Ano passado este BLOG antecipava e anunciava o Procurador Federal e Gradudado em Direito e Matemática, Mauro Luciano Hauschild, então chefe de gabinete do Ministro do STF José A. Dias Toffoli, como o novo Presidente do INSS.
O anúncio foi cercado de saudações e festejos pelo perfil do servidor, pelo discurso inovador de incentivo e de mudanças e pelas várias promessas feitas aos servidores; foi uma verdadeira lua-de-mel com vários setores do INSS, até mesmo a Perícia Médica.
Infelizmente com o passar do tempo a alegria e a esperança se transformaram em desilusão e amargor. Após um ano da Gestão Hauschild os servidores estão mais doentes e mais negligenciados do que antes, os serviços pioraram, as filas aumentaram, as exonerações explodiram (é o setor do governo onde mais ocorrem exonerações de servidores atualmente) e as palavras belas se perderam com o vento...
Agressões sem fim, filas intermináveis, os mesmos sistemas instáveis (a cada dia mais lentos), o incentivo permanente ao segurado agressor que permite que o mesmo não seja punido e ainda tenha "tratamento diferenciado" em sua análise recursal, o desleixo para com os peritos, adoecimento dos servidores, queixas cada vez maiores de assédio moral, dentre outros, tem sido a rotina dos servidores na atual gestão.
Uma presidência de muitas promessas, apenas isso, é como podemos resumir o que foi até agora sua gestão, que consegue neste momento a façanha de ser pior até mesmo que a gestão de seu antecessor, Valdir Simão, o criador das 9 horas. Sequer responder os e-mails de peritos ele se dá ao trabalho, coisa que nem o ex-presidente Valdir Simão fazia; Simão respondia a todos, mesmo que a resposta não agradasse.
Hauschild assumiu com muita pirotecnia e conseguiu de fato empolgar a todos mas os resultados simplesmente não apareceram. Diversos adiamentos, diversas promessas não concretizadas (o que levou-nos a afirmar que de concreto mesmo no INSS, só o cimento) a ineficiência no combate à violência e a ingerência política na máquina previdenciária fazem com que a sua gestão não consiga reter os servidores. Os colegas que passaram no concurso de 2010 estão rapidamente desistindo de suas vagas e os antigos já estão pulando do "prevbarco" diante das agressões, assédios, ambiente a cada dia mais insalubre e salários muito aquém da enorme responsabilidade que temos aqui dentro.
Em nenhum momento foi visto o menor esforço do Presidente do INSS em interceder junto ao Governo para resolver a questão salarial.
Apesar de jovem, intelectualizado e bem formado, a gestão Hauschild ainda não emplacou e a cada dia afunda mais. Aparentemente o principal culpado disso é justamente aquilo que deveria ser a grande estrela de seu mandato: O Novo Modelo Pericial - NMP.
Anunciado com grande alarde, o NMP foi concebido sem que os verdadeiros "artistas" (os médicos) fossem ouvidos. O resultado não poderia ser mais desastroso: O modelo inicial de 120 dias se mostrou inviável, não se ouviram os conselhos dos peritos sobre graves problemas de concepção que deviam ser sanados, sua implementação foi testada sem sucesso e já adiaram sua estréia de janeiro para junho de 2012. Além disso, a interface com a imprensa foi terrível gerando desinformação com riscos de comprometer o próprio modelo e aumentar a insegurança e violência dentro das APS.
E enquanto não chega o NMP o INSS está parado, a compasso de espera para a sua estréia, como se ele fosse o salvador da pátria e com ele todos os problemas que o INSS tem de gestão, infra-estrutura, quadros, sistemas e relacionamento com a sociedade fossem resolvidos de pronto.
Enquanto a carcaça já podre do instituto previdenciário definha ao relento, a autarquia está paralisada, sem nada fazer ou resolver, aguardando o NMP. E a fila só aumenta, as agressões só aumentam, o esvaziamento de quadros só aumenta, as incertezas e desesperanças só crescem...É tanta toalha jogada ao chão diariamente nas APS país afora que vai faltar algodão no mercado.
Agrava-se o problema com a inauguração de novas APS que são capitalizadas politicamente mas não funcionam por falta de médicos (lembrando que 70% da demanda atual do INSS é por serviço médico - auxílio doença).
Também contribui para o CAOS completo o erro capital de se querer montar um modelo de AUDITORIA MÉDICA sem mudar as atribuições da carreira de PERÍCIA MÈDICA, como se perito pudesse ser auditor apenas com o estalar de dedos.
Ao negligenciar a reconstrução da carreira de perito face às novas demandas do NMP, Hauschild na prática matou seu próprio projeto, pois sem auditor ele não funcionará e pelas leis atuais não há como a perícia médica atuar como auditora, nem por decreto. Ao invés de corrigir esse erro, afunda-se nele ainda mais ao querer "negar" a necessidade de mudança de carreira para fazer valer o NMP e insiste-se na atitude anti-médica habitual da "casa" em querer doutrinar a medicina por resoluções e achar que com uma IN ou um MC os peritos "passarão" a atuar como auditores. Valdir Simão pagou caro em 2009 quando subestimou a capacidade de reação dos servidores médicos e Hauschild aparentemente quer dobrar a aposta.
Pelo conjunto da obra apresentada, sem dúvida foi um ano que não deixará saudade nas mentes e corações de nenhum servidor ativo do INSS e rogamos para que em 2012 o Presidente Hauschild arrume o prumo de sua gestão e não nos deixe a mercê da espera do "Salvador" (NMP), que aliás já entrou para a galeria de Mitologias do INSS, junto com o SIBE, as 30H, as carteiras funcionais dos peritos de São Paulo, o fim da CRER, o fim do SABI, enterro de anão e cabeça de bacalhau.
Aliás, será por isso que ele não cita ser Presidente do INSS em seu Currículo Lattes?
9 comentários:
Francisco, cumprimento-o pela corajosa análise e reafirmo que a perícia médica é o principal problema do INSS, mas é também a principal solução. Insistir em nivelar por baixo, em desvalorizar, só agrava e cronifica os problemas.
Parabéns pela postura corajosa do colega que demonstra com perfeição o sentimento de frustração da classe para com o Presidente do INSS que manteve a mesma linha dura anterior e, que até agora, ficará lembrado por muitas e reuniões e promessas.
O problema do INSS hoje é a incoerência na gestão. Desejam alcançar objetivos de teorias modernas de gestão, objetivos nobres e altamente benéficos para a população, como a melhoria do atendimento ao cidadão, mas negam-se a tomar as medidas propostas nessas mesmas teorias, entre elas: A VALORIZAÇÃO DO SERVIDOR. Lembrando que, segundo os teóricos, as medidas devem ser sempre prévias ao controle dos resultados e nunca posteriores.
Vc entra no Portal da Transparência e coloca o nome do cidadão, vc descobre que esse homem só viajou!!!! Viajou e viaja bastante, assim nao tem condições de se interar com os problemas e tomar atitude para enfrentar com firmeza! Resta apenas fazer uma pirotecnia, um "sambarelove" pra platéia! 45 viagens, ta bom pra vc?! Espero que os colegas agora se conscientizem que a falta de atitude, a falta de postura diante dOs problemas reais da Previdencia tem Sim Explicação!!!
Bando de invejosos, malemá fecham um pacote na CVC pra pagar em 10 vezes!
Obrigado!
Francisco, seu texto ficou muito bem "escritinho", humildemente espero ter esclarecido e ajudado a explicar ainda que em parte, a causa de que o negocio nao se acerta!
;-)
Sim, Aldo, vc ajudou muito :-)
E digo mais: Valdir Simão tinha postura e RESPONDIA os emails enviados pelos peritos ao mesmo! Tive a oportunidade de me encontrar com ele e o Gabas e digo que as negociações com a antiga direção da ANMP só nao avançaram porque o "Cangaceiro da Bahia" teve a indecência e a cara de pau de levar Gravador e gravar reunião com os mesmos! Isso é lá postura de negociador? De representante? Já os atuais representantes só gostam de tirar foto e falar bravatas! Se já nao tem postura e associado a um representante do "outro lado" que só passeia e só quer conhecer esse "Brasilzão", ficou a fome com a vontade de comer, pra ineficiência, o que vai levar a Previdencia Social ao colapso e ambos serão lembrados por muitos e muitos anos como modelo que nao deve ser seguido quando falarmos de representantes e Gestores!
Daqui a pouco o Gabas e o Simões viram santos.
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E falando em Gabas, a Veja desta semana disse, na reportagem sobre o ministro da integração nacional, que no ministério da previdência, o Garibaldi não manda nada. Os manda-chuvas são os secretários executivos alinhados com o Planalto (leia-se Gabas).
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