Esta é a minha mão. Este é o consultório no qual realizo perícias. Esta faca não é minha.
A Dra Maria Maeno, Pesquisadora da Fundacentro e Coordenadora do CEREST-SP, em várias oportunidades, inclusive na recente Audiência pela Humanização das Perícias promovida pelo Deputado Vicentinho sempre questionou a necessidade da Previdência Social manter alguns mecanismos de proteção nas APS como: detectores de metais, alarme de pânico e rotas de fuga nos consultórios, quando palestrou brilhantemente, confesso, para um auditório repleto de sindicalistas. Isto, no seu entendimento, seriam medidas desnecessárias. Passariam imagem de que o segurado do INSS seria violento, quando na verdade, ele seria apenas mais um cidadão contrariado que busca os seus direitos. Na minha opinião, a opinião dela é típica das pessoas que não somente não realizam perícias médicas, mas que não possuem o cuidado de escutar ambos os lados e suas necessidades. Inadmissível para quem utiliza do adjetivo de "pesquisadora".
Ontem a tarde (23.09.2011), na APS onde me encontrava, um segurado com esquizofrenia secundária ao uso de drogas entrou no meu consultório. Era uma Revisão de 2 anos seguindo perfeitamente o protocolo da OI 203-2008 - sim, aquelas Diretrizes de Apoio a Decisão Pericial em Patologia Mental que inclusive ficara aberto à opinião publica por meses, embora a Dra. Maeno insista na tese de que "falta de transparência institucional". Pois bem, havia 4 anos que o homem de meia idade estava em benefício e nunca tivera uma única alta. Este entrou na sala com um aspecto assustado, sentou, colocou a mão nos bolsos e apontou esta faca para mim com olhos psicóticos. Perguntei-lhe porque fazia aquilo. Respondeu que seria para se proteger de pessoas que o perseguem e querem como o segurança da APS. Eu disse que não queria seu mal e pedi que me desse a faca. Ele congelou por 10 segundos e depois a entregou em minhas mãos logo antes desta foto ser feita. Recebendo a faca perguntei-lhe se tinha outra arma ele disse que não levantando a camisa e mostrando os bolsos.
Pedi que aguardasse no consultório enquanto iria dar ao segurança a arma. Andei por 10 minutos na APS antes de encontrar o primeiro segurança - embora as APS de maneira geral funcionem até as 17:00h a segurança é reduzida para menos da metade após as 15h, um vício da época das 6 horas corridas não tirado. Quando voltava para o consultório, vi o único segurança voltando do banheiro o chamei para entregar-lhe o objeto e cobrar que aplicasse o protocolo de segurança - que inclui chamar a polícia.
Retornei para o consultório e segurado estava deitado no chão olhando em baixo do armário. Continuei e terminei a perícia. Espantei-me com o relato do mesmo de que havia esfaqueado 3 pessoas anteriormente, inclusive uma a menos de 1 ano. Ao sair do consultório foi detido na APS até que a polícia militar chegasse quando repeti esta história. Os policiais militares fizeram o termo de ocorrencia, mas adiantaram que se tratava de "apenas mais um drogado" e que "era só dar-lhe benefício que nada aconteceria". Era "um problema social". O segurado foi conduzido e liberado a seguir.
Este é o meu relato. Esta é a minha experiência. Esta é a minha luta.
Heltron Xavier
Quero convidar a Maria Maeno a ficar uma semana na APS BI São Paulo, que fica a poucos quilômetros da Fundacentro. Vamos ver se ela mantêm suas opiniões.
ResponderExcluirHeltron, esse caso é para ser encaminhado ao MPT contra o INSS pela questão da segurança. O pior de tudo é o conselho dos policiais.
Uma vez ouvi isso e respondi: O senhor concorda que 11% do seu salário bruto mensal seja desviado para pagar a este cidadão simulador? O PM não tinha noção desse aspecto.
A sociedade precisa acordar.