Em um grande hospital público do RS, referência de atendimento e de residência médica local, a incompetência gerencial apronta mais uma das suas. E, como sempre, ao se perceberem diante da crise nos números que tanto prezam, esses gestores decidem declarar guerra contra que realmente resolve o problema, ou seja, os médicos. É a mesma coisa que vemos no INSS. E por estranha coincidência, esses "Planos emergenciais" dos incompetentes gestores sempre ocorrem em época eleitoral.
Como já diz um recente artigo de uma revista médica sobre administração hospitalar, "na era do MBA em gestão em saúde e da proeminência da figura do administrador, os médicos são hoje em dia a segunda classe menos importante dentro de um hospital. Só perdem para os próprios pacientes em si, que são a classe menos importante dentro de um hospital hoje em dia". Ou como já ouvi: "Se não fossem os médicos e os pacientes o hospital não teria problemas".
No pano de fundo do caos, a eterna tentativa da gestão em querer "serviços de excelência" com salários de fome, algo como querer pagar R$ 1,00 e ser servido como no Fasano.
E fica a eterna pergunta: Por que os geniais gestores jamais aceitam ser atendidos nos serviços hospitalares que coordenam?
Vejam a matéria:"Notícias
07.07.2012
Conceição: médicos indignados com ordem de serviço
Os médicos do Grupo Hospitalar Conceição (GHC) estão indignados com uma ordem de serviço expedida na noite de quinta-feira (5), assinada pelo diretor técnico do Hospital Nossa Senhora da Conceição, Paulo Bobek, e pelo gerente de pacientes externos, Robinson do Amaral, que obriga os especialistas a descer para a emergência para atender pacientes. Em reunião da categoria promovida nesta quarta-feira (6) pelo SIMERS, em parceria com a AMEHC, os médicos mostraram-se revoltados com as implicações da medida unilateral, que retira a autonomia do emergencista (desautorizando-o a emitir AIH) e aumenta a carga horária de boa parte dos contratados. O auditório do Instituto da Criança com Diabetes estava lotado.
O Sindicato e a Associação notificarão a diretoria do Grupo que a ordem não pode ser cumprida por impossibilidade material, jurídica e ética. Os médicos não aceitam alterações no seu modo de trabalho, enquanto permanecem sob tratativas o acordo coletivo para os plantonistas pós-1999 e rotineiros. A categoria exige a contratação de profissionais para todos os hospitais do GHC, e nomeia os chefes de serviços como interlocutores no debate por medidas para desafogar a emergência.
“Tudo isso decorre dos fracassos nas tentativas de atrair médicos por contrato emergencial, oferecendo baixa remuneração”, protestou um dos especialistas. “É uma ameaça. Há determinadas condições clínicas que exigem tratamento em condições bem melhores do que as encontradas na emergência do Conceição”, reclamou outro. “Para os gestores, o problema da emergência é o médico, e o problema financeiro da instituição reside nos nossos salários”, disse um rotineiro."
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