terça-feira, 30 de abril de 2013

ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DA POLÍTICA BIOPSICOSOCIAL NOS SERVIDORES MUNICIPAIS DE SÃO PAULO, 2002 A 2004.

Não é de hoje que o atual DIRSAT pensa a saúde do trabalhador como algo a ser planejado de maneira multifatorial, multidisciplinar, multiarquitetado, multitudo, embalado pela capa do discurso do "ser biopsicosocial" que sempre vem quando alguém está afim de eliminar o médico, e principalmente o poder do ato médico, de determinada função, ainda mais se for uma função estatal.

Entre 2001 e 2005 o Dr. Sérgio teve a oportunidade de implementar as suas teorias do "bom homem" biopsicoomnisociais na Prefeitura de São Paulo, chefiando o Departamento de Saúde do Trabalhador. Sem as amarras legais, um mero decreto (leia aqui) bastou para mudar drasticamente a forma como a prefeitura avaliava a "saúde" de seus funcionários. 

De uma hora para outra, determinados funcionários públicos se viram livres de se submeter a perícia médica para afastamentos de até 7 (sete) dias.

O resultado vemos abaixo:

Em apenas 24 meses, o número de atestados médicos apresentados pelos servidores na rede municipal saltou de 9.010 em 2002 para 105.539 em 2004, um aumento de 1.000%.

Nem uma epidemia de peste negra em São Paulo justificaria tamanho aumento.

O que aconteceu aqui é óbvio, mas precisa ser explicado: Livres das amarras impostas por uma avaliação pericial séria e correta, os funcionários professores municipais começaram a fazer uso abusivo de atestados médicos, emitidos por médicos assistentes, sob a ótica da proteção de seu cliente apenas, para escapar do trabalho o máximo de tempo que era possível.

Os motivos? Diversos. Insatisfação profissional, estresse, violência, falta de tempo para resolver outros compromissos, filho doente, diversos. A diferença é que após 2002 os professores sabiam que não seriam avaliados por peritos médicos.

Mas onde fica a teoria do bom homem, do homem honesto ingênuo e inocente que nunca mente? Essa teoria fica onde sempre esteve: Nos livros de medicina preventiva, sociologia e bobologia em geral.

A vida real não é esse toddynho gelado que o professor da preventiva toma na sala de café não. A vida real é isso ai acima: Bobeou, dançou. Só se surpreende quem saiu da faculdade e trocou o esteto por powerpoint e Hipócrates por Foucalut.

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