Edição do dia 21/09/2012
21/09/2012 09h12 - Atualizado em 21/09/2012 09h12
RJ: seis em cada dez médicos podem ter sido vítimas de violência
A revolta de pacientes que não conseguem ser bem atendidos acaba sendo direcionada e vai desde um xingamento até agressões físicas e ameaças de morte.
No Brasil, um número alarmante tem chamado a atenção de autoridades da saúde. Médicos estão com medo de ir trabalhar. No Rio de Janeiro, por exemplo, a estimativa é que seis em cada dez médicos já tenham sido vítimas de algum tipo de violência.
Era mais um dia comum de trabalho para a médica Valéria Xavier, até que ela negou um atestado a um paciente em um posto de saúde na cidade de Guarantã do Norte, em Mato Grosso. “Eu falei que o que ele estava me pedindo eu não poderia fazer daquela forma”, conta a médica.
O paciente era o cabo da PM Lourival de Oliveira. E a reação dele foi dar um tiro na médica. “Eu acho que ele falou que ele não precisava ameaçar, que ele fazia com as próprias mãos, alguma coisa do tipo”.
A médica passou cinco dias na UTI, com os dois pulmões perfurados pela bala. A violência contra médicos nem sempre é tão brutal, mas parece estar cada vez mais presente.
E entre os profissionais parece um consenso: a maior pressão é sobre os médicos peritos do INSS. “Esse ano a gente já tem 47 registros - até hoje pelo menos - de agressões de todo o tipo. Muitas vezes o indivíduo procura o perito e não tem atendido aquilo que ele quer, e isso gera uma insatisfação e ela se traduz muitas vezes em violência”, afirma Emanuel de Menezes, presidente da Associação Nacional de Médicos Peritos.
Mas outras categorias vêm sentindo também esse crescimento. No Rio, a estimativa do Sindicato dos Médicos é que seis em cada dez profissionais já foram vítimas de algum tipo de violência. Que vai desde um xingamento, até agressões físicas e ameaças de morte.
Para associações e sindicatos médicos, uma das causas dessa violência é a precariedade da saúde pública no Brasil. A revolta de pacientes que não conseguem ser bem atendidos acaba sendo direcionada para quem está à frente do sistema.
“Essa degradação gera uma dificuldade grande do exercício profissional. Isso repercute na população, e essa situação gera uma insatisfação muito grande que às vezes evolui para um ato de violência contra esse profissional”, explica Jorge Darze, presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro.
No domingo, uma pediatra do Hospital Getulio Vargas foi morta quando saia do plantão. Ela levou dois tiros dentro do carro que dirigia. Para a polícia, a hipótese mais provável é de tentativa de assalto, mas os colegas de hospital dizem que ela pode ter sido vítima do já antigo problema de insegurança do hospital.
O Getulio Vargas fica em uma área cercada por várias favelas, dos complexos da Penha e do Alemão. Já aconteceram resgates de presos e até assassinatos. Algumas comunidades da região já foram pacificadas, mas os funcionários afirmam que a insegurança continua.
“Eu sou técnica de enfermagem há 28 anos, lá não tem segurança. Nós vivemos ameaçadas dia e noite dentro do Getúlio Vargas”, diz uma funcionária.
“É tapa, é agressão verbal”,a firma outra funcionária.
“A população acha que o profissional que está lá dentro que é culpado de não ter as coisas pra oferecer, quando na verdade a gente está precisando de mais profissionais, mais insumos, de uma estrutura para atender a população”, lamenta uma funcionária.
O policial militar que atirou na médica em Mato Grosso foi indiciado por tentativa de homicídio, mas responde em liberdade porque não foi preso em flagrante.
A Secretaria Estadual de Saúde do Rio, responsável pelo Hospital Getúlio Vargas, afirmou que adota uma série de medidas pra garantir a segurança dos profissionais, como o uso de crachás e de câmeras de monitoramento. Ainda segundo a secretaria, não há registro oficial de queixas de funcionários.
Veja vídeo:
3 comentários:
Isso é resultado direto da política de estatização da medicina feita neste país nas últimas décadas com o aceite dos médicos (vide texto sobre a verdade vos libertará e demais sobre o tema).
Só quando abandonarmos o SUS atual e a população não tiver nenhum médico pra esbofetear é que as coisas mudarão.
Não existe culpado
Não existe culpado
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