Anteontem teve uma tensa reunião entre a Superintendente Regional do Sul, Sra. Raquel, com os peritos gaúchos que convocada às pressas por e-mail para horário fora do expediente (desrespeitando o direito do servidor com claro intuito de não ter que cancelar agendas) cuja pauta foi um desfile de ameaças aos peritos gaúchos se eles não se comprometessem a fazer 6.700 perícias em 10 dias úteis (670 perícias por dia ou 30,4 perícias por dia/perito) para poupar o INSS de ter que começar a cumprir a ação judicial e pagar benefícios sem perícias.
Começando com o papo mole de que reconhece o "valor" dos médicos e a "falta de atratividade da carreira", abriu logo o jogo e disse que o INSS não quer pagar benefícios sem perícias (apesar de aceitar com naturalidade pagar DCA em PP prorrogadas ao infinito).
Disse que está debruçada sobre o problema que o INSS criou e que a terceirização não é solução aceitável pela administração (claro, tentaram duas vezes e só se ferraram) e que dependem dos peritos para resolverem a questão mas que não aceita o papo da "qualidade" e que se isso fosse alegado pelos pouco mais de 22 peritos da BI Porto Alegre uma série de "punições" ocorreriam, dentre elas:
- Cancelamento de férias dos "valorosos peritos".
- Fim da jornada estendida e retorno da agenda de 18 perícias.
- Ameaças de PAD por fazerem perícia de "qualidade" (Violação direta da decisão judicial do MEP) ao dizer que "ia checar o papo da qualidade".
Prometeu montar uma praça de guerra na BI para "dar conta do recado" e pediu depois disso tudo a ajuda dos peritos. Alternou críticas com elogios, ameaças com promessas, jogando para a platéia que tem "peritos que não fazem 15 perícias" (como se isso fosse uma acusação) e sempre insinuando punições para quem quisesse falar de MEP, numa clara violação de decisão judicial que por si só já mereceria uma apuração. Disse textualmente que o INSS não pode argumentar que foi pego de surpresa pois esta ação "rola" a meses e por não "terem feito o dever de casa" estão nesta "saia justa". Oscilou entre a lamúria e a ameaça velada.
Obviamente ela devia achar que estava falando a uma platéia de bossais, não a peritos, ainda mais os gaúchos
Os peritos contra-atacaram com duras e fundamentadas críticas à administração do INSS. Lembraram o episódio do ex-presidente Hauschild que chamou-os de vagabundos e nenhum PAD foi aberto, lembraram o memorando 42 e seus agendamentos infinitos, a falta de vagas para Porto Alegre nos concursos, o esvaziamento dos quadros (70% do quadro perdido em 24 meses) e demais catástrofes INSSanas e que não iam se sacrificar por um lugar que tratava os médicos desse jeito.
A superintendente tentou justificar o memo 42 como sendo obra da Justiça. Desmentida, culpou o MPF. Desmentida de novo, calou-se. Nada falou sobre os demais itens, calou-se sobre o questionamento de não haver vagas de concursos para Porto Alegre e disse apenas que precisaria de 47 (quarenta e sete) peritos para resolver o problema de forma definitiva mas não os tem e ai pediu aos 20 peritos que assistiam que fizessem o trabalho deles e desses 47 faltosos. Disse que "faltava um modelo definido de perícias" e que em cada lugar era diferente como se fossem os peritos, e não eles, que fizessem tudo conforme dá na cachola.
Após ver que as ameaças não surtiram efeito, ameaçou os peritos dizendo que se eles não resolvesse o problema que o INSS criou a "carreira iria acabar" pois o Judiciário iria assumir tudo e não precisaria mais de peritos.
Após risadas, os peritos responderam que a carreira já é um lixo e que se ela acabasse seria uma benção, que a ameaça dela dos peritos irem pro judiciário na verdade era uma esperança. Depois lembraram à Superintendente que a Justiça não mandou acabar com a perícia, e sim mandou pagar ATÉ fazer a perícia, ou seja, reforçou a necessidade da carreira. A ameaça foi um fiasco.
Mas o que mais chamou a atenção nesta reunião foi a liberdade com a qual ela expôs sua opinião sobre médicos, perícias e tipos de cidadãos.
Ao ser confrontada com a diferença de exigências entre o segurado comum do INSS e o servidor no SIASS, ela disse segundo relatos: "Ah, mas ai é perícia de servidor. Perícia de servidor é diferente!".
Para tentar "quebrar" a postura dos peritos gaúchos, falou em nome dos peritos curitibanos. Teve a ousadia de dizer que os "peritos de Curitiba teriam dito a ela" que "fizeram concurso para perito médico e não médico assistente, que a perícia não precisa ser tão demorada e tão detalhada assim". Falou assim mesmo para uma platéia perplexa, que ficou se perguntando se é por isso que Curitiba apresenta filas até 3 vezes maiores que as de Porto Alegre.
Claro, não disse o nome de quem teria proferido tal insanidade (INSSanidade). Este blog conhece vários peritos de Curitiba e podemos afirmar que dificilmente isso foi dito por algum deles em alguma reunião com a SR-3. Cabe à superintendente Raquel dizer quem que disse tal frase.
A superintendente deixou a nítida impressão, por sua fala, que para ela existem cidadãos de primeira classe e de segunda classe. Os de primeira classe, ou com pedigree, precisam de perícias bem apuradas, autônomas e com muito rigor (servidores). Os de segunda classe, ou vira-latas, não precisam de nada disso. Basta fazer tudo rapidinho, joga uma salsicha pro alto e chama o próximo (segurados). Foi esta a impressão que tivemos ao ler os relatos de Porto Alegre.
O preconceito, a falta de conceitos, a falta de noção e o pleno desconhecimento da superintendente sobre o tema de perícias médicas e benefícios por incapacidade demonstrados nesta reunião mostram a todos porque o INSS chegou no fundo do poço.
Ao passar a impressão de que o cidadão honrado que recolhe o INSS mensalmente deve ser tratado de qualquer jeito, descobrimos que esse poço tem um porão e nesse porão se encontra a gestão do INSS no Sul.
O que ainda salva por lá é a presença de um Gerente Médico. Essa é a única esperança de resolver a situação Mas com uma superintendente assim a tarefa será hercúlea. De fato, Brasília que se prepare pois serão muitos cheques a serem assinados em breve.
Foi uma patetada do início ao fim. Se o objetivo era assustar os peritos, sugiro à SR-3 que da próxima vez se inspire em "Poltergeist" e não em "Scary Movie".
4 comentários:
Situação medonha.
Com certeza rolou o maior quebra-pau entre ela e o gerente de Porto Alegre, pois a função de solicitar "mais empenho" dos peritos era do gerente local, não da superintendente.
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Como a própria superintendente foi falar com os peritos, suponho que o gerente tenha se negado a fazê-lo.
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E a autoridade dela, como está nestas horas?
Fica oportuno lembrar que todas as funções comissionadas e prestadores de serviço no serviço público e, sim, alguns mandatos eletivos são do RGPS, ou seja, não existe isso de perícia diferente quando o assunto é INCAPACIDADE.
Parabéns aos peritos do RS!!!!!
Pode ter certeza que por aqui teríamos a mesma conduta!
Abs!
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