INSS consulta o CFM para saber
até que profundidade poderia cravar a espora e recebe uma carraspana em
resposta.
Incrível o papel a que se presta
uma entidade do porte, importância e história do INSS. Se não bastassem seus
próprios e graves problemas estruturais e administrativos, as fraudes
infindáveis, o relacionamento interno e externo excessivamente conflituosos, a
imagem pública infinitamente pior que a imagem da medicina e dos médicos, a
falta de esclarecimento público sobre direitos e deveres previdenciários,
enfim, um rol inesgotável de deficiências e problemas sérios, o INSS se dá o trabalho de bater às
portas da autarquia federal responsável por regular e fiscalizar a atuação de
médicos no país para uma consulta que beira o ridículo.
Quem acessar o aposentômetro e o
exonerômetro deste blog não se espantará em ver como os médicos estão em
debandada. Com dirigentes que tomam tal atitude não poderia ser diferente. O
que se deseja é perseguir a parcela mais qualificada de seus quadros, minoria
estratégica, imprescindível para a finalidade da instituição, categoria cujo
poder - que é diretamente associado à missão de julgamento de valores que lhe é
atribuída, ao grau de complexidade da formação necessária e que trás consigo
consciência crítica - incomoda muito. Incomoda a ponto de se buscar o
extermínio daqueles de que se precisa, um paradoxo esquizofrênico. Como
conviver com quem não tem seu papel compreendido e, ainda por cima, detém poder
inato sobre seu próprio trabalho?
O INSS não entende o que é
perícia médica; a população não entende o que é perícia médica; o ex-ministro
Berzoini não entende mesmo. É preciso que se compreenda que perícia médica é um
ato médico cujo objeto é o requerente e o objetivo é reconhecer se há direito
ao financiamento coletivo de sua subsistência temporária ou definitiva por
incapacidade de trabalhar. Não se pode mais aceitar que alguém pense que o
objetivo seja o melhor interesse do paciente! Essa premissa da assistência
médica não se aplica á perícia médica (primariamente). Perícia médica é
atividade médico-legal. Perícia médica imprescinde de autonomia técnica, a
mesma garantida em lei para a perícia criminal. Ao perito deve ser garantida
isenção, não se pode admitir coerção. Ao perito devem ser oferecidas condições
de trabalho, conforto, ferramentas, segurança pessoal, tempo hábil. Há anos
pedimos isso! Não se pode ter sobre a cabeça dos peritos a ameaça de
punição caso não atenda as metas de produtividade estabelecidas unilateralmente
pelo INSS. Não se pode ter a remuneração dependente das decisões periciais
repercutirem favorável ou desfavoravelmente nas filas. À população devem ser
garantidas perícias bem feitas e fundamentadas, decisões equilibradas e
homogêneas, julgamentos justos de suas demandas previdenciárias, conforto,
privacidade, agilidade.
É hora de a população se aliar
aos servidores públicos peritos médicos que desejam prestar o melhor
atendimento possível e não apenas responder às determinações de metas que
agridem a autonomia e desempenho dos peritos médicos, muitas vezes em
detrimento da boa prática e do bom atendimento.
Consultas oficiais como esta,
partindo dos dirigentes máximos do INSS, nada mais fazem do que expor sua
postura paradoxal e incoerente para que a sociedade saiba o que, por fim e a
cabo, gera a insatisfação de todos, médicos e segurados.
-- Qualquer médico sabe que ninguem pode impor tempo no atendimento do médico. Cada caso é um caso e o médico tem todo o direito de destinar o TEMPO QUE JULGAR NECESSÁRIO pra avaliar seu cliente.
ResponderExcluirPois não fosse assim, ninguem poderia processar o médico por imperícia ou imprudência ou negligência. Realmente foi muita "infantilidade"...
E este tipo de pericia que cidadão espera uma pericia justa sem pressão de metas para os peritos sendo assim e certeza que a população vai apóia os servidores públicos e os peritos medico
ResponderExcluirSe possível informação de como aliar a os servidores e perito medico
O paradoxo é que o INSS quer VENDER a imagem de boa gestão e eficiência mas NÃO QUER GASTAR o dinheiro que isso custa. Logo, a saída desesperada é espremer o servidor na máquina de moer carne para aproveitar até a pele.
ResponderExcluirPara a surpresa deles, esses servidores começaram a gritar e não aceitam mais essa situação. O pânico gera atitudes bizarras como a dessa consulta ao CFM.
O MEDO de perder cargos de chefia para os "perigosos médicos" já está deixando muito chefete sem dormir. Devemos continuar nesse caminho, pois o cidadão merece ser bem atendido e que seus pedidos sejam bem documentados.
Excelente artigo Eduardo; parabéns!
ResponderExcluirNao é só isso Francisco! NAo sou gênio mas tem tanta coisa obvia que poderia ser feito e coisas que nunca poderiam serem feitas... Mas o certo é que se o indivíduo nAo tiver comhecimento técnico entendimento de como a coisa funciona, ele nAo terá gabarito alum pra implementar ou sugerir mudanças na catraca que gere o Instituto! Enquanto só existir chefete e a tal "indicação politica" nAo podemos esperar muita coisa! E cá entre nos COMO o POVO é ENGANADO.
ResponderExcluir