Notícia da semana corrente dá conta de que o governo divulgou com estardalhaço que agora, após mais de 30 anos de pedidos das entidades médicas, fará um "controle" de faculdades médicas no Brasil. Mas não passa de um controle "fake", de "mentirinha". A proposta real é continuar abrindo escolas médicas mas agora escoradas no falso argumento social da falta de doutores em regiões carentes.
O Brasil possuia até 2012 196 cursos médicos. Pelo menos 9 novas faculdades foram abertas somente em 2012, incluindo em Votuporanga, terra de "adoção" do atual prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Pelo menos mais 1615 vagas foram abertas nos cursos de medicina ano passado (615 nessas novas escolas e cerca de 1.000 em já existentes).
O Brasil já possui mais faculdades de medicina que a China (150 escolas; 1,5 bilhão de hab) e os EUA (130; 400 milhões de hab). Só perde para a Índia, com 272 escolas para 1,2 bilhão de habitantes. Somente esses números já mostram o exagero de escolas médicas no Brasil, que tem apenas 200 milhões de hab.
O número de escolas médicas e de médicos formados por habitante não é um marcador de sistema de saúde de qualidade, vide a Rússia, Argentina, Cuba e México que possuem mais médicos por habitante que o Brasil e não são conhecidos por um sistema de saúde universal de qualidade.
O governo trapaça ao dizer que agora vai comandar a abertura de escolas de acordo com o "interesse social" e chega ao ridículo de dizer que "acabou o balcão de negócios" quando é justamente o contrário: o balcão de negócios continua a mil, apenas houve uma mudança de roupagem para abafar críticas cada vez mais contundentes por parte da sociedade e das entidades médicas.
Com o argumento "social", agora fica mais fácil autorizar aberturas a granel de escolas médicas. A pegadinha é dizer que serão abertas em locais onde tem pouco médico. A mera localização de uma faculdade de medicina em nenhuma hipótese aumenta a quantidade de médicos fixos na área em questão.
Temos um exemplo claro aqui: Rondônia. A abertura em massa de escolas médicas lá na última década não se converteu em melhor qualidade do sistema de saúde muito menos no aumento de número de médicos por lá. Eles se formam e depois fogem da péssima estrutura do SUS local, essa sim determinante da fixação de médicos.
Chega a ser uma ofensa ao leitor e ao cidadão o governo dizer que vai controlar abertura de escolas em áreas superlotadas, como São Paulo, e depois fazer a ressalva de que em áreas como Osasco (24km do centro de São Paulo) e Guarulhos (19km do centro de São Paulo) "caberiam algumas escolas".
Isso é um escárnio com a nossa cara. Osasco e Guarulhos são cidades vizinhas a SP e fazem parte da Grande São Paulo. Se falta médico nessas cidades é pela péssima estrutura do sistema público de saúde, salários irrisórios oferecidos e total insegurança física (áreas com grande violência urbana) e jurídica (em sua maioria contratos precários).
A ressalva do governo apenas confirma o que estamos afirmando aqui: O discurso "social" é uma mentira. Só serve para acobertar falcatruas e permitir ao governo continuar sim transformando a abertura de escolas médicas em um grande balcão, agora com a proteção do "tudo pelo social", e continuar sua luta de superlotar o país de médicos para baratear o custo e minar o poder de autonomia da categoria.
É mais uma trapaça do Governo para enganar a mídia e esconder o real objetivo: Subjugar e ter o domínio do ato médico e do profissional médico para manipulá-lo conforme os interesses políticos.
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