CARTA AOS IRMÃOS
Prezados, acompanho este Blog há algum tempo, muito interessante ver a vida do perito como ela é! Por muito tempo trabalhei no serviço público em Blumenau /SC e hoje estou classificado no último concurso público para Médico do INSS.
Vi a explosão de pedidos para beneficio ( ”encosto,” segundo o povo) em 2005, diante da terceirização de Médicos peritos, vejo que esta cultura, hedionda, ainda se faz presente por conta dos golpistas e do descaso total da gestão INSS.
Os Médicos do “Posto/SUS” se veem acuados por agressões físicas, verbais, assédio moral dos gestores da Saúde (que só querem considerar o título de eleitor dos usuários em detrimento das boas práticas). Os peritos do mesmo lado, mas em outro ponto, se veem abarrotados de perícias desnecessárias, agredidos e acuados de forma desumana. Avaliando superficialmente a cerne do caos concluímos que se mandamos do posto/SUS ao INSS, com atestados graciosos estamos apenas enchendo a bola de neve, com certeza o paciente voltará ao posto mais vezes ou irá participar aos outros usuários/”clientes” de que está fácil conseguir encaminhamento/atestado, por outro lado, se o benefício for concedido sem critério de forma “imperita” os usuários abarrotaram o posto de saúde para mais pedidos de encaminhamento e vice versa.
Pergunto em tom de humildade e cansaço: Por que os médicos (que somos os principais prejudicados pela questão), ao invés de aumentarmos nossas demandas e trocar farpas, não cobramos de quem é por Mister responsável e remunerado por isso? Hoje, a aplicação usual (diretriz) de encaminhamento para perícia médica foge do bom senso médico, mas parece estar pactuada de forma indolente entre as partes (Médicos Clínicos e Médicos Peritos), por não haver diálogo.
A falta de segurança, condições adequadas e limites éticos e humanos ferem o dia a dia dos médicos! O conselho federal e/ou regional de Medicina, não deve ficar impune contra esta aleivosa tarefa de agradar os politiqueiros, os leigos (que “acham” que sabem mais medicina que os médicos)! O dito conselho deixa de fiscalizar e zelar por quem paga por isso e a partir do momento em que mudarmos da condição de meros queixantes para impetrantes de nossos direito em ação judicial , por certo teremos menos trabalho do que imaginávamos, vez que os danos causados pelo descumprimento de suas obrigações (CFM/CRM) nos metem em situações de penúria, assédio, violência, constrangimento e etc... O CRM com sua abstração, substração, falta de atenção ou pior; atenção parcial contínua perante os interesses dos médicos, causa sério desconforto para o Cidadão, médico ou não. Atualmente, com uma anuidade aviltante, grande número de médicos inscritos e falta de vontade de resolver mazelas pendentes há décadas sobre o exercício e condições para o exercício de forma minimamente digna da medicina, o rico fiscalizador da prática médica foca -se em criar normas (problemas) menos necessários(desnecessários na realidade) para os seus custeadores (RQE, CNA, marketing, CRM digital ...), porque isso evita que tenham de pensar e agir em prol de problemas mais complexos e temíveis nos quais se encontram a nossa, no momento, parca profissão, desestimulando-a. Isso no código de relação de consumo é serviço não prestado! Cabe indenização e punição!
Nunca vi, pode ser que esteja enganado, algum médico, sindicato, associação médica ir resolver as querelas de sua classe por via de fato judicial, infelizmente ao ponto que chegou só poderemos recorrer a esta via. O começo desta processualização deverá ser acompanhada de algumas perdas nos processos, até a formação de opinião do judiciário como todo início geralmente é. Até que se construam jurisprudências, mas teremos assim, como nossos algozes, resposta a falta de apoio e proteção ao nosso trabalho pela justiça. Trocaremos, como costuma ser a via judiciária para os médicos, de lado no qual somos réus e vítimas, quase sempre. RESPONSABILIZAR JUDICIALMENTE OS CONSELHOS, POR NÃO CUMPRIR SUAS PRERROGATIVAS, PODE SER A MELHOR SOLUÇÃO! De qualquer forma, imperioso ressaltar que a iniciativa é absolutamente voluntária e apolítica, sem qualquer cunho eleitoral ou eleitoreiro.
Sem mais no momento,
Roberto*
*Nome fictício.
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