
 
 
Dizer que é uma região muito conturbada e que tem bastante problema social é um eufemismo para não dizer o que poderia ser a verdade: “ é uma região onde tem muito conflito social e onde o médico funciona como um parachoque das tensões sociais, todo médico que já veio trabalhar aqui é agredido física ou verbalmente após pouco tempo, todo médico que já veio trabalhar aqui já foi ameaçado, etc “.
 
 
Quem é médico sabe muito bem do que estou falando e trabalhar em um lugar destes, exercendo uma profissão de risco auto-inerente, tendo que ficar duas horas no trânsito para ir e mais duas para voltar em São Paulo, para trabalhar em condições insalubres, correndo risco de vida e dano ao seu patrimônio definitivamente não compensa por 13 mil reais.
 
 
 Outra coisa que soa estranhíssima e inverossímil na reportagem é dizer que “ o posto está fechado por falta de médicos. “ ao mesmo tempo em que assevera que todos os outros funcionários já foram contratados.Ora, como assim? Então, os outros funcionários já contratados estão recebendo seu salário para não trabalharem?Como foram contratados?Através de repasse de verba federal do PAB variável do PSF?Se assim fosse seria obrigatório ter um médico na equipe a fim de que o recurso fosse repassado para possibilitar o pagamento de toda a equipe.Neste caso hipotético como estariam fazendo para receber o recurso para pagar aos demais integrantes da equipe se falta o médico na mesma? O município ou o Estado estariam compensando este déficit aumentando a sua contrapartida?Mas, para quê?Para pagar a quem não está trabalhando justamente porque não há médico?Não é estranho?Mas, será que o posto não poderia funcionar sem o médico?Afinal, segundo a avaliação do repórter, provavelmente dotado de alguma formação em medicina ou em enfermagem, fazendo referência ao caso que escolheu para ilustrar sua matéria, o ferimento no dedo da criança seria algo simples, que poderia ter sido resolvido no local, se fosse provido de médico.
 
 
Reparem nos termos da reportagem, in verbis: “Na semana passada, um dos 130 alunos de uma escola machucou o dedo, um ferimento que poderia ser rapidamente tratado do outro lado da rua, em um posto de saúde novinho. Mas a criança foi encaminhada para um hospital porque o posto está fechado por falta de médicos.”.Será que algum enfermeiro, que já estaria contratado segundo a reportagem, não poderia fazer um curativo e resolver o problema rapidamente?Porque o foco é na rapidez e não na qualidade?Rapidez dá uma impressão de uma conotação de superficialidade da ferida, como se não demandasse a necessidade de uma conduta de cunho invasivo ou cirúrgico.Neste caso um enfermeiro poderia fazer, haja vista que não é ato privativo de médicos fazer curativos com as características sugeridas pela reportagem.
 
 
Ah, já sei!O posto de saúde não funciona por obediência ao Decreto 20931 de 1932, ainda vigente, que torna compulsório que todos os estabelecimentos de saúde no Brasil tenham um Diretor Técnico responsável, que, segundo este instrumento legal, somente pode ser um médico.Me engana que eu gosto tanta obediência à lei?Mas, e se assim de fato fosse, ainda que contra todas as possibilidades, não seria improbidade administrativa manter tantos funcionários recebendo salário sem trabalhar?
 
 
 Os casos noticiados do interior do Amapá e de São Paulo, terceira cidade em número de médicos por habitantes do país, são a prova inconteste de que o problema não é a falta de médicos, e sim o subfinanciamento da saúde, que decorre da má gestão dos recursos, que, por sua vez, decorre da corrupção e da incompetência e do critério da bandeira partidária de nomeação dos gestores do país, cujo governo adotou um pacto de mediocridade com sua população, que não mais o aceita.O governo foge da meritocracia como o diabo foge da cruz.
 
 
O que fazer agora que a população reclama os méritos?A população já ganhou as bolsas e a merenda, agora tem sede de crescer e de ser tratada como cidadão de primeira categoria, e não de segunda classe, como o governo sinaliza que quer fazer ao importar médicos estrangeiros.Os médicos estrangeiros irão usurpar o emprego dos jovens brasileiros que anseiam e sonham em ser médicos.Os médicos estrangeiros irão depreciar e nivelar por baixo os médicos brasileiros nas localidades aonde forem mandados a trabalhar.É a lei do mercado apenas.
 
 
Reduz-se de forma simples assim o problema da saúde e ainda fere-se de morte os poucos médicos que ainda teimam em trabalhar em locais sem condições de trabalho e na periferia do Brasil.Se existem médicos estrangeiros dispostos a se escravizar por baixo salário em locais sem nenhuma condição de trabalho por quê razão os gestores e governantes daqueles locais iriam passar a valorizar os médicos que lá se encontram ou a melhorar as condições de trabalho e de atendimento ao povo? Se o problema é falta de médicos, então tome médicos, povo!Tome o Dr. Dipirona, que daqui a 10 anos irá ganhar um salário que não dará sequer para comprar uma dipirona.Daqui a 10 anos somente sobrarão os cubanos, porque o salário dos não cubanos será nivelado por baixo.
 
 
Daqui a 10 anos o caos na saúde será ainda maior, porquanto o problema se resume tão somente à falta de médicos!Esta é a mentira, este é o crime que o governo que aí está, há mais de 10 anos no poder, quer vender à população brasileira neste momento, travestindo-a com um regime de urgência, como se tivesse acabado de acontecer um cataclismo ou uma grande epidemia.Nada disto!
 
 
A única grande epidemia que houve foi a que atingiu os governantes e os seus gestores, que em mais de 10 anos de poder, somente agora foram constatar que o problema resume-se à falta de médicos e que medidas destrambelhadas, ao arrepio da lei e das instituições devem ser tomadas para corrigir o que eles foram incapazes de fazer, de se antecipar (em resumo, de governar) após mais de uma década de inépcia.
 
 
E digo isto para ser bonzinho, eis que em vários lugares já começam a surgir indícios de que o governo possa ter agido deliberadamente para criar o caos como forma de justificar o genocídio à classe média e à população brasileira em nome exclusivamente de sua perpetuação no poder.Ou seja, além de não planejar, gerir, se antecipar, agir, executar para o bem, é possível que alguns gestores e políticos tivessem agido para o mal, da mesma forma como agem (ou deixam de agir) no INSS.Este pessoal precisa responder por estas barbaridades.
 
 
Não é à toa que o ministro Padilha responde por improbidade administrativa por ter, digamos, “esquecido” de usar meros 17 bilhões de reais do orçamento da saúde do ano de 2012, que acabaram sendo devolvidos depois de longo tempo parados no caixa da União.Que luxo, não?Para um país como o Brasil, trata-se de um troco!Talvez um troco para a incompetência e para a corrupção que grassam.Enquanto às vezes eu preciso comprar medicação do meu próprio bolso para o paciente tomar, porque senão vai ficar sentindo dores, o Ministro dá-se ao luxo de deixar de gastar 17 bilhões.
 
 
No único momento da reportagem em que são noticiados dados estatísticos, não há interesse em interpretá-los ou em traduzí-los no que tange ao seu significado e seus componentes no mundo real.Ao passo em que cita as estatísticas de que Brasil tem 1,8 médicos para cada mil habitantes e compara tal número ao de países como a Argentina e os europeus, deixa de dizer qual é o parâmetro internacional preconizado pela OMS, que é de 1,0 médico para cada mil habitantes.
 
 
Por outro lado, uma cifra bruta sem dissecar as partes ou variáveis que a compóem não quer dizer muita coisa, nem mesmo a cifra da OMS, ainda mais em um país tão heterogêneo como o Brasil onde cada região tem seu próprio perfil e condicionantes nosológicos específicos.Dizer que Inglaterra tem 2.6 médicos por mil habitantes e Alemanha tem mais de 03 médicos por mil habitantes não quer dizer, automaticamente, que o coeficiente brasileiro seja baixo e insuficiente.Agora, se alguém tivesse a coragem de dizer que o médico europeu só trabalha 04 horas por dia, atendendo a metade dos pacientes que um brasileiro atende, e ganhando o dobro do seu salário, a coisa mudaria totalmente de figura, não?Pois bem, é exatamente esta a realidade que a frieza dos números não é capaz de mostrar.
 
 
Analisando por este ângulo as coisas mudam um pouco mais de figura, não?O que era menos acaba virando mais.Traduzindo: a hora de trabalho do médico europeu de países desenvolvidos é mais cara do que a do médico brasileiro, porque a sociedade destes países chegou à conclusão de que para ter um atendimento humanizado e de qualidade, o médico precisa, da mesma forma, ter condições de trabalho humanizadas e de qualidade, porque para oferecer saúde e dignidade é preciso, antes, ter saúde e dignidade.
 
 
Como é que um colega médico - como aquele noticiado pela reportagem do Fantástico - que trabalha no interior do Amapá, que tem uma fila de mais de 40 pacientes para atender em poucas horas poderá ter saúde e dignidade e oferecer saúde e dignidade, com atendimento humanizado, se ele próprio é tratado de maneira desumana, exposto à insalubridade e intimado a atender um número de pacientes fora de qualquer possibilidade dentro da razoabilidade dentro dos princípios do bom exercício profissional, incompatível de conciliar a quantidade com a qualidade, até porque não lhe dão as condições de apoio propedêuticas e infraestruturais para tanto?
 
 
Se ele se recusar a atender, o político bota qualquer outro que aceite atender de qualquer jeito.Se não atende rápido, a população reclama.Se atende rápido demais, a população diz: “ o médico nem olhou na minha cara e já foi logo passando a receita “, além de sujeitar-se à denúncias de todo tipo.
 
 
Portanto, saúde humanizada sem médico humanizado não existe e hoje o médico é desumanizado pelo governo, que o boicota, que o sabota, que incita a população contra a sua pessoa, que deposita no médico a culpa e a salvação de todos os males, inclusive os males da falta de gestão e da desorganização da saúde.A saúde está ruim, mas pior do que está pode ficar, se a sociedade nada fizer para dissuadir o governo de tomar esta medida de cunho meramente diversionista, cujo resultado será o aprofundamento do caos.
 
 
O governo sabe qual o único caminho a ser tomado para resolver a questão: valorizar a carreira médica, premiar os bons profissionais meritocraticamente, estimular o aperfeiçoamento profissional, oferecer qualidade e humanidade à população, com o menor risco e a maior eficiência possível.
 
 
Mas, preferiu escolher o caminho que levará o paciente Vida da enfermaria à UTI, preferiu o caminho que tentará ludibriar o povo, expondo-o à tomar um remédio ruim ou um veneno, a ser cobaia, ao invés de investir para cortar o mal pela raiz, para encontrar a cura para o caos e para a libertação.
 
 
Já que a condição absolutamente necessária para a vinda de médicos cubanos é deletar a Constituição Federal no trecho em que enuncia que todos são iguais perante a lei, que não devem existir cidadãos de primeira categoria (atendidos por médicos adstritos a todos os requisitos legais e éticos, sejam brasileiros ou não) e cidadãos de segunda categoria (atendidos por supostos médicos importados ao arrepio da lei e da ética), uma vez que a Carta Magna já esteja reescrita (ou rasgada) podemos lançar, então, um desafio aos políticos que pensam em votar a favor desta tese: que a classe médica e a sociedade brasileira aceitariam esta sabotagem sob a única condição de que todos eles votassem, também, a favor de um projeto de lei que tornaria compulsória a sua inclusão na segunda categoria de cidadãos, impedindo-os de se consultarem com os médicos-dentro-da-lei quando fossem acometidos por qualquer doença ou simples mal estar.Teriam a obrigação legal de consultarem-se a si e a todos os seus parentes de primeiro grau com os médicos-fora-da-lei.Será que topariam a parada?Apostas?Pimentum in culus altrum refrescus est.
 
 
O “Show da Vida” não celebrou a Vida nesta reportagem, definitivamente.
 
 
 
 
 

Um comentário:

Unknown disse...

Para lula e dilma : sirio libanes, para o povo médico que nao fala portugues.