O atendimento do INSS
Por Luiz Carlos Amorim
Quinta-feira passada precisei ir ao INSS, pois sou procurador da minha filha que está fazendo mestrado em Lisboa e precisa fazer o recolhimento individual para contagem de tempo para aposentadoria e para estender seu seguro saúde no exterior.
Pois primeiro enfrentamos uma fila para a triagem: conforme o que se precisa fazer, pega-se senhas com letras diferentes e espera-se em outra sala – grande sala – para ser chamado. A princípio, a gente espera meia hora, uma hora e aí já percebemos que as chamadas são muito aleatórias. Números da letra de nossa senha bem superiores aos nossos eram chamados e nós continuávamos a esperar. Muita gente já estava impaciente. Não há nenhuma explicação, na sala, para que se entenda a ordem de chamada para que nos encaminhemos às mesas dos atendentes.
Quando já esperávamos mais de uma hora, uma senhora, que falava com um dos vigilantes que prestam serviço no local, depois de algum tempo de conversa começou a se alterar, a falar alto. Atentamos para o que estava acontecendo e vimos que a senhora estava grávida e que pessoas que chegaram depois dela já tinham sido atendidas e ela continuava esperando. A vigilante que falava com ela não teve paciência e tato para conversar com a segurada e a senhora saiu da sala, pois algumas pessoas sugeriram que ela fosse na recepção falar com a pessoa que lhe dera a senha, pois a senha que ela tinha não era a apropriada. Devia ser uma senha prioritária. Depois de todo o bafafá, soubemos que a nossa letra tinha a mesma sequência, mas algumas eram prioritárias e outras não. Por isso alguns números acima dos nossos eram chamados antes. O problema maior é que só havia uma pessoa para atender a nossa letra. Daí a morosidade.
Aliás, havia quinze baias para atendimento de segurados naquela imensa sala e oito estavam vazias. Por que não há mais atendentes, um número suficiente de funcionários para atender? Já está na hora do poder público tratar os cidadãos segurados como eles merecem, colocando pessoas para trabalhar e atender condignamente os segurados. O governo continua colocando a saúde em último plano, abandonando os segurados do INSS a sua sorte, como se o que buscamos lá fosse um favor, quando na verdade nos pagamos por tudo aquilo que temos direito.
Mas o atendimento que deixou a desejar no caso da senhora grávida ficou pior ainda. A vigilante, ao invés de chamar seu chefe imediato para tentar contornar a situação, dar um atendimento digno sem que a segurada precisasse perder a linha, chamou a polícia. Isso mesmo, ao invés de resolver o problema, agravou ainda mais, chamando a polícia.
Quando a polícia chegou, ficamos todos meio assustados. Mas quando os dois policiais foram falar com a segurada, alguns de nós, também segurados que havíamos presenciado o acontecido, nos aproximamos e emprestamos nossa solidariedade àquela senhora, nos colocando à disposição para testemunhar, se fosse necessário, e esclarecendo que não havia nenhuma necessidade de chamar a polícia, que a situação poderia e deveria ter sido resolvida ali mesmo, com tato e bom senso. Com responsabilidade e humanidade.
A única providência sensata, que na verdade foi iniciativa da segurada, foi conseguir uma senha prioritária, que é o mínimo que deveria ter sido feito desde o início.
Esperemos que a situação tenha servido para que a segurança que presta serviço ali naquela agência do INSS, no centro de Florianópolis, saiba lidar com situações desse tipo com mais tato e sabedoria, e que o INSS coloque pessoas em número suficiente para trabalhar, que nós pagamos para ter esse atendimento. Sabemos que não é só ali, naquela agência que os problemas ocorrem, e cobramos do INSS uma providência.
Uma verdade que precisa ser dita: depois de quase duas horas, quando nossa senha foi chamada, a nossa atendente nos recebeu com a maior simpatia, no atendeu magistralmente, com toda a atenção e presteza. E tenho certeza de que é a maneira dela de atender, não foi um atendimento especial para nós. Pena que não peguei o nome dela, pois gostamos demais do atendimento dela.
Luiz Carlos Amorim é Coordenador do Grupo Literário A ILHA em SC, com 32 anos de atividades e editor das Edições A ILHA, que publicam as revistas Suplemento LIterário A ILHA e Mirandum (Confraria de Quintana), além de mais de 50 livros.
Foi eleito a Personalidade Literária de 2011 pela Academia Catarinense de Letras e Artes e ocupa a cadeira 19 da Academia Sul Brasileira de Letras.
Editor de conteúdo do portal PROSA, POESIA & CIA. e autor de 28 livros de crônicas, contos e poemas, três deles publicados no exterior. Colaborador de revistas e jornais no Brasil e exterior – tem trabalhos publicados na Índia, Rússia, Grécia, Estados Unidos, Portugal, Espanha, Cuba, Argentina, Uruguai, Inglaterra, Espanha, Itália, Cabo Verde e outros, e obras traduzidas para o inglês, espanhol, bengalês, grego, russo, italiano -, além de colaborar com vários portais de informação e cultura na Internet, como Rio Total, Telescópio, Cronópios, Alla de Cuervo, Usina de Letras, etc.
Leia o blog Crônica do Dia, em
Http://luizcarlosamorim.blogspot.com
Publicado em: 13/02/2013
2 comentários:
Postei na íntegra porque é de um realismo impressionante. É exatamente isso o que acontece.
Imagina se o Luiz Carlos Amorim acima fosse ter que esperar para fazer perícia médica... o que ele esperou foi atendimento administrativo.
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