A sociedade humana é egoísta por essência. Até mesmo a solidariedade que existe no convívio em sociedade é de fundo egoísta, pois só se é solidário pois se precisa disso para alguma coisa.
A medida que você deixa de "precisar" do vizinho para alguma coisa, sua tendência é a de se isolar em si mesmo, isso é nítido nos tempos da ciberrevolução, onde as pessoas compram até casamentos pela Internet, num verdadeiro "grupamento de solitários" que vemos hoje em dia nos prédios e condomínios das cidades. Quem aqui consegue falar os nomes dos vizinhos de andar? Em casos extremos, a própria família vira um conjunto de solitários, cada um em seu quarto na sua TV comendo na sua poltrona.
Logo, querer que uma atividade que por natureza é contraditória aos desejos e vontades das pessoas, como a perícia médica, seja considerada "agradável" pela sociedade e que a mesma passe a ter empatia e a apóie é de uma ingenuidade atroz e um grave erro de condução. Os políticos e até mesmo colegas que defendem isso o fazem por puro desconhecimento.
Os críticos podem dizer: "Ah, a polícia é repressora, o exército é repressor mas tem apoio da sociedade". Ora, tem apoio da sociedade pois apesar de serem repressoras, elas DÃO alguma coisa em troca, que é a sensação de segurança. Por essa sensação a sociedade, egoísticamente, apóia a polícia e o exército. Mas esse apoio logo se esfacela quando, em cumprimento do dever, a polícia começa a fazer atitudes repressoras que atingem singularmente determinado cidadão. Ao ser preso por posse de droga, por estar dirirgindo alcoolizado ou por ter cometido algum delito, aquele cidadão que publicamente apoiava a polícia subitamente passará a ser o seu maior crítico.
Vídeos desse tipo de exemplo afloram na Internet, relatos de pessoas agredindo oficiais da lei em cumprimento do dever são vastos na Imprensa. Mas do lado tem uma pesquisa do Ibope dando 90% de apoio da população. Desde que, obviamente, ela não seja reprimida, mas reprima apenas os outros.
Infelizmente o que a perícia tem a oferecer, que é a garantia de estabilidade financeira do INSS e o cumprimento do devido direito legal, a sociedade não reconhece pois esse tipo de retribuição é INTANGÍVEL para a população.
A violência é bem tangível, mas o dinheiro do INSS não. Além disso, soma-se o fato de que, por culpa dos médicos, cultuamos na sociedade uma imagem de sacerdotes, de detentores do poder de vida e morte, quase uma coisa sacra. Se por um lado isso abre portas, por outro lado traz inúmeras responsabilidades e penalidades ao médico, como a obrigação de sempre atender, a obrigação de ser empático, a obrigação de ser perfeito, a obrigação de ser... sacerdotal.
Antigamente, quando a sociedade era deferente ao poder sacerdotal e científico dos médicos e cientistas, isso servia de freio para críticas e impulsos agressivos e valorizava nossos rendimentos. Mas hoje em dia temos uma sociedade massificada que não é mais deferente a este tipo de sabedoria, que questiona e se acha no direito de TUDO saber, ajudada pela era da informação viabilizada pela revolução cibernética e seus "Dr.Google", "Dr.Youtube", "Dr.email" e televisões 24h com seus gráficos e "experts".
Para piorar, uma das poucas coisas que quebram o ímpeto egoístico do humano é a Saúde, pois ao ver um doente, isso lembra ao egoísta que tem em cada um de nós que somos mortais, e podemos um dia ficar assim. Por isso, a área da saúde é a mais contemplada com políticas e atitudes de piedade, misericórdia, benevolência, caridade e toda a infantilidade que vem associada a esse tipo de atitude.
E o grande mercado que esse setor tem por sua enorme demanda gerou, nas útlimas décadas, uma verdadeira proletarização do médico.
Portanto, o médico perdeu a prerrogativa da verdade, sua palavra já não vale mais, virou apenas um "empregado da saúde" na era do Dr.Google e na era da proletarização do médico. Como empregado, recebe ordens de "quem paga".
Associe-se esse tipo de atitude com o enorme sentimento de solidariedade gerado pela imagem de um doente sem dinheiro passando fome na rua, e ai temos a explosiva mistura que faz a sociedade brasileira ser agressiva com o perito médico, não querer entender suas razões, não querer aceitar que aquele doente pode estar sem benefício por nunca ter pago ou por ser um fraudador e com isso atacar a classe impiedosamente. Leia-se sociedade inclusive dirigentes, semi-analfabetos ou não, do INSS.
Como já disse, a perícia médica só é vista como repressora. A sociedade não enxerga os benefícios de uma boa perícia pois o dinheiro do INSS é "eterno". Outros tipos de peritos, como contadores de impostos, cobradores, peritos engenheiros, etc, também sofrem do mesmo mal, mas não estão tão expostos como os médicos peritos pois estes fazem perícia na área mais sensível do inconsciente coletivo = A saúde humana. E por parecer ir contra ao doente, além de repressora, somos vistos como maléficos e insensíveis. Já o fiscal é "perdoado" pois atua contra "sonegadores" (Obviamente perdoado menos pelo fiscalizado, claro.).
Portanto, essas ações de querer ter "o apoio da sociedade", a "empatia da sociedade", são doces ilusões. Não teremos isso, jamais. A não ser que deixemos de ser peritos. Ou se, na outra hipótese, o INSS começar a não pagar as aposentadorias e pensões por falta de dinheiro. Nesse caso, o problema será tangível à população, que da noite pro dia passará a valorizar nosso trabalho e exigir mais rigor nas concessões.
Por isso quando leio que colegas defendem uma "perícia voltada pro social", uma "perícia defensora dos trabalhadores", e ao mesmo tempo leio que "ser perito é ser isento e técnico", vejo que, na verdade, os colegas querem é deixar de ser peritos. A perícia defende o trabalhador quando ela é feita corretamente. E ponto. Ativismo não combina com perito.
A medida que você deixa de "precisar" do vizinho para alguma coisa, sua tendência é a de se isolar em si mesmo, isso é nítido nos tempos da ciberrevolução, onde as pessoas compram até casamentos pela Internet, num verdadeiro "grupamento de solitários" que vemos hoje em dia nos prédios e condomínios das cidades. Quem aqui consegue falar os nomes dos vizinhos de andar? Em casos extremos, a própria família vira um conjunto de solitários, cada um em seu quarto na sua TV comendo na sua poltrona.
Logo, querer que uma atividade que por natureza é contraditória aos desejos e vontades das pessoas, como a perícia médica, seja considerada "agradável" pela sociedade e que a mesma passe a ter empatia e a apóie é de uma ingenuidade atroz e um grave erro de condução. Os políticos e até mesmo colegas que defendem isso o fazem por puro desconhecimento.
Os críticos podem dizer: "Ah, a polícia é repressora, o exército é repressor mas tem apoio da sociedade". Ora, tem apoio da sociedade pois apesar de serem repressoras, elas DÃO alguma coisa em troca, que é a sensação de segurança. Por essa sensação a sociedade, egoísticamente, apóia a polícia e o exército. Mas esse apoio logo se esfacela quando, em cumprimento do dever, a polícia começa a fazer atitudes repressoras que atingem singularmente determinado cidadão. Ao ser preso por posse de droga, por estar dirirgindo alcoolizado ou por ter cometido algum delito, aquele cidadão que publicamente apoiava a polícia subitamente passará a ser o seu maior crítico.
Vídeos desse tipo de exemplo afloram na Internet, relatos de pessoas agredindo oficiais da lei em cumprimento do dever são vastos na Imprensa. Mas do lado tem uma pesquisa do Ibope dando 90% de apoio da população. Desde que, obviamente, ela não seja reprimida, mas reprima apenas os outros.
Infelizmente o que a perícia tem a oferecer, que é a garantia de estabilidade financeira do INSS e o cumprimento do devido direito legal, a sociedade não reconhece pois esse tipo de retribuição é INTANGÍVEL para a população.
A violência é bem tangível, mas o dinheiro do INSS não. Além disso, soma-se o fato de que, por culpa dos médicos, cultuamos na sociedade uma imagem de sacerdotes, de detentores do poder de vida e morte, quase uma coisa sacra. Se por um lado isso abre portas, por outro lado traz inúmeras responsabilidades e penalidades ao médico, como a obrigação de sempre atender, a obrigação de ser empático, a obrigação de ser perfeito, a obrigação de ser... sacerdotal.
Antigamente, quando a sociedade era deferente ao poder sacerdotal e científico dos médicos e cientistas, isso servia de freio para críticas e impulsos agressivos e valorizava nossos rendimentos. Mas hoje em dia temos uma sociedade massificada que não é mais deferente a este tipo de sabedoria, que questiona e se acha no direito de TUDO saber, ajudada pela era da informação viabilizada pela revolução cibernética e seus "Dr.Google", "Dr.Youtube", "Dr.email" e televisões 24h com seus gráficos e "experts".
Para piorar, uma das poucas coisas que quebram o ímpeto egoístico do humano é a Saúde, pois ao ver um doente, isso lembra ao egoísta que tem em cada um de nós que somos mortais, e podemos um dia ficar assim. Por isso, a área da saúde é a mais contemplada com políticas e atitudes de piedade, misericórdia, benevolência, caridade e toda a infantilidade que vem associada a esse tipo de atitude.
E o grande mercado que esse setor tem por sua enorme demanda gerou, nas útlimas décadas, uma verdadeira proletarização do médico.
Portanto, o médico perdeu a prerrogativa da verdade, sua palavra já não vale mais, virou apenas um "empregado da saúde" na era do Dr.Google e na era da proletarização do médico. Como empregado, recebe ordens de "quem paga".
Associe-se esse tipo de atitude com o enorme sentimento de solidariedade gerado pela imagem de um doente sem dinheiro passando fome na rua, e ai temos a explosiva mistura que faz a sociedade brasileira ser agressiva com o perito médico, não querer entender suas razões, não querer aceitar que aquele doente pode estar sem benefício por nunca ter pago ou por ser um fraudador e com isso atacar a classe impiedosamente. Leia-se sociedade inclusive dirigentes, semi-analfabetos ou não, do INSS.
Como já disse, a perícia médica só é vista como repressora. A sociedade não enxerga os benefícios de uma boa perícia pois o dinheiro do INSS é "eterno". Outros tipos de peritos, como contadores de impostos, cobradores, peritos engenheiros, etc, também sofrem do mesmo mal, mas não estão tão expostos como os médicos peritos pois estes fazem perícia na área mais sensível do inconsciente coletivo = A saúde humana. E por parecer ir contra ao doente, além de repressora, somos vistos como maléficos e insensíveis. Já o fiscal é "perdoado" pois atua contra "sonegadores" (Obviamente perdoado menos pelo fiscalizado, claro.).
Portanto, essas ações de querer ter "o apoio da sociedade", a "empatia da sociedade", são doces ilusões. Não teremos isso, jamais. A não ser que deixemos de ser peritos. Ou se, na outra hipótese, o INSS começar a não pagar as aposentadorias e pensões por falta de dinheiro. Nesse caso, o problema será tangível à população, que da noite pro dia passará a valorizar nosso trabalho e exigir mais rigor nas concessões.
Por isso quando leio que colegas defendem uma "perícia voltada pro social", uma "perícia defensora dos trabalhadores", e ao mesmo tempo leio que "ser perito é ser isento e técnico", vejo que, na verdade, os colegas querem é deixar de ser peritos. A perícia defende o trabalhador quando ela é feita corretamente. E ponto. Ativismo não combina com perito.
Uma perícia médica única, para todas as funções que a União precisa, sem ter a imagem colada com a do INSS, seria um passo fundamental para mostrar à Sociedade Brasileira o verdadeiro valor e necessidade de um perito médico bem formado.
Que venha a Perícia Médica da União.
Excelente síntese da nossa realidade. É isso ai, quem quer ficar bem na fita deve procurar outra atividade. Gosto de comparar o perito médico ao policial no Rio de Janeiro há alguns anos. Enquanto a sociedade das comunidades foram agressivas e hostilizadoras com os policiais não houve controle da violência. Um belo dia percebeu-se que o inimigo não era a polícia, mas sim aquele vizinho traficante que comprava cestas básicas para as pessoas necessitadas, mas também viciava os filhos e netos dos moradores.
ResponderExcluirPortanto, colegas teremos que aguentar a tormenta por mais algum tempo. Como disse o Francisco, até as contas começarem a não fechar no fim de cada mês. Um dia seremos reconhecidos.
Até lá paciencia e perseverança...
Abraços a todos.
Espetacular texto!Parabéns, Chico!
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