segunda-feira, 8 de outubro de 2012

PERITO.MED ELEIÇÕES 2014 - ANÁLISE.

As eleições em primeiro turno para prefeito e vereadores ontem desenharam como será 2014. Como toda análise política, está sujeita às intempéries da economia, saúde e fluxos sociais inesperados e futuros escândalos ainda não revelados, porém se mantidas as condições atuais de economia, saúde e sociedade, veremos os seguintes cenários:

1) PRESIDÊNCIA:

Se a economia se mantiver estável nos próximos 2 anos a Presidente Dilma não enfrentará resistência em seu projeto de reeleição. A tão propagada idéia de que Lula sairia candidato só ocorreria num improvável cenário de impopularidade da Presidente, que pelo visto não existirá. Para Lula será reservada outra missão, mais difícil que a tentativa de reeleição de Dilma.

Por outro lado o PSB surge como força intermediária e independente ao impor uma derrota histórica ao PT em Pernambuco e em Minas Gerais e ser o partido que mais cresceu em prefeituras nessas eleições. Inclusive em Belo Horizonte existe um projeto vitorioso de articulação com o PSDB que também se tentou em Curitiba, mas nesta capital sofreram uma derrota importante com a não ida do atual prefeito (que já foi tema deste blog) para o segundo turno, o que mostra que essa força nova ainda tem limitações.

Vendo o plano do PSB em se distanciar do PT, por estar ganhando corpo , por já não ter grande participação no Governo Dilma e principalmente se Fernando Haddad perder em São Paulo (onde PT e PSB são coligados), tudo ruma para um rompimento lento e gradual do PSB da base governista.

O atual governador de Pernambuco, Eduardo Campos, quer se lançar à presidência mas seu partido não tem cacife pra isso ainda e seu nome ainda não tem envergadura no Sul. Se continuar à sombra do PT não terá nunca essa chance. Se o projeto paulista não vingar, será mais fácil o descolamento e uma provável união de PSDB e PSB para formar uma chapa para 2014, com Aécio Neves na cabeça e Eduardo Campos como vice. Sudeste e Nordeste, a fórmula que deu certo com FHC.

O DEM ruma pra extinção e se ACM Neto não der certo em Salvador praticamente terá seu fim decretado. Se ganhar, poderá ter uma sobrevida. O espólio do DEM será dividido entre PSD (Kassab), PSDB, PMDB e alguns partidos mais fisiológicos (PTB, PR, PRB etc). O PDT deve ficar com o PT no final das contas e o PPS, que deu uma guinada pra direita na última década, manterá aliança com os tucanos. O PC do B não cresceu e continuará a ser um satélite do PT.

Por falar em PSD, ele surge como quarta força mas nitidamente se apresenta como uma legenda "chapa branca", querendo ser no futuro o que o PMDB é agora: ficar sempre no poder. A se confirmar a chapa Aécio-Campos  não deve se coligar, mantendo os pés nas duas chapas. Dilma continuará a ter o forte apoio do PMDB e deve repetir a chapa Dilma-Temer. O governador do Rio, Sérgio Cabral, sonhou ocupar essa vaga mas as fotos do Blog do Garotinho acabaram com a sua chance.

Então em 2014 teremos Dilma-Temer (PT, PMDB, PDT + fisiológicos) x Aécio-Campos (PSDB-PSB-PSD**-PPS-DEM*+fisiológicos)
* se ainda existir. ** talvez não se colige nacionalmente.

2) GOVERNADORES: 

É em São Paulo que ocorrerá o embate que irá ofuscar à disputa pela presidência. Já definido que Dilma disputará a presidência e principalmente se Fernando Haddad ganhar em São Paulo, mas não excluso se ele perder, é certo que o PT usará a maior de suas cartas para tentar conseguir a sua obsessão de tirar o PSDB do Governo paulista, onde estão desde 1994. Sabidamente com a idéia de "varrer a oposição" do Brasil, o PT lançará Lula para o Governo de São Paulo.

Isso também definirá o destino de Aécio e Alckmin, o único atualmente que poderia rivalizar com o mineiro pela chapa presidencial tucana. Enquanto Aécio é apenas Senador da República e vem embalado pela derrota que impôs à Dilma em MG, Alckmin tem a máquina paulista na mão, vital para o PSDB continuar vivo. Além do mais, pesquisas internas dão conta de que ele perderia para Dilma na maioria das prefeituras paulistanas, mas seria quase imbatível para uma reeleição.

Soma-se a isso o sufoco que Serra vem passando na capital paulista por conta principalmente dos seus sucessivos abandonos de mandato para tentar a presidência. Alckmin já fez isso em 2006 e perdeu e teve dificuldades 2 anos depois quando sequer foi para o segundo turno municipal.

E se Lula for seu adversário, o PSDB não poderá permitir que novamente esse tema do abandono de cargo venha à tona. A única maneira de derrotar Lula será mantendo Alckmin e toda a máquina funcionando a seu favor. Logo, em São Paulo teremos Alckmin x Lula. O bicho vai comer solto, briga de foice no escuro. Obviamente esse projeto está condicionado à saúde do petista, mas se nada mudar até lá, é isso.

No Rio de Janeiro haverá também uma grande mudança, mas dessa vez desfavorável ao Governo. A atual reeleição de Paes não conta, pois ele disputou sozinho e ganhou por W.O. já que o seu rival não fez uma campanha de verdade. Marcelo Freixo estava na verdade firmando seu nome para Federal em 2014. Já pode se considerar na Câmara dos Deputados pois cumpriu seu objetivo com louvor. E o fracasso da dupla Maia Filho/Garotinha mostra que na capital esses antigos caciques possuem ampla rejeição. César Maia se elegeu vereador após perder eleições para Governador e Senador e é o máximo que conseguirá doravante.

Por outro lado, no interior o Garotinho mostrou uma força enorme, venceu Cabral na maioria dos municípios mesmo com o TRE-RJ descaradamente ajudando Cabral (vide caso Nova Iguaçú) e desponta como candidato e grande favorito ao Governo do Rio em 2014. No Rio tanto PT como PSDB são nanicos e nunca fizeram questão de ser grandes. No Rio, a política ainda orbita em torno de Brizola e seus alunos. Todos os listados aqui, muito ou pouco, já beberam do leite brizolista. 

O atual governador, Sérgio Cabral, é o mais prejudicado politicamente. Não conseguiu emplacar seu projeto presidencial em 2014, ficou desmoralizado com o escândalo de Cachoeira e suas viagens em Paris e perdeu terreno no Estado. Só tem força na capital, mais por falta de opção que por méritos. Sem poder se re-reeleger e sem vaga em Brasília, provavelmente renunciará para tentar voltar ao Senado, de onde saiu para governar o Rio em 2006. O vice de Cabral não tem o menor apelo político para ser lançado seu sucessor, vai só tapar buraco.

Com isso o PMDB fica acéfalo no Rio e surge a chance do PT inverter a coalizão e, embalado por Dilma e Lula, tentar o Governo do Rio novamente, que por curto período ficou em suas mãos quando Garotinho saiu em 2002 para disputar a presidência. O nome eles já tem: Lindberg Farias, atual senador e ex-cara pintada e que renunciou à disputa dois anos atrás para apoiar Cabral. O PSDB continuará sem nome no Rio e tenderá a apoiar Garotinho, que talvez tenha que sair do PR e voltar ao PSB nesse movimento de alianças nacionais, compondo assim uma chapa PSB-PSDB como a que se prevê em Brasília. Mas nada espantará se ficar no PR e ser contra o candidato petista mesmo PR e PT sendo aliados federais.

O maior desafio de Garotinho será reduzir a rejeição na capital e bloquear os amigos de Cabral nos bastidores. Para isso não tenho dúvidas que terá larga ajuda das igrejas evangélicas.

Logo, no Rio veremos Garotinho x Lindberg. A vitória do Garotinho, se ocorrer, deixará o Rio novamente longe do plano federal em plena Olimpíada-16. Se Lindberg ganhar, se cacifa para Presidência no futuro.

Por falar em igreja, Russomano repetiu em São Paulo o erro de FHC em 1985. Já se achando eleito (e estava até 72h antes da eleição) abriu mão do debate, ficou arrogante, não corrigiu erros do programa (fraco) de governo e não enfrentou as críticas, deixando uma avenida aberta para ataques, que o fulminaram. A hemorragia foi últimos dias foi fatal e talvez irrecuperável. Russomano perdeu sua grande chance e dificilmente repetirá tal desempenho em São Paulo. Mas para federal já está garantido.

Nos outros Estados não deveremos ver grandes mudanças, pelo menos no Sul-Sudeste, a depender da postura do PSB, que é forte nessa região e poderá limar o PT de alguns estados.

O impacto do mensalão foi próximo a zero e a eleição de 2014 começa agora no segundo turno de SP: Serra x Haddad.

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