Peço licença aos leitores para, pessoalmente, saudar o grande deputado Sérgio Miranda, falecido hoje, aos 65 anos de idade em Brasília. Se há poucos que se salvam entre os parlamentares, o Sérgio é um destes. Íntegro e idealista, qualidades raras, foi um dos que ficou "sem chão" quando o PCdoB, partido no qual era a maior expressão, aderiu às "necessidades de governo". Lembro-me de ter ouvido de um deputado (hoje senador) do partidão a resposta a uma pergunta direta da perita Ana Facci sobre como fica a dignidade (referindo-se à postura do partido na reforma da Previdência, em 2003) responder que "quando se é governo, se deixa de lado a dignidade". Não foi o que fez Sérgio Miranda, que deixou o PCdoB e ficou sem identidade no PDT. Não se reelegeu.
A homenagem especial ao Sérgio é por ter sido o representante da oposição (enquanto Dep Rafael Guerra-PSDB representava o Governo FHC) em um debate que provoquei no Ministério Público do Trabalho em BH, ano de 2002, para debater a perícia médica do INSS em movimentações que culminaram com a organização classista e revogação da terceirização 2 anos depois. Agradeço ao Sérgio a sua contribuição histórica para a Previdência Social Pública.
2 comentários:
São os heróis ocultos que ficam pelo caminho atropelados pelo rolo compressor governista, seja ele qual for.
Esse senador pelo PCdoB, que sei que é, só estava lheadiantando na época, EH, o que viria a ser descobertto anos depois, sobre perder a dignidade no governo.
E fica a pergunta: Precisa ser assim?
São as pequenas sementes lançadas por homens de bem que geraram um fruto enorme, que está sob intenso ataque hoje em dia inclusive daquela que já foi sua árvore de sustentação, que anda meio degenerada, mas tudo isso tem suas histórias de embriogênese contadas por homens de bem que, se ausentes, poderíamos ter uma história diferente todos nós.
Se o deputado tivesse resolvido "faltar" ou "ter coisa mais importante a fazer" nesse dia em BH, quem sabe o que teria ocorrido?
Muito obrigado, deputado. Vejo que até mesmo o PCdoB, do qual o senhor abriu mão rompido, o homenageia hoje. Isso definitivamente não é para todos.
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