quinta-feira, 29 de março de 2012

O CORREIO DO POVO

Altas do INSS - Decisões do órgão geram polêmica

Instituto dá alta para pacientes que não têm condições para voltar à rotina do trabalho

Verônica Lemus
Publicado 28/03/2012 às 23:32:05 - Atualizado em 28/03/2012 às 23:38:49

Dona Maria está abalada com o tratamento recebido pela filha. (Foto: Marcele Gouche)


Maria Luzia Petri chorava. Em sua casa simples, no bairro Ilha da Figueira, Dona Maria recebeu a equipe do OCP bastante abalada. Na semana passada, a dona de casa perdeu a filha, Eliete Aparecida Petri, de 35 anos. 

Eliete trabalhou como auxiliar de produção durante 11 anos, quando foi afastada por Lesão por Esforço Repetitivo (LER) e sinais de depressão. Em 2010, o Centro de Atenção Psicossocial de Jaraguá do Sul (CAPS) concedeu um atestado, com fins de comprovação junto ao INSS, de que Eliete encontrava-se em tratamento para Transtorno Afetivo Bipolar (TAB). 

Na cópia do documento, apresentado por Dona Maria ao OCP, consta que devido ao quadro instável da paciente, ela não seria capaz de tomar decisões nem de planejar suas atividades diárias e que, muito provavelmente, a paciente manteria essas características em ambiente de trabalho.

O documento termina com a recomendação de que Eliete se mantivesse afastada de suas atividades laborais por tempo indeterminado. Apesar da recomendação, no dia 4 de março deste ano os benefícios que Eliete recebia do INSS por invalidez foram cortados.

No dia 16 de março, convocada pelo INSS, ela passou por uma perícia que constatou “a inexistência de incapacidade para o trabalho ou a inexistência de deficiência”. A decisão de manter a suspensão dos benefícios contribuiu para o agravamento do estado de Eliete, que ingeriu uma quantidade excessiva de medicamentos controlados, o que acabou provocando a sua morte. 

Assim como Eliete, Eusébio Marcos Pedroso, 58 anos, também passou pela perícia do INSS e foi liberado para trabalho, mesmo apresentando laudos e raios X que comprovam hérnia de disco e osteoporose nos dois joelhos. Eusébio trabalhava com construção civil e segue registrado na empresa, no entanto, sem receber o benefício nem podendo trabalhar. 

“Já fiz três, quatro perícias no INSS e eles me liberam sem nem olhar os laudos e os exames, e na firma eles não me deixam trabalhar.” Ciente das reclamações, a vereadora Natália Petry disse que vem tentando entrar em contato com os responsáveis há um mês. 

“Primeiro, eu tentei falar com eles, chamá-los extra-oficialmente para saber o que está acontecendo, mas sem sucesso”. Hoje, o assessor da vereadora foi pessoalmente ao INSS para tentar contato, e novamente não obteve respostas. Na tentativa de esclarecer o caso, a vereadora elaborou um requerimento, aprovado pelo plenário no dia 22, convocando o responsável pelo setor de perícias médicas para participar de uma sessão na Câmara. Segunda a vereadora, ele já teria aceitado o pedido.

O OCP também tentou entrar em contato com o INSS, mas ninguém atendeu. 

http://www.ocorreiodopovo.com.br/saude/altas-do-inss-decisoes-do-orgao-geram-polemica-7344341.html

4 comentários:

  1. Lamentável o ocorrido. As avaliações psiquiátricas do INSS sofrem com a pressao para se atender quantidade e pouco ínfimo controle de qualidade. Interessa demais por exemplo se o perito cumpre com rigidez o horário entretanto. É consensual da maioria dos colegas que a avaliação na patologia mental devesse durar 1h. A falta de treinamento também marcam. O salário muito baixo também influi para a redução cada vez maior da qualidade. O inconformismo em valorizar o perito do INSS tem seu preço para sociedade, e é caro. E irreversível....

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  2. Bipolar em fase depressiva grave com ideação suicida!
    Hérnia + Osteoporose em trabalhador da construção civil, com 58 anos!
    Toda ação gera consequências e isso é pra tudo!
    Se o tempo de avaliação é escasso a avaliação pericial é pífia!
    Se a remuneração é baixa e sem valorização do trabalhador, há esvaziamento da pseudocarreira de estado!
    Se só há pressão, haverá muitos erros!
    Enquanto houver politicamente na escolha dos gestores, enquanto os políticos não se conscientizarem da importância do cargo, a fatura vai pra Sociedade, que paga a conta!
    No caso em tela, foi com a vida mesmo...
    Imagina a mãe enterrar a filha! Esta dor não tem preço...

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  3. Calma, não assumamos erros imputados pela imprensa, nem como verdade os fatos por ela descritos. Não se pode revelar muito, mas um benefício pode ser cessado por retorno voluntário à atividade, por exemplo. Caberia à imprensa obter a informação junto ao órgão acusado por sua reportagem, o INSS. Mas isso ela dificilmente faz, prefere jogar pedras na Geni.

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  4. Lembrem-se que ela pode simplesmente ter abandonado tratamento, não ter levado documentos comprobatórios, entre outros tantos. Ainda, se estava em tratamento adequado, não seria o indeferimento que levaria a morte. Afinal, a notícia fala de um atestado do CAPS de 2010. Não da pra tirar conclusão nenhuma disso.

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