quarta-feira, 31 de outubro de 2012

CUTILADAS

CARTA DA CUT PARA O NOVO PRESIDENTE DO INSS

4 comentários:

Vandeilton disse...

A CUT reconhece abertamente o destacado papel da previdência social na distribuição de renda e inserção social.
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As funções citadas deveriam ser desenvolvidas pela assistência social (BPC/LOAS) e pela reabilitação profissional, não pela previdência social (auxílio-doença). Mas como sabemos que a reabilitação profissional do INSS não funciona e o BPC/LOAS só atua nos extremamente miseráveis, em volume monetário pequeno (insuficiente para mudar a distribuição de renda do brasileiro), dá então para perceber que a tal distribuição de renda citada pela CUT é feita pelo auxílio-doença.
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Esta tática da CUT fere e muda completamente os princípios de concessão do auxílio-doença, alterando seu propósito previdenciário para um modelo assistencialista. Isto fere a legislação e abre espaço para o uso deste dinheiro no assistencialismo.
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O assistencialismo, por sua vez, vem bem a calhar para quem quer usar dos mecanismos do governo para angariar apoio, auto-promoção e votos. Por isto, cai como uma luva para um judiciário "social" (principalmente promotores do MPF que visam cargos no executivo), uma imprensa sensacionalista e governos populistas, intensamente manipuladores da realidade sócio-econômica do país com fins eleitoreiros, que pensam somente na próxima eleição, sem se preocupar com as contas em médio e longo prazo.

Vandeilton disse...

O atual auxílio-doença, como está na lei, é condicionado à presença de qualidade de segurado e carência no momento da incapacidade laboral, independentemente da classe econômica do trabalhador.
Concomitantemente ao critério majoritário acima, há mecanismos de proteção social (doenças que isentam carência, períodos “de graça” prolongados e que favorecem/protegem os formalmente desempregados e aqueles recém-saídos de uma incapacidade laboral) que permitem um bom exercício da proteção social, que é o que se espera de uma autarquia pública. Estes mecanismos já existem, já funcionam e já diferenciam a previdência social pública das previdências e seguros privados.
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Então, aquela proteção social que a CUT diz buscar já existe atualmente. Portanto, comparar a previdência social pública com seguros de carros, em publicação oficial ao presidente do INSS, embasando-se em conceitos falsos, é um exercício de má fé pública, a partir do momento em que se tenta interferir na conduta de um funcionário público visando se beneficiar do poder que o cargo deste lhe confere, à expensa de recursos públicos. Em outras palavras, é uma tentativa de corrupção ativa.

Vandeilton disse...

O modelo atual previdenciário (auxílio-doença) se embasa no tecnicismo (condutas baseadas em evidências médico-periciais cientificamente comprovadas) e propicia uma forma auto-sustentável da previdência, pois só recebe quem contribui.
Mudar este modelo para outro assistencialista, apesar da lei, abre as portas para se fazer caridade com dinheiro alheio, visando ganhar votos ou se auto-promover a cargos no poder executivo. Ou seja, propicia um meio ideal para a instalação da corrupção, prevaricação, improbidade administrativa e peculato no INSS, transformando este órgão em mero cabo eleitoral de interesseiros, que não se preocupam com a sustentabilidade do sistema nem com a função social do órgão, mas só pensam e doar dinheiro público à revelia em troca dos benefícios pessoais em curto prazo (ganho de cargos no executivo ou votos em eleições populares).
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Mesmo presenciando a derrocada do modelo assistencialista de previdência espanhol, a CUT continua persistindo pelo caminho por ela trilhado, sem se importar em levar nosso país à bancarrota vivenciada pela mesma.
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Tomara que o novo presidente esteja a par de tudo isto, pois senão ... a derrocada de todo o sistema virá. Os peritos não continuarão a dar seu sangue em defesa da ética, do legalismo e do dinheiro dos futuros aposentados. Ninguém aguenta por muito tempo ser perseguido desta forma. Chegará o momento em que os mesmos ir-se-ão embora, deixando atrás de si um cofre à disposição de lobos eleitoreiros, que destruirão a previdência em médio e longo prazo.
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Quando isto acontecer, ninguém se lembrará de quem começou a derrocada da previdência, mas todos nós teremos que pagar a conta com empréstimos internacionais, pagamentos de juros ao FMI, estagnação, desemprego, violência, miséria e, principalmente, uma tremenda injustiça para com os então idosos, que hoje contribuem ao INSS visando uma futura aposentadoria, mas que no futuro descobrirá que larápios roubaram seu dinheiro e o distribuiu aleatoriamente a quem lhes garantisse benefícios pessoais momentâneos, e tudo isto com apoio do governo, da CUT e do ministério público.
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Quando chegar este dia, eu pagarei a conta junto com os demais, mas terei a consciência tranquila de que, se dependesse de mim e de meus colegas peritos, nada daquilo estaria ocorrendo, e que fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para evitar o sofrimento da sociedade em que vivemos, como manda o código de ética médica.

Rodrigo Santiago disse...

Excelentes comentários, Vandeilton! Traduziu perfeitamente o modo perverso e inconsequente que rege os pensamentos deslumbrados de alguns magnânimos beneficiários do banquete privê que dá sustentabilidade à perpetuação do caos reinante, que não produz nenhuma ruga em suas testas, que não culmina em nenhuma responsabilização pelas atrocidades que cometem, que transfere, em um jogo de fogos de artifício, a responsabilidade aos peritos por tudo o que não lhes compete e que intenta retirar-lhes a competência tão logo tenha-lhas outorgado.