domingo, 31 de março de 2013

CRÔNICA DE UM TRISTE PERITO - A REZADEIRA

Minha esposa entra em casa, em seu retorno a consulta a uma rezadeira, muito preocupada comigo.

Na consulta ao ser apresentada pela amiga, foi prontamente questionada.

Não se trata daquele perito mau do INSS do qual as pessoas me trazem o nome todos os dias, para que se rezasse por sua alma.

É uma pessoa má e nega benefícios ao doentes.

Prontamente pensei, posso estar errando, na ideia de pessoas incapazes e sem benefício por minha causa, parei.

Sou tão preocupado com isso, não deve ser, devem ser os incapazes de longa data aos quais nego benefício por incapacidade anterior ao reinicio de contribuição.

Pensando no caso anterior, me entristeci, pensando nos senhores e senhoras idosos, muitos sexagenários incapazes sem renda aos quais tenho de negar por saber que cabe a mim a triste tarefa de estabelecer a data correta de DID e DII e me justifiquei.

A culpa não é minha, a culpa é destes mesmos sexagenários não contribuíram corretamente, pois se assim fizessem já estariam aposentados, porem continuei triste, merda de trabalho.

Após algum tempo durante a conversa após o almoço descobri que a tal rezadeira era a irmã do vereador que se elegeu e reelegeu as custas de fraudar o INSS e logrou êxito nisso com a ajuda de sua irmã.

Me lembrei de uma ocasião anterior onde levei minha sogra a esta mesma rezadeira.

Não entrei e lá fora na saída vi um antigo requerente que teve sua pericia negada.

O mesmo, em perícia, adentrou a pericia histriônico deambulando muito lentamente, dores na menor mobilidade dos membros inferiores, apresentava francos sinais de simulação, casos que me deixam sempre preocupados, pois tenho medo de negar a uma pessoa em sofrimento.

Desta vez o cara andava sem dificuldade entrou no carro e saiu dirigindo.

Pensei cachorro.

Neste momento minha tristeza se transformou em raiva.

Usam momentos de fraqueza para alfinetar em nós pensamentos de duvida sobre nossa capacidade e criar a sensação de incerteza.

Esta história confirma:

Pessoas com sinais de simulação, estão realmente simulando, não tenha medo.

Pessoas com sinais de labor estão mesmo laborando, menos receio ainda.

Tem muita gente interessada em que não se cumpra o papel de perito corretamente.

Não duvide se suas avaliações, mas esse trabalho é mesmo uma merda.

Por D.V.L Perito Médico Previdenciário

3 comentários:

  1. Caracteriza realmente nossa realidade e sentimento...

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  2. A funcionária da APS onde trabalho,me disse outro dia: Dr, fui ao supermercado xxxx ontem e na fila do caixa, vi duas muheres conversando sobre a morte do Dr xxxx e uma delas completou: sabe quem estava com ele na hora que ele morreu? o dr xxxx o perito. A outra sem pestanejar disseda podia ter morrido odr xxxxx( o perito) e o dr xxxx o " de cujus" ter ficado né! no que a outra anuiu com a cabeça. Não me agüentei e perguntei: e porque a senhora queriaque o dr xxxx-o perito- tivesse morrido? ela sem titubear respondeu:" Ah minha filha eu estava encostada e ele me desencostou".... mas não se preocupe não doutor, estou fazendo uma campanha pro senhor na minha igreja....! Vida de perito amigos!

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  3. É uma atividade nobre que muitos peritos não compreendem a grandeza, Fazemos saúde pública, educação pública e justiça social. Desconheço trabalho mais importante. Toda sociedade tem seus vermes e não é destes que vêm as opiniões de valor e credibilidade. Rezadeira irmã de bandido? Que é isso colega?
    A sociedade precisa muito de nós e é nesta importância social, mesmo negada pelo próprio empregador, que devemos nos apegar.

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