sábado, 1 de dezembro de 2012

TERCEIRIZAÇÃO PARTE 2 - QUANDO A GESTÃO É RUIM, MAIS MÉDICOS SÓ PIORAM O PROBLEMA

Não adianta querer culpar meramente a falta de médicos (sem combater a causa da falta desses médicos) e achar que apenas colocar mais médicos irá resolver o problema. 

Se a gestão do processo é ruim, mais funcionários só amplificará o problema.

Exemplo 01: Em 2001 o INSS só tinha 2100 peritos próprios e algumas centenas de credenciados e sofria com filas para 90 dias e mantinha 900.000 benefícios por incapacidade ativos, gastando R$ 2 bilhões/ano com eles. Quando terceirizou a atividade, dobrou a quantidade de médicos totais às custas de forte credenciamento. Ao invés de resolver o problema, ele se multiplicou: Em apenas 2 anos, a fila foi para 180 dias (dobrou), o número de benefícios em manutenção disparou para 2,3 milhões (quase 300% de aumento) e o gasto explodiu para 13 bilhões/ano (650% de aumento).

Exemplo 02: Em 2010 o INSS fez tabelinha com o MPF para boicotar o Movimento pela Excelência e a greve de 2010, conseguindo na Justiça (usando o MPF) uma absurda liminar onde o Juiz de primeira instância MUDAVA uma Lei Federal sem ter direito a tal. Com esse pretexto, tivemos uma nova onda de terceirizações que durou de setembro de 2010 a abril de 2011. Com gastos superiores a R$ 200 milhões para pagar a esses terceirizados, nesses 7 meses o TMEA-PM subiu de 20 para 22 dias, o TMC ficou igual e o número de benefícios represados ficou igual. Em muitos lugares, sequer encontraram médicos dispostos a se credenciar. A liminar caiu por perda de objeto e mais um fracasso gerencial com gasto absurdo foi experimentado pelo INSS.

Exemplo 03: Em 2012 o INSS inventou um "Plano de Emergência" chamado por nós de "Plano para Salvar a Cabeça do Hauschild". Em algumas gerências do Centro-Oeste peritos foram coagidos por chefetes a "aceitarem" ir para Rondônia para ajudar nas perícias pois a fila lá estava para muito longe. Ao chegarem às cidades contempladas, a notícia de que havia perito novamente se espalhou e uma grande massa de desempregados que já havia até desistido de procurar o INSS resolveu correr às APS e marcar uma "pericinha". O resultado é que ao invés de ajudar a diminuir a fila, a presença dos peritos de outras gerências  fez com que a fila explodisse de vez, já rompendo 2013 em várias cidades. O plano não deu certo e a cabeça do ex-presidente foi decepada pela Presidente. 


Nesses três casos o problema foi o mesmo: tentar resolver uma situação gerencial complexa e multifatorial apenas colocando mais "peões" no chão da fábrica, seja terceirizando, credenciando ou trazendo de outros locais. A ausência de um diagnóstico correto da situação e portanto a incapacidade de gerar um plano terapêutico adequado associado à visão simplista de tentar resolver tudo da maneira fordista, ou seja, mais funcionários na linha de produção, fez o INSS experimentar 03 fracassos retumbantes.

Não resolveu o problema, gastou os tubos e em todos os casos acima foram vistos sequelas no atendimento que perduram até hoje.

Trabalho ruim, trabalho mal executado gera retrabalho. O acúmulo de retrabalho tratado com mais trabalho ruim exponencia o acúmulo prévio. É isso que explica porque nos três casos acima, mais médicos só pioraram os números.

Os peritos médicos são profissionais altamente qualificados que levam anos para aprenderem toda a arte do ofício e respondem por 70% de toda a demanda do INSS ou 1,5% do PIB nacional. Enquanto o INSS continuar a tratar médico como peão de fábrica e não valorizar o médico concursado e treinado achando que "qualquer médico" poderá fazer o mesmo trabalho, só experimentará fracasso sobre fracasso.

E a cada fracasso a cadeira elétrica instalada no gabinete presidencial inssano será ligada pelo Planalto, que, pelo visto, adora uma fritada.

2 comentários:

Snowden disse...

Quero mais é que terceirize pro rombo aumentar! Dentro de 3 anos com o Modelo Coreano teremos pelo menos 100% de aumento dos gastos com pagamentos de benefícios! Né não Mestre Lindolfo?! To com o Senhor, terceirize e mostre a que veio!

Airton Jr. disse...

Enquanto tiverem presidentes da INSSanidade indicados politicamente [mesmo tendo "perfil técnico"], que ouvem quem não deviam ouvir [certos secretários executivos e diretores de benefício], que tomam medidas imediatistas e tapa-buracos, o "problema" da pericia médica continuará...
Podem terceirizar o quanto quiserem... só vai aumentar o rombo e as filas vão continuar... aí, como diz o colega aldofranklin, eu quero ver a vara de jacarandá entrar bonito e a frigideira ser ligada, de novo...