DISCUTIR CARREIRA APENAS FOCANDO NA CARGA HORÁRIA É ERRO COLOSSAL.

O Governo precisa saber que o resultado esperado para uma carreira é sempre fruto de uma equação muito simples, conforme já dito neste blog:

Primeiro se define que carreira o governo quer e depois se define o resto. Ao se começar a discussão apenas pela jornada de trabalho, distorções graves podem surgir. Vamos a um exemplo prático para o caso da nossa carreira:

Capacidade atual de agendamento de perícias do INSS:

30h (com ou sem redução) ou 40h (agenda apenas as 6h) = 18 agendas/dia.

18 x 2500 (média de peritos que tem agenda SABI aberta segundo www-sala) = 45.000  vagas perícias/dia

O INSS tem uma demanda diária de 31.000 perícias, logo, sobram 14.000 vagas ociosas/dia.

O índice de remarcação chega a 20% por diversos motivos (faltas, MEP, documentação, diversos);

SÓ EXISTE FILA POR INCOMPETÊNCIA GERENCIAL DO INSS. MESMO SÓ USANDO 60% DA FORÇA DE TRABALHO AINDA TEM SOBRA DE VAGAS/DIA MAS EXISTE FILA EM VÁRIAS GEX, POIS AS VAGAS ESTÃO MAL DISTRIBUIDAS E ISSO SERÁ IMPORTANTE NA CONTINUIDADE DESSE TÓPICO.

Nas regiões mais afetadas, São Paulo e Sul, são em média 1000 agendas SABI abertas por dia, o que dá a essas regiões uma capacidade de até 18.000 agendas/dia, o que obviamente não tem sido suficiente pois apenas em duas APS (São Paulo e Porto Alegre) são mais de 15.000 segurados represados em perícia inicial.

Reduzindo unilateralmente para 20h TODOS os peritos, vamos reduzir a capacidade de agendamento do INSS para no máximo 12 perícias/dia/perito.

12 x 2500 = 30.000 vagas perícia/dia. (Brasil)

Na macrorregião "São Paulo e Sul", a capacidade de agendamento cairá de 18.000 para 12.000. Ou seja, o que já é insuficiente vai ficar inacreditavelmente insuficiente, praticamente uma isquemia arterial no coração do INSS.

Considerando que esse número (30.000) já bate no limite da demanda diária agendada (31.000); Considerando que sempre tem 20% de remarcações e que a redução global de capacidade será de 33%;
e
Considerando que esse impacto da redução de agenda será maior nas áreas onde JÁ TEM MENOS PERITOS por DEMANDA (Sul e São Paulo);

COM CERTEZA O PLANO DO GABAS DE TENTAR CONTER EXONERAÇÕES COM REDUÇÃO UNILATERAL PARA 20H IRÁ TIRAR DO INSS QUALQUER CHANCE DE RESOLVER O PROBLEMA DA FILA.

Ah, é só botar mais perito para atender. Ok, ai temos que resolver o problema que até agora ninguém resolveu, que é a resistência das gerências em cumprirem as determinações da DIRSAT que desde a Era Filomena determina, em vão, 70% de peritos em APS.

E resolvendo isso e contratando mais médicos, vem o segundo problema: EM que sala esses médicos vão atender? O principal entrave ao plano do INSS em destruir as APS BI é justamente esse: Falta de salas para alocar os peritos. E digo mais, desde 2011 novos espaços a serem criados precisam de pelo menos 9m2 por servidor.

Ah, vamos então fazer em turnos para reaproveitar as salas: 7-11, 11-15 e 15-19h. OK, quantos aqui topam matar o dia para ficar de 11 as 15h no INSS?

Portanto, VOLTANDO À DISCUSSÃO, primeiro temos que definir a VISÃO, ou seja, que carreira o governo quer e a sociedade precisa. Remuneração, Jornada e Missão são consequências diretas da VISÃO.

Querer resolver tudo na canetada sem consultar as bases é FALTA DE VISÃO. A mesma que deixou o INSS no fundo do poço onde nos encontramos.