Sindicatos também reclamam do INSS
JOANICE DE DEUS
Da Reportagem
Alvo de oito procedimentos de investigação por parte do Ministério Público Federal (MPF), ontem a sede do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), em Cuiabá, foi palco de um protesto de trabalhadores que cobram a humanização do atendimento feito pelos peritos do órgão federal.
Em alguns casos, trabalhadores recorrem à Justiça Federal para conseguir o direito previdenciário.
Em Cáceres (250 quilômetros, a Oeste da capital), o MPF recomendou que fossem submetidos a capacitação, e também a acompanhamento psicológico – os médicos-peritos e demais funcionários da agência instalada naquele município.
Logo após, a gerência executiva regional do INSS prometeu iniciar o treinamento de todos os servidores da agência, medida que se estenderia pelos 30 postos localizados em Mato Grosso.
Com quatro mil profissionais atuando no Estado, a categoria dos bancários é uma das que mais recorrem ao INSS por causa de problemas como lesão por esforço repetitivo (LER), psicológicos e síndrome do pânico.
São doenças que levam um percentual de 20% dos bancários a solicitarem afastamento do trabalho e, para isso precisarem passar pelas perícias médicas.
“Muitas vezes o trabalhador não consegue e o sindicato tem que pedir a revisão”, afirmou o presidente do Sindicato dos Bancários, Arilson Silva. “O trabalhador é visto com desconfiança”, acrescentou.
Segundo ele, denúncias dão conta que muitos trabalhadores, além de humilhados, mal são avaliados pelos peritos do INSS.
Este, aliás, é o entendimento da auxiliar de cozinha Enelza Silvério Rosa, 47 anos.
“A impressão que passam é que acham que a gente está fingindo. Eu sofri um acidente em maio do ano passado, sofri muitas dores e mal consigo ficar em pé. O médico olhou meus exames e me deu dez dias de afastamento”, contou Enelza, que já passou três vezes pela perícia.
Já diretor do Sindicato de Metalúrgicos, Edner Ferreira Rodrigues, destaca que seu pai, o mecânico Antônio Marcos, é um dos que recorreram à Justiça Federal para tentar ter o seu direito assegurado.
“Meu tem problemas no coração, coluna, rins e é diabético e o próprio médico do trabalho afirma que ele é inapto para o trabalho, mas o perito insiste que está apto”, comentou. Segundo Rodrigues, os pedidos de afastamento por algum motivo de doença atingem até 30% dos profissionais da área.
Segundo o secretário de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato, João Dourado, a humanização das perícias médicas é uma reivindicação antiga que visaria a “resguardar os direitos dos trabalhadores e reverter a lógica meramente predominante no INSS, que coloca os trabalhadores adoecidos sob suspeita de fraude”.
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