Nada de “Testador de Caixão”, “Vendedor de Lugar na Fila” ou “Assoprador de Galo de Briga”, profissão estranha mesmo é de Perito Médico. Pense num ofício estranho. Não, eu não estou me referindo a obrigação profissional de desconfiar das doenças para contrariar direitos que sustentam trabalhadores – o tipo inimigo da felicidade alheia - e, ainda assim, ter que ser gentil cordial e simpático para toda a sociedade. Estou falando de algo muito mais além. Tenho a tese de que a profissão perito tem girado no “sentido anti-horário” da lógica há 3 anos e, por isso, os seus problemas graves persistem. Ou seja, aquela expressão conhecida da casa “quanto pior, melhor” realmente pode não ser meramente poética, na verdade, pode ser a frase que melhor expressa à atividade.
Por exemplo, na perícia médica, contrariando a maioria dos empregos existentes, paira a impressão de que quanto mais queixas se tem sobre o atendimento de determinado profissional na ouvidoria, CRM ou delegacia, mas probo, justo e imparcial ele é. Não sei ao certo, mas outro dia descobri que, por coincidência, os piores laudos que já tinha visto eram de peritos que não tinham nenhum tipo de problema ético, administrativo ou criminal nas suas biografias. Enquanto isso, os NOTA 10 do Qualitec condensavam em si a longa lista de agressões, queixas na ouvidoria e toda sorte de denúncias as autoridades. É claro que isso não é regra, mas tenho certeza que alguns não sabem ao certo se quando o chamam de “mau” ou “ruim” estariam elogiando ou xingando. Sabem, no entanto, que os fraudadores são os campeões de gentileza, atenção e educação – observer que sempre há grande espanto coletivo quando um perito é preso - era acima de qualquer suspeita.
No macro é a mesma coisa. Os Peritos Médicos possuem um raro e tragicômico histórico de terem recebido aumento profissional, mas terem perdido dinheiro na última negociação de 2008. Não é moleza. E mais. Em todas as profissões, o normal é que mais mão-de-obra chegue, mas se dê vazão a demanda. Quanto mais tempo se dispuser ao trabalho, mais se aumente a produção. Acontece que na perícia não é assim. Ela é o Avesso do avesso do avesso. Sim é. Quanto mais peritos terceirizados contratam, mais se gasta, mais a fila cresce e mais se precisa de perícias. Quanto mais chamam concursados, mais pedem exonerações. Quanto mais mutirão se faz, mas mutirão se precisa (vide GEX Maceió). Quanto mais rápido se trabalha, mais trabalho se tem. Quanto mais reconhecimentos rápidos de direitos, mais indenizações lentas judiciais. Quanto mais tempo fica obrigado na APS, menos tempo trabalha. Quanto mais se cobra, menos se tem. Quanto mais se dá, menos se recebe. Quanto mais se reclama, menos se providencia. Quanto mais se fala, menos se ouve. Quanto mais Vitórias, mais Derrotas. Quanto mais “União” se quer, mais “Desunião” se tem. Quem vai explicar?
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