quarta-feira, 3 de agosto de 2011

ROTINA DO ABSURDO - UM TRABALHO QUE ADOECE


Tratado como uma Máquina de Produção em série. Supervisionado por Feitores cobrando metas e vasculando possíveis falhas nos laudos (Outro dia colega foi humilhado porque trocou esquerdo por direito num laudo). Pressionado por tempo cronometrado de 20 minutos para escrever um Laudo Médico e Decidir a vida do segurado. Dolorido pela ausência das mínimas condições de ergonomia (Vide relatório de auditoria interna com 84% de instalações inadequadas). Cobrado continuamente para dar vazão a demanda (Sem espaço na agenda previsto sequer para que vá no banheiro ou tome água). Estressados por um sistema de informação - SABI - que cai constantemente ou fica lento demais. Controlado como Rato de Laboratório com Ponto Eletrônico (Outro dia uma colega chorava porque esquecera de fechar o intervalo quando estava concentrada numa perícia mais complexa). Exposto a dezenas agressores que ficam totalmente impunes e recebem todo apoio da Instituição (Estas expostas aqui no Rotina do Absurso). Pagando com trabalho recessos de natal e ano novo e, claro, não há impressados em feriados. Com salários completamente incompatíveis com a responsabilidade. E ainda por cima, cobrados para que atendam com cordialidade e gentileza enquanto absolutamente ninguém parece se importar com isso. 

Doutor, isso não adoece? (Pergunta feita por uma segurada e respondida aqui mesmo)

Adoece sim. Todos os peritos com quem trabalho parecem sentir dores crônicas e transtornos ansio-fóbicos. Não há estatísticas sobre o absenteísmo dos peritos médicos. Alguns choram com facilidade, tem medo de sair de casa e fazem uso de medicações. Outros sofrem de dores crônicas lombares e cervicais, tendinoses e doenças auto-imunes. (Será que a experiência de sofrimento no trabalho explicaria alguns comportamentos da conduta pericial?) Há vários colegas infartados por mais de uma vez que trabalham diariamente (A redução de quase 40% do salário com a aposentadoria por invalidez os obriga a trabalhar sob condições desafiadoras). Eu, por exemplo, nunca realizei um exame períodico no INSS em mais de 6 anos de atividade. Exatamente quando completei 5 anos de INSS tornei-me hipertenso. Chama a atenção também que com tanta quantidade de estresse, documentada aqui no blog,  não haja nenhum programa interno de recursos humanos ou medicina do trabalho para amenizar a situação. E a sociedade quer ser  bem atendida pelo Perito Médico do INSS...

Será que há relação entre Perito Médico estressado e a queda na qualidade e falta de humanização no atendimento?
    
Hoje, 03.08.2011, pela manhã uma Equipe de Reportagem de Emissora de Televisão local foi até a APS Natal Sul (GEXNAT) para fazer matéria sobre a Perícia Médica do INSS. Desta vez não foi pelos segurados revoltados por não terem suas demandas atendidas. O motivo era uma denúncia feita a emissora de que dos 6 médicos que atendiam na unidade 4 estariam afastados devido a incapacidade por doença (66,6%). Era um número assombroso para a Reporter, mas não para o INSS.  Obviamente que não puderam filmar por muito tempo. Foi respondido a Equipe que era verdade, mas quer a agenda estava com menos de 15 dias em limites aceitáveis e não havia motivo para preocupação. Ou seja, marca com pouco tempo, está tudo bem.

6 comentários:

  1. Disse tudo. Hoje, pela terceira vez, quase morri por um IAM totalmente relacionado ao meu trabalho no INSS.
    Chorei, fiquei desesperado, sem entender se o problema sou eu ou se o sistema se tornou uma máquina de matar médicos. Aliás, médico no Brasil em breve será preso com grilhões, obrigado a atender qualquer coisa, não importa se recebendo ou não, se SUS ou público. Sequer pode escolher que plano atender, sequer pode escolher em se descredenciar de planos. AMIGOS. ESSA É A NOSSA DEMOCRACIA. TREMEI, POIS QUEREM ACABAR CONOSCO.
    Enquanto isso, os magistrados, através de sua associação, defendem 60 dias de férias justificando pelo trabalho estressante. E o nosso? É um mar de rosas? Desgraça total esse mundo.

    ResponderExcluir
  2. Obrigar médicos a trabalhar, sem receber o justo, é mais uma medida em favor da população.

    Em contrapartida: Montadoras terão redução de IPI até julho de 2016.

    Viva ! Morte aos médicos. Seres escravos por natureza.

    ResponderExcluir
  3. http://www.recantodasletras.com.br/trovas/678074

    ResponderExcluir
  4. Médicos em regime de escravidão moderna, no “paraíso” de Chávez
    20, dezembro, 2010 Deixar um comentário Ir para os comentários

    Alberto Távora

    Nada menos que 30 mil médicos cubanos são mantidos na Venezuela em regime de escravidão, noticiou a Folha de S. Paulo em 12/12/10.

    “Temos de seguir um regulamento disciplinar que nos mostram quando chegamos. É apenas uma das maneiras de nos submeter a um esquema de escravidão moderna“, disse ao jornal o médico Miguel Majfud, 40, hoje em Miami.

    Os médicos são proibidos de viajar, dirigir veículos, falar com a imprensa. E para dormir fora dos lugares predeterminados precisam de autorização especial. Muitos vivem confinados.

    Esses médicos são mandados pelo regime castrista em troca do petróleo venezuelano.

    Contra esse comércio escravocrata a esquerda brasileira não clama. E continua suas permutas com Castro e com Chávez…

    Fonte: http://www.ipco.org.br/home/noticias/medicos-em-regime-de-escravidao-moderna-no-paraiso-de-chavez

    ResponderExcluir
  5. 16 de julho de 2011
    Autor: Nelson Motta - Convidado
    pequeno normal grande

    Se país rico é país sem miséria e em Cuba não há miséria, como assegura Fidel, então Cuba é mais rica do que o Brasil?

    Lá vem ele de novo com essa chatice de Cuba, que é de absoluta irrelevância internacional sob qualquer ponto de vista, quando há assuntos muito mais interessantes por aqui, onde em uma década 40 milhões de pessoas entraram para a classe C. São quatro Cubas, onde todo mundo é pobre, menos os corruptos e a nomenclatura do partido, que levam vida de ricos.

    Devo ao amor à dramaturgia e à comédia esta obsessão por Cuba, o ideal de justiça e fraternidade de minha geração nos anos 60. Vimos o sonho começar em Sierra Maestra, acreditamos que os jovens heróis românticos criariam um socialismo tropical, com alegria e liberdade, que não seria como o dos cuecões soviéticos, com sua rigidez comunista e sua falta de sol e de humor. E ao longo de 50 anos, vimos como o sonho se tornou um pesadelo. Mas que história! Que personagens! Quantas lágrimas e gargalhadas!

    As bravatas, as grandes farsas fidelescas, os discursos de oito horas, as marchas monumentais, as mentiras revolucionárias transformadas em história oficial, é tudo tão trágico e cômico que supera qualquer ficção de Vargas Llosa ou Garcia Marquez.

    Um dos últimos mitos a ruir é a excelência da saúde pública cubana. Cada vez mais, saúde é verba, como dizem em Brasília – equipamentos e remédios de última geração são caríssimos. A boa formação dos médicos e o seu patriotismo não bastam quando faltam até anestésicos e analgésicos nos hospitais, faltam chapas de raio X e seringas descartáveis, os doentes tem que levar seus lençóis de casa.

    A solução revolucionária para os médicos ociosos pela falta de recursos e equipamentos foi despachá-los para a Venezuela, onde 30 mil doutores cubanos trabalham nos programas populares chavistas. A Venezuela paga salários de mercado – mas ao governo de Cuba, que repassa aos médicos uma merreca. Vivem em alojamentos miseráveis, sem passaportes para não desertar, e suas famílias são ameaçadas na ilha. Quem diria, o sonho do socialismo tropical acabou na estatização da escravatura.

    Fonte: O Estado de S. Paulo, 15/07/2011

    ResponderExcluir
  6. -É com o chicote na mão que "nóiz" vai fazer esses "home" de branco "trabaiá"...
    -Aqui não tem lei Aurea não meu irmão, aqui quem manda é o chicote!
    - E se não trabaiá, com aquilo que a gente que dá, não vai ter conversa não, vão tudo preso no camburão!

    ResponderExcluir

Os comentários, assim como os textos, são de responsabilidade de seus autores. Comentários ofensivos serão excluídos.