Atualizada em 28/03/2012 - 20h35
Em direito de resposta, o médico perito do INSS Marcos Medeiros negou que tenha causado paralisia na trabalhadora rural Marlene Soares de Sousa Silva, de 51 anos, que afirmou em matéria publicada no portal GP1 intitulada de “Trabalhadora Rural sofre com perícia realizada no INSS e não sente mais suas pernas”, que após ser atendida pelo médico passou mal, foi internada e agora não sente mais as pernas.
Marlene foi fazer a perícia médica, pois sofre com uma hérnia de disco. O médico nega que o seu procedimento tenha causado a paralisia da mulher e afirma que não chegou a fazer o procedimento completo em Marlene, pois ela não teria deixado. Ele explicou como começou o atendimento.
“Ela chegou pedindo para entrar na frente de algumas pessoas, pois estaria com náuseas e com vontade de vomitar. Então ela entrou na frente. Eu perguntei por que ela estaria sentindo náuseas e ela afirmou que tinha tomado alguns remédios para dor. Perguntei que tipo de dor e ela disse que era de coluna, pois tinha hérnia de disco. Eu anotei todos os dados dela e ela todo o tempo gemendo e chorando. Pedi para ela se sentar na maca para examiná-la. Só que ela se recusou, até que eu falei que precisava fazer o exame e ela se sentou. Eu comecei a testar os movimentos da perna direita e ela disse que não conseguia. E eu perguntei, mas como se a senhora entrou andando? Pedi para ela fazer força e ela se recusava dizendo que doía muito, então eu desisti de fazer esse teste”, disse o médico.
Marcos Medeiros afirma que tentou continuar com o exame, mas Marlene alegava que sentia muita dor, mas ele afirma que as manobras que fazia serviam para aliviar a dor. “Comecei a fazer manobras clássicas para quem tem hérnia de disco. Não fiz nenhuma violência e nada que podia levar a uma piora do quadro, apenas manobras que faz uma compressão atingindo a raiz nervosa, a gente faz manobras que até alivia isso, há uma compressão do joelho e da coxa que teoricamente serviria para aliviar a dor quadricular. Até isso ela dizia que doía. E eu falei que não podia doer, porque esse tipo de manobra que estava fazendo servia até para aliviar a sua dor, mas ela disse que não aguentava. Eu não podia fazer nenhuma manobra que ela se queixava de todas”, disse Marcos Medeiros.
O médico afirma que achou estranho a atitude da mulher e que fez um exame, o qual apontou que ela sentia dores em vários lugares, o que, segundo o médico, não seria possível, e fez ele desconfiar de Marlene. “Por fim, desconfiando que havia alguma coisa errada com ela emocionalmente, eu comecei a comprimir com a ponta do meu dedo, em vários lugares, sem fazer muita pressão, só para atestar se havia alguma coisa levando a exacerbação desses sintomas. Eu fiquei seriamente induzido a pensar que havia ali um quadro de exacerbação ou um quadro de uma coisa pior que seria uma simulação. Ela não deixou examiná-la completamente, sempre chorando muito, aos berros o que achei estranho, pois nunca peguei um caso desses aqui. E ela estava quietinha e calma lá fora e fiquei desconfiado com o fato e relatei na perícia que ela tinha se recusado a fazer, mas que os movimentos que eu fazia não causavam dor. Para se ter uma idéia, quando se tem uma compressão nervosa no nervo da coluna, que desce na face posterior da coxa e daria uma dor no nervo ciático que vem pela face posterior da coxa e se materializa na perna, do joelho pra baixo. Ela tinha dor em todos os lugares que eu comprimia que não tinham nada a ver com o quadro que ela apresentava. Ela realmente tinha um quadro de hérnia de disco, mas que não era de gravidade. Ela não estava nem fechando o canal vertebral e nem comprimindo nenhuma raiz nervosa. Isso me levou a achar que era um quadro atípico e que não condizia com nada que mostrava no exame.
Marcos Medeiros afirma que a após a perícia ficou sabendo que Marlene teria passado mal, mas nega que tenha envolvimento com isso. “Depois da perícia pedi para ela aguardar o resultado e ela continuava chorando muito. Eu falei para ela que do jeito que ela estava tinha que ir para um hospital. Ela saiu e foi lá para fora, depois alguém chamou o Samu. Ela não estava mais chorando e logo foi levada pelo Samu. E foi só isso não fiz nada. Eu nunca tive esse tipo de problema e não tenho nenhum problema como esse. Não tenho nenhum problema pelo fato dela ser trabalhadora rural e muito menos por ser mulher. Ela tem todo o direito de pedir uma revisão da perícia, o que eu já fiquei sabendo que ela já fez. Só quero que fique claro que eu nunca fiz nada que causasse dor como ela diz”, finalizou o médico Marcos Medeiros.
4 comentários:
Parabenlizo o canal GP1 pela rara atitute ética e coerente de ceder o direito de resposta para o médico perito envolvido no caso. Oxalá todos os meios de comunicação assim o fizessem certamente haveria mais justiça nos julgamentos das atitudes dos médicos e um melhor entendimento sobre a função do perito na sociedade.
É, mas antes de ouvir o perito, este mesmo canal autorizou o repórter a acusar o médico de imperícia, lesão física e discriminação contra os trabalhadores rurais e mulheres.
Permitiu que a reputação do médico fosse jogada na lama. E até agora, mesmo após ver a versão da outra parte, não retirou um til do que tinha escrito antes.
Apesar do direito de resposta, ainda acho este veículo de comunicação de péssima qualidade, enlameando a reputação de alguém, condenando em público baseado somente em uma denúncia leiga e instigando a população contra toda uma classe de trabalhadores (médicos peritos).
Neste jornal não se fomenta o jornalismo, mas sim, a fofoca.
Para se ter uma idéia, na reportagem denunciando o médico há três comentários, já na reportagem em que o mesmo se defende, não há nenhum comentário: ninguém leu ou se importou com o que ele disse, só com o que o jornal disse.
Dos três comentários contra o médico, dois apoiam ou incentivam a violência contra os peritos.
Um recomenda dar uma "coa" (surra) no médico e a outra diz que é por isto que as pessoas "metem a faca" nos médicos.
Por causa disto que acho: isto não é jornal ... é uma fábrica de fofocas.
Se ele fosse experto, quando a segurada se negou a deitar na maca ele já deveria ter acabado a PERICiA! " anda com marcha atípica, senta-se sem adotar postura anti-algica e nega-se a ser examinada"...eu já vi caso muito semelhante em APS...Agora quem fica queimado é o Perito com a matéria que cria factoide ou vc acha q alguém vai ler a história dele e dar razão?! O povo quer ler é sobre desgraça e violência, preconceito, miséria e morte, além de discriminação, isso sim!
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