E mais depoimentos de peritos sobre a Rotina do Absurdo do INSS:
"Assumi no INSS em julho de 2005. Fiquei cerca de 30 dias no chamado GBENIN para treinamento que consistia basicamente em aprender a manusear o sistema SABI pois não havia perícia agendada para aquele setor, salvo raras exceções. Após esse prazo fui lotado na APS xxxxx a meu pedido, pois minha residência fica próxima àquela agência. Não conheci as demais agências mas a (...) era tida como a de melhor área física. Havia rota de fuga (porta nos fundos da sala que dava para um corredor interno). Tive sorte nos primeiros dias de trabalhar com uma colega médica – hoje aposentada – (...) que se impunha pela sua competência ao setor administrativo e ordenou que no primeiro mês fossem marcadas apenas 6 perícias para mim.
Após esse período eram marcadas 24 perícias para mim (...) É óbvio que a primeira perícia não iniciava às 8 horas em ponto pois a agência tinha que ser aberta, o computador ligado (com toda sua lentidão) e o primeiro requerente ainda tinha que passar pelo setor administrativo para liberação. Assim, percebe-se que nem 10 minutos tínhamos por perícia. Discussão de caso com colegas nem pensar, buscar alguma informação no administrativo referente a contribuições era impossível, estudar os casos, utopia...A única arma que era possível usar – solicitação de informação ao médico assistente (SIMA) em busca de melhores informações para embasar a decisão - acabava se voltando contra nós pois a cada vez que pedíamos, quando o requerente voltava, tínhamos 25, 26, 27...perícias a fazer de acordo com o número de SIMAS que solicitássemos.
Apesar da pretensa melhor área física, todos os requerentes ficavam a cerca de 2 metros da sala de perícia. Não era raro que batessem na porta perguntando se sua vez ainda iria demorar muito. O resultado da perícia, inclusive quando concedido pela parte médica e negado administrativamente por problema nas contribuições e consequente falta de qualidade de segurado, era entregue na hora pelo próprio perito. Não precisa dizer que além de escutar agressões verbais menores tínhamos que “gastar” dos 10 minutos para darmos explicações do porquê da negativa. Os requerentes saiam da sala e retornavam para junto das pessoas que ainda aguardavam perícia e não raro incitavam-os com palavras como: “esse aí está negando tudo...esse aí comprou o diploma...esse aí merecia era uma surra” fazendo assim com que os próximos a serem atendidos entrassem na perícia cada vez mais exaltados e exigindo a concessão do seu benefício entrando assim num ciclo vicioso.
Mesmo assim, por pura sorte, nunca sofri agressão física mas apenas verbal (que em determinadas circunstâncias é ainda pior). Certa vez um requerente retornou com uma solicitação de SIMA que eu havia pedido. Bateu na porta, interrompeu a perícia que estava em andamento e aos brados exigiu que eu o atendesse na hora. Expliquei que eu ainda tinha mais de 12 perícias com hora marcada para atender naquela manhã e que iria atender o seu caso no final do turno, ou se ele preferisse retornasse no dia seguinte para saber do seu resultado. O requerente começou a dar pontapés na porta do consultório, me ameaçou de agressão física, pronunciou diversas palavras de baixo calão contra minha pessoa e teve que ser contido pela segurança. Acabou ainda quebrando uma divisória da agência e jogando pedras na vidraça pelo lado de fora da agênca. Tive que interromper o atendimento, fui para a polícia federal prestar depoimento e passei o caso para conclusão da supervisão....
Presenciei outras cenas com outros colegas que não vou relatar aqui para não me estender mais neste relato e porque provavelmente serão relatados por eles.
Em (...) fomos transferidos para a APS (...) onde as agressões, ao longo destes anos, estão gradativa e lentamente diminuindo, não apenas pela disposição física e segurança da agência que sem dúvida são melhores que das demais mas sobretudo pela forma de atendimento. Hoje dedicamos (graças ao respaldo do CRM e CFM) o tempo necessário de perícia para permitir que o segurado expresse todas as suas queixas, atestados e exames complementares que possuem. O exame físico passou a ser completo em casos mais complicados e, o mais importante, contamos com o auxílio de colegas, muitas vezes especialistas, para a conclusão mais justa da perícia.
Infelizmente não conseguimos convencer a instituição de que esta atitude ajuda a diminuir as agressões e em último grau também ajuda a diminuir as filas pois com estas decisões, muito melhor fundamentadas, aumentamos substancialmente o número de concessões de aposentadorias, de prazos mais longos de benefício evitando o “vai e vem” dos requerentes às agências e também de encerramento de benefícios melhor embasados com laudos explicativos e mais longos que servirão de base para julgamento de recursos dos requerentes dentro da própria instituição e na esfera judicial. (...)"
Após esse período eram marcadas 24 perícias para mim (...) É óbvio que a primeira perícia não iniciava às 8 horas em ponto pois a agência tinha que ser aberta, o computador ligado (com toda sua lentidão) e o primeiro requerente ainda tinha que passar pelo setor administrativo para liberação. Assim, percebe-se que nem 10 minutos tínhamos por perícia. Discussão de caso com colegas nem pensar, buscar alguma informação no administrativo referente a contribuições era impossível, estudar os casos, utopia...A única arma que era possível usar – solicitação de informação ao médico assistente (SIMA) em busca de melhores informações para embasar a decisão - acabava se voltando contra nós pois a cada vez que pedíamos, quando o requerente voltava, tínhamos 25, 26, 27...perícias a fazer de acordo com o número de SIMAS que solicitássemos.
Apesar da pretensa melhor área física, todos os requerentes ficavam a cerca de 2 metros da sala de perícia. Não era raro que batessem na porta perguntando se sua vez ainda iria demorar muito. O resultado da perícia, inclusive quando concedido pela parte médica e negado administrativamente por problema nas contribuições e consequente falta de qualidade de segurado, era entregue na hora pelo próprio perito. Não precisa dizer que além de escutar agressões verbais menores tínhamos que “gastar” dos 10 minutos para darmos explicações do porquê da negativa. Os requerentes saiam da sala e retornavam para junto das pessoas que ainda aguardavam perícia e não raro incitavam-os com palavras como: “esse aí está negando tudo...esse aí comprou o diploma...esse aí merecia era uma surra” fazendo assim com que os próximos a serem atendidos entrassem na perícia cada vez mais exaltados e exigindo a concessão do seu benefício entrando assim num ciclo vicioso.
Mesmo assim, por pura sorte, nunca sofri agressão física mas apenas verbal (que em determinadas circunstâncias é ainda pior). Certa vez um requerente retornou com uma solicitação de SIMA que eu havia pedido. Bateu na porta, interrompeu a perícia que estava em andamento e aos brados exigiu que eu o atendesse na hora. Expliquei que eu ainda tinha mais de 12 perícias com hora marcada para atender naquela manhã e que iria atender o seu caso no final do turno, ou se ele preferisse retornasse no dia seguinte para saber do seu resultado. O requerente começou a dar pontapés na porta do consultório, me ameaçou de agressão física, pronunciou diversas palavras de baixo calão contra minha pessoa e teve que ser contido pela segurança. Acabou ainda quebrando uma divisória da agência e jogando pedras na vidraça pelo lado de fora da agênca. Tive que interromper o atendimento, fui para a polícia federal prestar depoimento e passei o caso para conclusão da supervisão....
Presenciei outras cenas com outros colegas que não vou relatar aqui para não me estender mais neste relato e porque provavelmente serão relatados por eles.
Em (...) fomos transferidos para a APS (...) onde as agressões, ao longo destes anos, estão gradativa e lentamente diminuindo, não apenas pela disposição física e segurança da agência que sem dúvida são melhores que das demais mas sobretudo pela forma de atendimento. Hoje dedicamos (graças ao respaldo do CRM e CFM) o tempo necessário de perícia para permitir que o segurado expresse todas as suas queixas, atestados e exames complementares que possuem. O exame físico passou a ser completo em casos mais complicados e, o mais importante, contamos com o auxílio de colegas, muitas vezes especialistas, para a conclusão mais justa da perícia.
Infelizmente não conseguimos convencer a instituição de que esta atitude ajuda a diminuir as agressões e em último grau também ajuda a diminuir as filas pois com estas decisões, muito melhor fundamentadas, aumentamos substancialmente o número de concessões de aposentadorias, de prazos mais longos de benefício evitando o “vai e vem” dos requerentes às agências e também de encerramento de benefícios melhor embasados com laudos explicativos e mais longos que servirão de base para julgamento de recursos dos requerentes dentro da própria instituição e na esfera judicial. (...)"
Seria o perito muito macio com sua chefia? Mire-se no exemplo da colega que se aposentou e se dê respeito!
ResponderExcluirEi o cabra é manteiga e a faca é quente ou o contrario?!
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