A absolvição da (quase) assassina de Santos nos leva a ter que perguntar para a sociedade brasileira: É permitido matar e tentar matar peritos neste país?
Por que não se legaliza logo o assassinato de peritos no Código Penal? Assim pelo menos o Brasil jogaria mais limpo com os médicos que queiram se candidatar a este emprego e economizaria tempo e dinheiro do sistema judiciário, que não seria obrigado a fazer cenas patéticas como as que vimos ontem em Santos.
A acusada era ré confessa, flagrada no ato ao tentar assassinar um perito em Santos em 2007, com diversas facadas desferidas contra a vítima, perito médico que saiu do INSS após o evento e mudou de cidade e carrega seqüelas até hoje desse evento.
Óbvio, num país "Estado Babá" onde o poder trata os cidadãos como bebês mimados que devem ser inocentados de qualquer culpa, a cidadã e seu advogado utilizaram a clássica desculpa do "viés psiquiátrico". A ré é inimputável, disse o advogado de defesa. Está certo, fez o seu trabalho. Apesar da mesma Justiça já ter rejeitado esse argumento anteriormente (por isso foi ao Juri Popular), ele alegou isso de novo e estranhamente o Juiz do caso aceitou que ele usasse essa tese.
Inaceitável porém foi a postura do promotor. Ao aceitar um juri com seis mulheres e apenas um homem para julgar o caso, ele já indicou a postura que tomaria. Apesar de cumprir o seu "papel", aceitou passivamente as contra-argumentações e não o vimos rebater coisas que são óbvias até mesmo a leigos, como por exemplo:
1) Como que a ré se declara psicótica e inimputável com grave doença mental e ao mesmo tempo profere um discurso articulado, argumentativo, bem organizado e lógico criticando o INSS e o sistema de perícias?
2) Como que uma ré psicótica, que não é capaz de entender a ilicitude de seus atos, consegue falar frases como: "No INSS você é humilhada por pedir o que tem direito. Pedir esmola na rua é menos humilhante. O problema psiquiátrico é complicado, porque não sangra. " Como uma inimputável tem um discurso desses?
3) Se a perita anterior disse em plenário que ela era "gravíssima", porque não a aposentou?
3) Se a perita anterior disse em plenário que ela era "gravíssima", porque não a aposentou?
A parte mais risível foi quando ela tentou justificar andar com uma faca de cozinha na bolsa para todos os lugares que ia, como se isso fosse normal. Disse que até pra comer pastel usa faca. Comer pastel, frutas e esfaquear peritos, pelo visto.
No fim, o "grande teatro" decidiu pela inimputabilidade da ré, tese que já havia sido rejeitada antes pela Justiça, que ordenou o tribunal de Juri. Agora a "inimputável" que come pastel com faca mas sabe criticar o INSS e a as ações regressivas que vem sofrendo, vai se "tratar" num hospital psiquiátrico. Aposto que em meses algum médico vai dizer que ela não tem nada de psicose e vai dar alta. Aliás, ela estava com faca dentro do tribunal? Claro que não, o Juiz é doido de querer ser esfaqueado?
Sem alternativa, com tudo a favor da ré, até mesmo depoimentos da perita que deu afastamentos (óbvio, não ia ser no tribunal que ela ia falar o contrário pois iria sobrar pra ela depois), a impunidade mais uma vez deu as caras nesse país, travestida de Justiça Social. E nesse ponto vai uma crítica aos próprios colegas, que devem ser mais zelosos em alguns casos, pois muitas vezes perícias não muito "detalhadas" podem gerar monstros como esse caso. O perito é o lobo do próprio perito em muitos casos.
Só não entendi uma coisa do depoimento da colega: Se a segurada era tão "grave e psicótica" assim, porque não estava aposentada por invalidez? Bom, certamente haverá uma resposta, creio.
Se a "grave" segurada estivesse aposentada, não teria que ter voltado ao posto (APS) e provavelmente o perito Gustavo não teria sofrido o que sofreu. Ou estou errado? Ou ela era grave para fins de depoimento em tribunal mas não era grave o suficiente para aposentar? E se aposentou, quem que não homologou?
O promotor, óbvio, disse que não vai recorrer pois a ré é muito maluca e não entende a ilicitude de seus atos. Mudou rapidinho de opinião, heim promotor? Se já achava isso para que o teatro?
O que houve em Santos é um escárnio, uma ofensa a todos os servidores federais, um estímulo a mais agressões e coações a peritos por dinheiro, é disso que estamos falando, COAÇÃO a servidor público para obter dinheiro do governo.
O promotor, provavelmente formado na "Escola Levandowski de Direito Penal", cumpriu com louvor o seu papel dentro do Estado Babá e com o enorme esforço com que atuou está vendo uma potencial assassina escapar da cadeia e, pior, não vai recorrer. Claro, não era o filho dele o agredido.
Inimputável é porque não foi com a sua filha ou a sua mãe, digníssimo promotor. Queria ver se fosse alguém da sua família a ser esfaqueada por essa criminosa se o senhor ia deixar barato um júri com seis mulheres e uma "louca" que critica o INSS de forma organizada e consciente e uma perita que diz que a segurada era psicótica grave mas não a aposentou.
O julgamento foi tudo, menos justo. A ré confessa teve dois advogados de defesa, um pago por ela e um pago pelo Estado (nós), que escolheram um juri com seis mulheres que se apiedaram da moça jovem e lutadora que esfaqueou o danado do perito que "tirou" o encosto dela. Tadinha, mas aposto que ninguém quer levar pra sua casa uma tadinha dessas.
Com tanto absurdo, entendo a postura do médico em sair do INSS, da cidade e de não querer se envolver no julgamento. E fez muito bem, pois do jeito que a coisa foi relatada, era capaz do ex-perito sair do tribunal preso ou que fosse permitido à ré terminar o serviço que ficou inacabado em 2007 sob aplausos do Juri e dos consulentes.
Dessa vez nem podemos culpar o Juiz. Ele ficou de mãos atadas pois o sistema é feito para ser assim. Enquanto tivermos um Ministério Público ideológico, político e submisso ao Estado Babá, não teremos justiça nesse país.
Essa escapou com a alegação de que ficou louca somente quando foi lá esfaquear o perito. O que matou a Cristina era "de menor", o que matou o José Rodrigues já foi solto e voltou a ameaçar funcionários do INSS.
Nessa toada, é melhor deixar de ser perito e liberar geral. Pelo menos assim você garante que chegará em casa para ver seu filho, pois o Estado Babá não lhe garante isso, não te protege e ainda passa a mão na cabeça dos assassinos, esses pobres coitados vítimas do "médico feio e malvado".
Se o promotor não recorrer, que o Sindicato represente contra ele no CNMP ou similar estadual se existir. Isso é omissão, no mínimo. Não é possível deixar isso passar em branco. Não é possível deixar que ele passe a mão na cabeça dessa criminosa. Chega de sermos os palhaços da história.
No Brasil vivemos a festa da uva. O problema é que só querem chupar a nossa uva, a dos outros não pode pois são "inimputáveis" ou "inchupáveis".
5 comentários:
Agora a melhor maneira de mostrar ao público,á própria perita autofágica e ao próprio judiciário o erro que cometeram
é "supervisionar"(por longo tempo) as ações "de sua vida diária" desta "inimputável"....
em seu primeiro mal passo isto deverá ser registrado com provas para ser "jogado" na esfera judicial para que o magistrado responsável e seus pares vejam o que fazem ao "passar a mão" na cabeça de marginais,fraudadores da previdencia e que ainda mentem e enganam juízes com a ajuda de advogados rábulas.
Outra coisa:
Porque "engavetaram" o projeto do porte de arma para os peritos medicos da previdencia ?
Onde trabalho peritos saem da APS no final da tarde, olhando para os lados e receosos, ficando à mercê de marginais/assassinos/fraudadores travestidos de cidadãos injustiçados pela sociedade (e que tanto convencem o judiciário).
Cadê o sindicato ?
Um absurdo. Algo sem o mínimo fundamento técnico. Rasgaram o DSM-IV e o CID-10. Kaplan deve estar rolando (nem sei se ainda é vivo).
Mais um """detalhe""":
A colega "autofágica" se posicionou desta maneira tão somente para não passar a idéia para o judiciário que fez uma avaliação "graciosa/infundada"(medo da pariciada ? querer fazer rapidamente uma perícia sem ser questionada ou mesmo ameaçada pela periciada ?)
Infelizmente, quem se prejudica com o deferimento aos não merecedores, são os peritos que vem depois ao ter que suspender tais benefícios.
Sou extremamente criteriosa ao liberar um benefício e se algum PR passa por mim, o periciado deverá ter saneado a motivação do indeferimento do colega anterior(comprovar sua incapacidade laboral) ! Dito isto, posso afirmar que praticamente 95% dos periciados não satisfazem tal exigência.
Abram os olhos Peritos pois a Autarquia não está preocupada conosco! Não nos respeitam pois não reconhecem em nossa associação um órgão decisório e de postura !
Triste ANMP que verga por interesses escusos e até mesmo por incompetência.
Médico diante dos "deuses" da "Justiça" é sempre
"réu" e culpado até que se prove o contrário. Recalque velado - e muitas vezes explícito - dos operadores do Direito.
Já estou tão traumatizado com as imoralidades da "Justiça" e a bandidagem de juízes e promotores de "justiça" que tenho até receio de revelar minha Profissão, preferindo manter-me na máxima discrição possível...
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