Revalida: com 92% reprovados, CFM cobra rigor com 'médicos de fora'
31 de Janeiro de 2013 • 19h07 • atualizado em 01 de Fevereiro de 2013 às 11h15
Dos 884 candidatos inscritos para a edição de 2012 do Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições Estrangeiras (Revalida), apenas 77 terão o direito de exercer a medicina no Brasil. Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), o percentual de aprovação - de 8,71% - é inferior ao verificado na primeira edição do exame, em 2011, quando 9,60% dos candidatos conseguiram a revalidação.
Para o cirurgião Dalvelio Madruga, membro da Comissão de Ensino Médico do Conselho Federal de Medicina (CFM), o resultado "desastroso" mostra a necessidade de fiscalizar com rigor o ingresso de médicos que fazem a graduação fora do País. "Seria leviano em afirmar que todos os médicos formados em países da América Latina não são capacitados, mas, em geral, a formação é muito precária e precisamos primar pela qualidade. Estamos lidando com o bem mais sublime, que é a vida humana", afirma.
Segundo o Inep, dos 77 aprovados, 20 fizeram a graduação em Cuba, 15 na Bolívia, 14 na Argentina, cinco no Peru e na Espanha, quatro na Venezuela, três na Colômbia e Portugal, dois na Itália e no Paraguai e um na Alemanha, França, Uruguai e Polônia. Segundo o presidente do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), Renato Azevedo Júnior, existe um temor sobre a possibilidade de flexibilização ou até mesmo extinção do Revalida por parte governo federal.
"O problema é que há uma pressão, até mesmo por setores do governo, de se colocar médicos em todas as localidades. Mas não é permitindo o ingresso de gente de fora que vamos ter uma melhor distribuição dos médicos no território. Isso só se faz com um plano de carreira atraente", afirma o presidente do Cremesp. Consultado, o Ministério da Educação (MEC) disse que não existe nenhuma informação sobre mudanças no
Revalida em discussão na pasta
Azevedo Júnior ainda afirma que o Revalida não é uma prova excessivamente rigorosa, como afirmam alguns críticos da proposta. Para o presidente do Cremesp, o desempenho ruim é fruto da má qualidade do ensino em países como a Bolívia e Cuba. "O ensino na Bolívia é uma tragédia, não tem aula prática, só teoria, não tem professor suficiente para a enorme quantidade de alunos. Em Cuba também é complicado, primeiro porque a seleção é meio esquisita, parece que pela indicação de políticos. Segundo, a formação é bem diferente da nossa".
O Revalida
Desde a década de 1970, quem se formava em países latinos e caribenhos tinha o diploma automaticamente reconhecido pelo Brasil, que era signatário de um acordo de cooperação acadêmica que valeu até 1999. Contudo, a partir de então a validação passou a ser realizada por universidades públicas, com regras próprias.
Para padronizar a revalidação, o governo institui em 2010 o Revalida, que passou a ser uma alternativa mais uniforme para o processo. Entretanto, o teste é considerado excessivamente rigoroso. A primeira etapa constitui uma prova objetiva, com questões de múltipla escolha, e a segunda fase é composta de uma prova discursiva sobre a clínica médica. Em 2012, a primeira etapa foi aplicada em outubro, e a segunda, em dezembro.
O Inep informou que o participante aprovado no Revalida deverá procurar a universidade pública escolhida no ato da inscrição do exame. Caberá à instituição adotar as providências necessárias à revalidação do diploma.
2 comentários:
Ô Padilha, contrata esses médicos para seus filhos, topa?
http://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2013/02/brasil-quer-contratar-medicos-do-exterior-para-atuarem-na-amazonia.html
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