Proibição de médicos em partos caseiros reativa briga de classes
25 de julho de 2012 • 20h19 • atualizado às 20h27
GIULIANDER CARPES
Direto do Rio de Janeiro
O Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) proibiu a participação de médicos em partos domiciliares e reabriu uma guerra entre os profissionais de saúde de diversas áreas. A medida inviabiliza que os partos em casa continuem sendo feitos porque não é mais possível que os médicos participem de equipes multidisciplinares necessárias - compostas por enfermeiras e doulas - ao procedimento.
O Conselho Regional de Enfermagem do RJ (Coren-RJ) vai ajuizar uma ação civil pública - que será acompanhada pela Defensoria Pública da União - contra a medida nesta sexta-feira. A vice-presidente da entidade não poupa críticas aos médicos. "A definição do Cremerj é 'medicocêntrica'. Eles se acham no direito de definir como as pessoas devem levar suas vidas", afirma Therezinha Nóbrega. "Os médicos não têm o direito de fazer terrorismo com a saúde pública. Há partos que precisam de hospitalização, mas a maioria não. Um bom acompanhamento pré-natal pode definir isso", declarou.
Segundo Therezinha, a medida é contrária a recomendações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS). "É uma recomendação para que se faça o menor número possível de cesarianas, mas o Brasil continua sendo campeão mundial disso e os médicos não parecem preocupados", disse a vice-presidente do Coren-RJ. "É uma medida até machista da categoria. Eles querem dizer o que a mulher tem que fazer, quando é um direito nosso escolher como queremos fazer nossos partos".
A presidente do Cremerj, Márcia Rosa de Araújo, respondeu que nem o Ministério da Saúde, tampouco a Organização Mundial de Saúde têm aconselhamento claro sobre os partos domiciliares. Para ela, a medida do conselho levou em conta estudos científicos que apontam risco no procedimento.
"O Cremerj tem por atribuição legal regulamentar a ação do médico na sociedade. Estamos fazendo isso. A medida regulamenta apenas a atuação deles. Se a escolha cabe à mulher, ela vai ter que correr este risco. O médico não vai se responsabilizar", explica Márcia.
Para o Coren-RJ, a medida do Cremerj era desnecessária. "É apenas um pequeno número de mulheres que preferem fazer o parto em casa. Todos os conselhos deviam se unir para exigir uma rede de atendimento melhor, isso sim. É um vício que os médicos têm. A saúde não pode ser nem 'hospitalocêntrica' nem 'medicocêntrica'. As pessoas deviam ter a possibilidade de escolher como querem se tratar", opina Therezinha.
Tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei do Ato Médico, que vai atualizar a regulamentação do exercício da medicina no País. O ato médico não é atualizado desde 1931 e, desde então, outras 13 profissões de saúde foram regulamentadas no Brasil. Há polêmica a cada vez que o Conselho Federal de Medicina ou suas representações regionais tomam medidas que afetam estas outras profissões.
O cremerj nao proibiu o parto domiciliar. Proibiu médicos de participarem dessa carnificina, que recentemente matou uma das defensoras mais famosas na Austrália. Se o parto é tão fácil assim como a ignorante enfermeira diz, por que ela simplesmente nao vai na casa da gestante irresponsável e faz o parto? Qual o medo? O que temem? Eles nao sao plenamente capazes, como dizem! Entao, que assumam o que defendem. Se o parto é "moleza que qualquer pré Natal define" entao que o coren faça os partos domiciliares, ganharam um mercado enorme de trabalho... Por que temem? Temem por que sabem que esse papo é mentira e se cagam de fazer parto sem ter medico do lado, né, bando de frouxos e mentirosos do coren!
ResponderExcluirExatamente. Ora, se é seguro, se é natural, se a saúde não deve ser médicocentrica, um bom passo para se mostrar como se faz saúde sem médicos é o parto domicilar. Vão em frente enfermeiras. Se benzam e vão com Deus.
ResponderExcluirDeram voz a ignorância, agora querem o Poder! Impressiona a coragem dessa turma. Os idiotas perderam a modéstia. preferirem acreditar em leigos a médicos altamente especializados é a maior prova!
O que vejo é que o País está repleto de ingnorantes! "Não adianta querer ensinar os porcos a cantar, eles nunca vão cantar!"
ResponderExcluirTer um parto em casa, sem assistência, onde pode complicar, onde o Bebê pode nascer com alguma deficiência respiratória e não ter como aspirar, sem medicações, onde a mulher pode sangrar sem parar, enfim, onde a morte pode ocorrer e insistir nessa seara por Reserva de Mercado, falando bravatas midiaticas, sem fundamentação em evidencias, só sendo um ignorante mesmo! Mas é assim, quando tratar-se de algum parente destes, de um filho, ai é em Hospital com assistência plena!
Interessante é ver a imprensa entrevistando só casos bem sucedidos. Claro que os há! Antigamente era a regra nascer nas fazendas, nos lares. Acontece que muitas mulheres (para não falar das crianças) morriam de parto. Os tempos modernos não comportam mais isso, por mais natureba que os pais sejam, não têm direito sobre a vida de terceiros.
ResponderExcluirA contraposição entre a enfermagem e a medicina passou às raias do absurdo e se tornou ideológica. O interesse do paciente foi instrumentalizado para fins políticos. Kant se remexe.
"Depois que fiz Residencia fiquei com medo de fazer anestesias"
ResponderExcluirFrase de um colega médico que exerceu a especialidade da anestesiologia no interior do RN sem formação adequada. Depois de 7 anos de exercício no submundo decidiu estudar e passou a ter medo daquilo que antes fazia sem nenhuma percepção do risco. Na verdade a ignorância dá uma baita coragem. Esse é o ponto!
Desde quando recomendar fazer menos cesarianas é mesma coisa que recomendar partos domiciliares ? Essa mulher não é bem certa. Ninguém está impedindo o parto de ser domiciliar, que faça, se quiser.
ResponderExcluirO grande problema é que não dá para saber de antemão quais casos perfazerão os 90% (em uma situação de perfeição idealística) que evoluirão para parto normal.
ResponderExcluirSe fosse possível saber com 100% de certeza quais partos não complicarão ou não necessitarão de cesariana, estaria tudo resolvido.Se houvesse uma máquina do tempo que possibilitasse discernir quais partos seriam descomplicados no futuro e permitisse depois retroceder no tempo, estaria tudo resolvido.
Não podemos tratar o ser humano como estatística global e admitir que seja admissível uma taxa de negligÊncia, imprudÊncia ou imperícia, "para o bem da saúde pública".Neste caso os fins não justificam os meios jamais.
O problema é que todo parto é imprevisível potencialmente e não há garantias absolutas de nada.Aos 45 minutos do segundo tempo podem acontecer problemas em qualquer parto, por melhor que seja a aparência de sua "cara".
Estes 10% (no mínimo do mínimo ideal) de cesáreas são inseparáveis dos outros 90% e só se saberá quem estará fora de risco após transcorrido todo o trajeto da maratona.É como se fosse uma roleta russa em uma arma com dez balas.
Alguém que defende tal discurso se habilitaria a botar a cabeça nesta roleta?E botar a cabeça de um filho, então?E botar a própria cabeça e mais a do filho, que tal?Quem defende isto não deve ter filho ou não tem sentimento de amor ao próximo.
Podem fazer em casa. Fiquem à vontade. Mas não exijam o médico para jogar nas costas dele todas as mazelas. Sempre teve parto em casa, no mato, no rio, dentro de carro. Só contam os casos dos sobreviventes, dos heróis parteiros. Não contam os casos das mães que morreram, dos filhos que morreram ou ficaram sequelados pelo parto complicado sem estrutura para ser adequadamente levado à frente. Essas enfermeiras do COREN deveriam pensar mais, e bem, antes de falar tanta coisa desnecessária. Podem fazer o parto, ora. Que a mãe e a enfermeira assumam o risco. Não queiram obrigar o médico a ser cúmplice dessas aventuras.
ResponderExcluirQuerem é jogar a opinião pública contra os médicos para usarem isto para bloquear a aprovação do ato médico.
ResponderExcluir.
Estão na fase do desespero. Qualquer coisa vale, agora.