MATHEUS LEITÃO
BRENO COSTA
DE BRASÍLIA - LINK
Uma nova sindicância do governo federal vai apurar se atos de dois outros integrantes da cúpula da AGU (Advocacia-Geral da União) beneficiaram o esquema investigado pela Polícia Federal na Operação Porto Seguro, deflagrada em novembro.
Serão apuradas as atuações da chefe de gabinete do ministro Luís Inácio Adams, Hebe Teixeira Romano, e do consultor-geral da União, Arnaldo Sampaio Godoy.
Além deles, também estão sob investigação interna atos do procurador federal Mauro Hauschild, que presidiu o INSS até outubro passado.
A Folha apurou que Hebe Romano é suspeita de abastecer a quadrilha com informações internas, repassando documentos usados pelo grupo --que negociava pareceres de órgãos federais para favorecer interesses privados, segundo a PF.
Em relação a Godoy, a suspeita é que auxiliou a produzir pareceres fraudulentos, sabendo dos interesses de Paulo Vieira, ex-diretor da ANA (Agência Nacional de Águas), e, segundo a PF, chefe do suposto esquema.
Godoy admitiu envolvimento na produção de pareceres, mas, à Folha, dias após a operação, declarou ter sido "enganado" pela quadrilha.
Ele é responsável por colaborar com Adams no assessoramento jurídico à presidente da República, produzindo pareceres, informações e demais trabalhos jurídicos.
Hebe e Godoy não estão entre os indiciados pela PF nem na lista de 24 denunciados pelo Ministério Público Federal em dezembro.
Sobre Hauschild, a suspeita é que ele também auxiliou a quadrilha, ainda que não esteja claro como isso ocorreu. Sua mulher era assessora de Paulo Vieira na ANA.
ORIGEM
A nova investigação é resultado de uma primeira sindicância, finalizada com atraso na semana passada.
Nela, o órgão pediu a abertura de processos disciplinares contra outros três servidores: José Weber Holanda, ex-número 2 do órgão, Jefferson Guedes, ex-vice presidente Jurídico dos Correios, e Glauco Alves Moreira, ex-consultor jurídico da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários).
Os três, que em outras ocasiões negaram participação em irregularidades, podem ser demitidos do serviço público no final dos processos.
A Folha teve acesso a trechos da primeira sindicância, que está sob sigilo. Na página 87, em ata da terceira reunião da comissão, de 24 de novembro, a AGU pede "diligências para obtenção das correspondências eletrônicas dos envolvidos", entre eles Hebe, Arnaldo e Mauro. Não há detalhes do pedido.
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