Médicos em Manaus batizam de ‘atestadite’ velha desculpa para faltar trabalho na segunda-feira
De acordo com profissionais da área médica, ambulatórios de hospitais superlotam no início da semana com centenas à procura de atestado para justificar 'indisposição' e falta no trabalho
Manaus, 18 de Novembro de 2012EVELYN SOUZA
Hospitais e prontos socorros ficam superlotados após o fim de semana; centenas buscam atestados médicos (Winnetou Almeida)
Médicos de hospitais públicos e particulares em Manaus batizaram de 'atestadite' a "doença" que vem levando cada vez mais centenas de pessoas, especialmente às segundas-feiras, a ambulatórios, prontos socorros e consultórios médicos, à procura de atestados que justifiquem 'indisposições' e a ausência no trabalho.
De acordo com um clínico geral que trabalha na emergência de hospitais particulares, esse hábito é mais comum do que se imagina. Para ele, os excessos a que muitos se submetem nos fins de semana, e a consequente desculpa para a falta ao trabalho em seguida, está se tornando um "caso de saúde pública".
As desculpas para se conseguir um atestado médico estão ficando cada vez mais "descaradas e criativas", segundo o clínico geral. O médico contou sobre um caso curioso que chegou até ele.
"Uma mulher chegou comigo uma vez e disse que, 'do nada', começou a ter uma 'cuspideira'. Eu perguntei: 'o que é cuspideira?'. Ela respondeu que tinha começado a cuspir muito de uma hora pra outra e, por isso, não poderia trabalhar", comentou o médico, que prefere não ser identificado por prestar consultas particulares.
Ele ainda cita as dores musculares freqüentes após os fins de semana. "Na segunda-feira a gente recebe de tudo, mas, principalmente, casos de supostas doenças osteomusculares (nos ossos e nos músculos). As pessoas chegam reclamando de dor no corpo e dizem que é por excesso de trabalho, a famosa LER (lesão por esforço repetitivo)", disse.
Pacientes com casos curiosos e caras de pau também são frenquentes não só nas emergências de hospitais particulares, como também nos Serviços de Pronto Atendimento (SPA) e nos Hospitais e Pronto-Socorros 28 de Agosto e João Lúcio.
Especialista em cardiologia clínica e médico do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Carlos Feitoza, relatou que, por conta da superlotação numa segunda-feira, em um SPA da cidade, uma idosa de 70 anos morreu na fila, esperando atendimento.
"Segunda e terça-feira são os dias mais cheios. Uma senhora de 70 anos certa vez estava aguardando na fila esperando atendimento e o SPA estava tão lotado - por conta dessas pessoas que chegam na urgência só para sair de lá com atestado médico na mão - que a senhora teve um infarto e morreu na fila".
Carlos Feitoza disse ainda que, na maioria das vezes, as pessoas são 'caras de pau' e dizem que precisam apenas de um atestado médico "e não aceitam tomar medicação".
"Muitas pessoas chegam aos pronto-socorros dizendo que estão ali por conta da bebedeira do fim de semana. Os casos mais comuns são de dor de cabeça e diarréia", afirmou o clínico geral, lembrando que o excesso de álcool causa desidratação.
Prejuízos
Os médicos são unânimes em dizer que o fato das pessoas lotarem as emergências e os pronto-socorros nas segundas e terças-feiras atrapalha o atendimento de quem realmente precisa.
Muitas vezes os pacientes chegam a ser agressivos com os profissionais da saúde, de acordo com Carlos Feitoza. Ele disse que os médicos estão apelando para que a segurança pública do Estado coloque policiais nos hospitais e pronto-socorros.
"Para poder resguardar a integridade física dos médicos e também dos pacientes que estão ali, a gente pede que reforcem a segurança. Existem pacientes que realmente precisam de atendimento e as pessoas que vão para lá com desculpas chegam cheias de razão e prejudicam o atendimento aos outros pacientes".
Assunto tabu que está mais que na hora de ser abordado em tempos onde os gestores cobram publicamente os médicos por resultados e metas.
ResponderExcluirO que fazer com os 80% de demanda em PS que não possuem nenhum problema de saúde grave, exceto o desejo de matar ao trabalho ou justificar a "matada prévia"?
Ou vocês acham por qual motivo que os PS explodem nas segundas, sextas e retorno de feriadões?
É o mesmo motivo pelo qual os mesmos PS ficam desertos em jogos do Brasil, Natal e Ano Novo.
Já tive a oportunidade de trabalhar em vários tipos de PS. Esse foi um dos motivos pelo qual não trabalho mais: Bater boca com vagal que inventa sintomas e doenças fictícias para justificar a cervejada do final de semana ou a viagem à praia ou uma mera vontade de faltar ao compromisso trabalhista, escolar e até mesmo judicial (sim, já peguei isso tb). Isso desgasta e frustra e prejudica o real doente.
ResponderExcluirAinda bem que no INSS isso não ocorre e as pessoas que procuram a perícia realmente só querem se afastar por doença para poder voltar ao trabalho e.... oh wait!!!
PA de postinho público: 95% de procura por receitas e atestados, ameaça de quebra quebra, se vc atender direito chamam a polícia pela "demora" e se você atender de soslaio para correr a fila chamam a polícia por "erro médico".
ResponderExcluirPS Hospital Público padrão = 80% da procura é para atestado, você é ameaçado com faca, soco e arma de fogo para dar o atestado.
PS Hospital público chique (OSS, Universitário, "de ponta"): 80% de procura para atestado, porém com menos violência.
PS Hospital partica: 90% de procura por atestado, a ameaça é na base da carteirada e vem tanto do cliente como do "chefe do plantão" que demite quem não atesta tudo.
Desses atestados, nos serviços públicos 40% é para empresa e escola e 60% é para INSS.
No serviço privado 80% é para empresa e 20% INSS/Escola.
Entenderam o drama?
A Dra. Maria Maeno não acredita em segurados "agressivos" e que trabalhadores, pobres vitimas do sistema, gostariam de ganhar sem trabalhar. Na teoria um trabalhador jamais queria ficar doente, jamais agrediria para querer um atestado, na realidade é o contrário. Temos um estado baba que apenas cede direitos sem cobrar responsabilidades. A falta de punição infelizmente estimula a medicina degenerada onde o Doutor dá o atestado apenas para "se livrar" e "não arrumar confusão". Adoraria vê-la comentar esta noticia. Eu só considero opinião de quem trabalha no filtro, na guerra, no batente, e não em teorias milaborantes de justica social. Ou se protege o Perito ou teremos uma sociedade caótica, pervertida onde reina a lei do mais esperto.
ResponderExcluirAfinal, a noticia é fato ou exagero?
Não acredita pois nunca pousou o esteto em ninguém depois que se formou.
ResponderExcluirUm mês de PS da Santa Casa de SP e a Dra.Maeno iria ter um choque de realidade tão grande que precisaria de um psicanalista para resolver os graves abalos que sua fé iria sofrer ao descobrir que atrás de um GT e de uma sala com ar condicionado e computador existe a má fé e a esperteza humana e negar isso é em si negar a própria humanidade.
Essa visão fantasiosa de "humanismo" que os teóricos desenvolvem, como se humano fosse ser sinônimo de placidez, bondade e beneficente, está por trás de toda a base do Estado Babá de hoje em dia.
Rousseau e seus seguidores são culpados disso. O "homem bom" era só um pretexto para encobrir o próprio mau caráter que foi, ao ponto de largar seus filhos com sua amante eum um orfanato para poder curtir a vida em Paris.
A justificativa que ele encontrou para aplacar sua própria culpa contaminou como doença os pensadores subsequentes, de tão boa que era. E No século XVIII fundou as bases do Estado Babá.
so fornecer DECLARAÇÃO DE COMPARECIMENTO E PONTO FINAL
ResponderExcluirOs livros de medicina legal descrevem os tipos de Simulacao, sim há quem estude. Os principais tipos SAO a parassimulacao (quando o segurado descreve sintomas completamente incompativeis com a doença, por exemplo, dor de ouvido por hérnia lombar), a metassimulaçao (quando o indivíduo exagera, exacerba, maximiza um doença que realmente existe), dissimulacao (quando o indivíduo nega o que se constata no exame) e a pré-simulação.
ResponderExcluirA pré-simulação é o conjunto de medidas que o simulador providencia para trapacear. Comumente na perícia medica existem comparecimentos a PS na véspera da perícia a fim de impressionar. Não raramente até internamentos. Outro dia tivemos um caso em que o sujeito psiquiátrico se internava por 3 dias na semana anterior da perícia. Na quinta perícia investigamos e provamos no contato com o assistente. Ainda existem os que tomam os seus medicamentos excessivamente ou se abstêm de tomá-los nos dias que antecedem a perícia para causar mais impacto na avaliação pericial.
Na pratica, estatística nacional, de 35% a 55% dos segurados em todo Brasil mentem para os peritos por ganho secundários. É sem duvida uma atividade que requer muita atenção e inteligência.
Hoje atendi segurada que queimava suas próprias pernas pelo beneficio. Diagnostico dado por 2 laudos psiquiátricos e seu dermatologista em resposta a perícia medica uma vez que tinha 5 anos de beneficio sem qualquer melhora.
A sociedade infelizmente não tem interesse por este
trabalho. Mas vamos indo contra a maré.
Trabalhei por 20 anos em PS, 48 horas, tres a quatro fins de semana - sabados e domingos - todos os meses, em servico dedicado ao atendimento publico. Assino em baixo de qualquer historia, por mais absurda que seja, contada por colegas que literalmente enfrentam a guerra nestas linhas de frente que sao os pronto-socorros neste pais. Nao eh todo povo, nem qualquer um do povo, mas tem povo demais sem a menor nocao e, pior, sem a menor educacao para fazer uso correto ou inclusive ateh educado dos servicos publicos de saude. Tive muitos pacientes corretos e sinceros, mas lamento profundamente por aqueles que significam o atraso cultural e tempos medievais que nos obrigam a viver nos tempos atuais. Tenho pena dos futuros colegas que hoje cursam a Medicina embalados por ideais que viverao pisoteados e frustrados sem ainda o saberem...
ResponderExcluirHeltron Xavier, uma pessoa que se queima não é considerada doente? Pessoas com borderline se auto mutilam, é comprovado que sofrem de distúrbio psiquiátrico.
ResponderExcluirArt. 299 do Código Penal:
ResponderExcluir-Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa
ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante.
Pena - reclusão, de 1 a 5 anos, e multa, se o documento é público,
e reclusão de 1 a 3 anos, e multa, se o documento é particular.