A Imprensa Gaúcha anunciou e deu visibilidade na última semana a uma guerra de longa data travada internamente no INSS entre Peritos Médicos e Gestores e que teve como último ataque as declarações do Presidente do INSS que foram capa do Jornal Zero Hora quando teria exposto suspeitas sobre fraudes no ponto e baixa produtividade dos médicos. Foi como um míssil lançado no território de um país de relações já desgastadas. Naturalmente todas as entidades representativas locais e nacionais repudiaram as palavras do presidente. Recuado com a cabeça a prêmio, segundo fontes da imprensa e, para evitar um estrago ainda maior, o Presidente do INSS deslizou, patinou, cambaleou e tartamudeou um pedido reservado de desculpas. Esfriou o clima. Mas a guerra fria continua.
Olha, para mim, falar que uma guerra é uma imbecilidade horrível e também apontar quais foram as suas vítimas é muito fácil. Não existe evidência mais forte que o cheiro da decomposição de um cadáver. O rastro de destruição de uma guerra realmente salta aos olhos. Nesta do INSS, por exemplo, não há cadáveres expostos, mas há vidas desgraçadas. Sim, os trabalhadores contribuintes são os civis doentes desarmados no meio deste tiroteio. Mas o difícil mesmo da guerra é julgar os seus motivos. É dar razão a alguém. É muito mais fácil para um pai repreender os dois filhos e tomar o brinquedo num momento de conflito do que dizer ouvir e dizer quem tem razão. Isso sim diferencia as pessoas porque requer paciência, inteligência e coragem. Separa os que querem apenas se promover, ganhar ou se aventurar na crise daqueles que realmente querem a paz. Sim, o estudo de uma guerra e o julgamento dos seus atos é vital para o estabelecimento da paz duradoura para tanto não adianta a imprensa e a sociedade ficar mostrando as filas e os segurados revoltados. Não adianta é preciso se aprofundar na questão e dar razão a quem tem razão.
É preciso que alguém isento e com poder queira entender como e por quais motivos o INSS se permitiu chegar ao ponto de agendar perícias para 177 dias (Lajes), seis meses, e ter que dizer aos pais de família da região que o dinheiro do pão só vem no fim do ano. É preciso esmiuçar os razões que farão um trabalhador já recuperado ficar seis meses recebendo dinheiro do governo esperando uma nova avaliação pela Data de Cessação Administrativa (DCA) causando um prejuízo ainda incalculável aos cofres públicos. É preciso se preocupar e querer saber como fica a situação do perito avaliando um segurado já hígido que teve uma patologia meses atrás e como fica o empresário privado do seu funcionário até 2013. Isso era previsível? Desde quanto o sistema está afundando? Antes do atual presidente? Quem não avisou? Quem deixou de agir? Por qual motivo há dois anos há carência de peritos do INSS na região Sul e mesmo tendo havido dois concursos públicos não se consegue frear a vazão do quadro na região? O julgamento dos motivos requer profundidade de raciocínio... e os peritos sabem disso.
De um lado, o Presidente tentando convencer que não deu uma tapa na cara da perícia médica e teria sido vítima de um mal entendido captado pelo ângulo, tendencioso, da câmera de uma repórter que fez parecer que o que não houve, tivesse havido, apesar dos hematomas violáceos na alma coletiva que saltam e doem; estranhamente ele aparece na mesma reunião para se desculpar e pedir ajuda – combinação obviamente de raro êxito - pedindo para a “agredida” ajudar-lhe a tirar o espinho no pé, o cisco no olho e aliviar uma cefaléia de bate-estacas ainda pelos avisos da Casa Civil; e vem falando sobre sacrifícios, responsabilidade social e outros discursos manjados do manual de “como convencer um médico a trabalhar quase de graça”. E ele foi bem, praticamente só esqueceu apelar para o golpe mais covarde e quase fatal: “Mas vocês fizeram o Juramento de Hipócrates!”, com as pupilas dilatas e olhos lacrimejando.
Do outro, Peritos Médicos, cansados ainda magoados e ressentidos, não acreditavam que, na cara de pau, alguém que lhes acabara de colocar a moral no subsolo do pré-sal estivesse pedindo colaboração nestes termos. Ah! Depois do xingamento tem que haver um hiato para o beijo, senão é ritual de sado masoquismo. A classe médica assistiu espantada e atônica a cena nacional procurando um único motivo para aceitar as desculpas reservadas na sala e, pior, ajudar a rogativa do(a) casa. Ajuda a inimigo é mais caro com certeza e depois do bombardeio nada é imediato, até para se pedir rendição se tem que ter tempo para manter a dignidade.
Infelizmente no meio, uma fila de milhares de pessoas que estão completamente humilhadas, desesperadas, famintas, sedentas por não terem como pagar as suas contas de subsistência, água, luz, telefone e comida no final do mês por um problema que elas não criaram, não entendem e que, de fato, não teria acontecido, no meu entender agora, caso os gestores prestassem atenção no serviço. Aliás, onde os gestores estavam? Será que trabalhando? (sim, um toque de vingança)
Digo isso não como afronta direta, mas como crítica exatamente pelas tantas evidencias estatísticas e as ações sistemáticas de controle que falam contra aqueles que estão no poder internamente há anos. Justificando a intervenção Nacional em Porto Alegre, esqueceram que se auto-acusariam com os dados apresentados. Ora, quer dizer que há dois anos existe represamento contínuo e crescente de requerimentos por benefícios de incapacidade no Sul e o gestor não foi avisado? Quer dizer que ninguém percebeu antes que apenas metade dos peritos atendiam ao público? Quer dizer que 20% dos peritos do RS foram exonerados nos últimos dois anos e apenas agora se permaneceu? Quer dizer que o Blog Perito.med passou números e informações que os gestores não conheciam? Quase não dá para acreditar, só dá porque explodiu também ontem uma bomba que faz estes lapsos administrativos sejam fichinha. Desavisaram que os últimos concursos do INSS quase não tiveram vagas para Porto Alegre porque a gestora (ir)responsável teria “esquecido” de pedi-las, as vagas, porquanto teria sofrido uma pancada na cabeça dias antes (sério mesmo). Não é problema na Gestão? Ah! Por favor, a única coisa a favor do(a) casa é que isso é fruto de atos pré-2011. O presidente olhou e escutou barulho de peritos dentro. Ele anunciou e abriu a caixa preta dos “problemas do INSS” e quando olhou dentro surpresa... Tinha um espelho.
Excelente análise. EU ESTAVA PRESENTE NA REUNIÃO E FUI UMA DAS QUE OUVIU QUE NÃO PEDIRAM VAGAS DE PERITO PARA A REGIÃO SUL DEVIDO A QUEDA E FERIMENTO NA CABEÇA SOFRIDOS PELA SUPEINTENDENTE REGIONAL DO INSS !!!! Depois de bater a cabeça ELA TERIA ESQUECIDO !!!!
ResponderExcluirOs olhares incrédulos dos peritos presentes ficarão em minha memória. A não ser que eu caia de cabeça, também...
Parece que também teria sido dito que:
ResponderExcluir1- Autonomia médica não se aplica ao servidor público médico.
2- A carreira chegou a um patamar muito alto, daí ser muito difícil melhorá-la.
3- Jogaremos a pupulação contra vocês.
Numa reunião tensa, as palavras não devem ser pinçadas e entendidas ao pé-da-letra. Mas os gestores do INSS, tendo dito isso, externam sentimentos que, se efetivamente permearem as conversas entre eles, estamos muito longe de uma solução que permita ao perito cumprir efetivamente o que a lei lhe confere. A reunião terá sido o momento, como diz o Dr Héltron, de abrir a caixa preta (ou caixa de Pandora?). Muita discussão séria entre o Sindicato e o Patrão ainda terá que haver. Até lá não vejo meios ou razão para os peritos se engajarem em esforços de fim-de-semana, mutirões ou horas-extra.
Será a turma pró-hora extra já tá sabendo que hora extra só depois das 8 horas diárias? É isso aí, já foi avisado aos administrativos. Na verdade, a partir da décima hora na APS se passa a receber horas $$ extras. Bom negocio?
ResponderExcluirUma pergunta:
ResponderExcluirNo caso do segurado que aguardou 6 meses para uma perícia e que já até se recuperou nesse tempo, ele não pode voltar ao trabalho (lógico, após passar pelo médico do trabalho da empresa) antes da perícia e depois fazer a perícia só para tentar um benefício com duração de alguns meses, da data de início da incapacidade até a data de retorno ao trabalho?
Durante uma greve do INSS eu fiz isso com os empregados que aguardavam perícia e não tive problemas. Nos comunicados de decisão do INSS a data término do benefício foi aquela que eu informei como a data em que o empregado retornou ao trabalho.
Excelente post Heltron! Na politica é o seguinte: jogar a Sociedade contra eles, pois é inadmissível um países família esperar 6 meses por um atendimento! Todos sabem que a empresa só é obrigada a pagar os 15 primeiros dias dE afastamento a partir dai fica a cargo do INSS que por políticas desencontradas nAo consegue cumprir a lei, o art 41-A da lei 8213! A consequência é trabalhadores passando fome, pagando juros, contraindo dividas bancarias pela falta de sensibilidade doa governantes com o povo brasileiro trabalhador, tão sofrido e massacrado neste país, enquanto isso o Presidente do INSS sem sensibilidade com o drama doa trabalhadores da gargalhadas em Brasília pois está com bolso cheio de dinheiro, levando pra casa cerca de pelo menos R$ 30 mil por mês!
ResponderExcluirNão creio que haja este sadismo nenhum do Presidente para com os segurados. Acho que a política é um jogo dificil e nem tudo o que queremos se consegue de fato no serviço publico mesmo que haja vontade. A questão é que poucos homens tem coragem de pagar um preço político para, principalmente quando se tem pretensões. Nessa história há muito mau assessoramento e incompetência periférica que sequer chega na cúpula. Por exemplo, esta história de 2 vagas para o concurso em POA e pior o motivo. Apenas agora ele deve estar sentindo o que todos falávamos. Soube por exemplo que CG criticou a gestão das perícias e o modelo atual. Estaria ele sendo sabotado com omissões, mentiras e trapaças? Acho que não é tão simples Aldo
ResponderExcluirHeltron, na politica vc tem as questOes complicadas, concordo, aquelas q por mais vontade politica q vc tenha mas vc nAo consegue ir pra frente! Mas na politica as questões que vc quer implementar sao discutidas na base do ganho pra sociedade e barganha! O cabra é ruim mesmo! Analise a postura dele na reunião com os peritos do Sul, nAo tem a mínima humildade! Veja os fatos! Se ele quisesse realmente fazer algo pelos trabalhadores e pelos servidores ele poderia muito bem já ter um projeto, um estudo sobre isso pra resolver as questões das filas virtuais, da enormidade de processos gerados onde o INSS é réu e estudo de impacto financeiro Junto ao Ministerio do Planejamento! O cabra é fraco de articulação e ruim de serviço e nAo demostrou uma única vez q seja sensibilidade pra estas questões! E ainda digo a vc: Ficou deslumbrado com o poder!!! Se vc mOrasse aqui eu levaria vc no PT de SBC ou no de Guarulhos ou no alto Tietê pra vc começar a sentir como a coisa funciona, articulação, barganhas, etc..
ResponderExcluirPra cúpula o único local ruim é o Sul..
ResponderExcluirO gancho q deve ser usado é o seguinte:
"governo desumano, esquece dos trabalhadores do SUL, deixando ate 6 meses numa fila virtual a espera de uma PERICiA! A empresa paga os 15 primeiros dias e o restante? Trabalhador contraindo dividas bancarias pagando juros altíssimos q embora a Presidenta Dilma tenha se esforçado para isso, o resultado nAo chegou no bolso do trabalhador! " .. Com isso vão ter q descobrir a causa de nAo ter peritos e assim surgira a ré estruturação da carreira com equiparação pleiteada a de procuradores ( PFE- INSS).. Heltron é assim q vende o peixe.. Aqui em SP o Berzoini atrapalha a classe..o Arlindo é indiferente..etc..
O Sul pode salvar a Classe! Só o Sul no momento! Do resto esquece pois nAo tem musculatura pra isso!
ResponderExcluirEu também estava lá e fiquei estarrecida com as declarações da superintendente. A moça de floripa machucou a cabeça e o Sul que se dane! e antes, no concurso de 2010:? Aqui também já havia uma enorme carencia de peritos.... Quem bateu a cabeça daquela vez?O presidente acha que todos sairam satisfeitos... HAHAHAHAHA!!!
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