Programa do INSS dá esperança a acidentados
Acidentados com chances de recuperação, mesmo não podendo mais desempenhar profissões anteriores, retornam ao mercado de trabalho apoiados pelo Programa de Reabilitação do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
O mais recente balanço financeiro revela que, em dois anos (2008-2010), o Programa investiu meio milhão de reais na concessão de recursos materiais para o retorno de 650 segurados ao trabalho em Campo Grande e 389 em cidades do interior. O montante do biênio 2010-2011 ainda está sendo somado.
Esses recursos foram utilizados na aquisição de próteses, órteses, instrumentos de trabalho, implementos profissionais e mensalidades de 336 cursos profissionalizantes.
“As práticas enfrentam dificuldades de acordo com a realidade social e econômica de Mato Grosso do Sul”, admite a assistente social Fernanda Silva Cruz Goldoni, da Unidade Técnica de Reabilitação.
“Apesar de adequadamente preparados, muitos reabilitados enfrentam barreiras na volta ao mercado de trabalho e consequentemente se veem insatisfeitos com o Programa, quando na verdade trata-se de uma situação regulada em grande parte pelo momento econômico do País”, ela acrescenta.
Não foi o que ocorreu com a segurada A.L.P.V, 28, de Campo Grande, casada, 3º grau incompleto em tecnologia de marketing. Trabalhava numa empresa de turismo e, em 2008, avaliada por um médico perito, teve que ter amputado o membro inferior esquerdo em razão de um câncer. Recebeu prótese modular de titânio e foi desligada do Programa para retornar ao trabalho na mesma função da empresa de vínculo.
Deixou uma frase no livro do INSS: “A prótese foi muito importante para o resgate da minha autonomia; hoje realizo com muito mais independência o meu serviço e todas as demais atividades.”
A ex-auxiliar de serviços gerais Gilvane Menezes, 37 anos, mãe de três filhos, agora venderá cachorro quente num ponto próximo à sua casa, no Bairro Coronel Antonino. Brevemente receberá seu carrinho.
A história de Gilvane uma das centenas que movimentam a Unidade Técnica de Reabilitação Profissional no INSS. Acidentou-se na empresa em que trabalhava, ferindo a coluna lombar e foi atendida pela assistente social Neli Camargo. Em agosto de 2009 ingressou no Programa, recebendo visitas domiciliares. “Contribuímos para o resgate de sua autoestima”, diz Neli.
A assistente social conseguiu-lhe uma vaga no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). “Eu aprendi higiene e manipulação de alimentos, treinei com pessoas que entendiam do assunto e estou pronta para trabalhar”, comenta Gilvane.
Parceria e apoio
“Procurei o benefício por incapacidade, passei na clínica e na perícia, depois me encaminharam para um treinamento em área técnica”, conta satisfeito o ex-técnico em eletrônica José Jussesleu Queiroz de Oliveira, 50.
Pai de um casal de filhos, autônomo e contribuinte da Previdência Social desde 1977, ele fraturou o fêmur ao cair de uma escada no Bairro José Abraão, onde trabalhava.
Recebeu acompanhamento mês e a mês. Optando por refrigeração, Oliveira recebeu apoio da empresa Ar Sul e agora aguarda o momento de ingressar em nova profissão. Receberá do INSS: torno, esmeril, chaves e alicate. “Volto a ser autônomo e com muita vontade”, diz.
Do caixa à radiologia
”Escolhi minha nova profissão e por ela me apaixonei. O INSS me custeou a mensalidade, o vale-transporte, o material didático e até o jaleco”, afirma a ex-operadora de caixa Letícia Fabiana da SIlva, 29, solteira, ensino médio completo, moradora no Bairro Santa Eugênia.
Ela trabalhava numa loja de calçados, onde sofreu neuropatia do mediano direito no túnel do carpo (punho), resultando-lhe uma diminuição da sensibilidade da mão. O médico iniciou a sua reabilitação, mas a empresa, procurada, não quis trocá-la de função.
“Desde 2009 ela foi se qualificando e na fase levantamento de interesses, aptidão e motivação, encontrou uma oportunidade na área de radiologia médica na Escola Paulo Freire.
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