domingo, 17 de julho de 2011

POLÊMICA: CRESCE AUXÍLIO-DOENÇA POR USO DE DROGAS


Afastamento do trabalho por uso de droga cresce 22% em 2011

DA FOLHA DE SÃO PAULO

MARCOS DE VASCONCELLOS
DE SÃO PAULO

Há quatro meses, Daniel Meana, 33, levou um ultimato dos donos da empresa que gerencia: ou parava de usar drogas ou seria demitido.

Ele prometeu deixar o vício. A doença, no entanto, foi mais forte, desabafa Meana.

Gastou R$ 900 de um adiantamento em menos de um dia -saiu da companhia às 14h de sábado e voltou para casa às 2h de domingo. "Fiquei bebendo cerveja e cheirando cocaína", lembra.

A perda de controle gerada pela experiência e uma briga o fizeram parar. O profissional decidiu buscar ajuda em clínica de reabilitação.

Depois de um mês internado, voltou à empresa e teve seu cargo de volta. O rendimento profissional melhorou tanto que recebeu aumento.

Histórias como a do gerente têm se repetido no Brasil. No primeiro semestre de 2011, 21.273 trabalhadores foram afastados de seus postos para tratar transtornos causados pelo uso de substâncias psicoativas -que agem no sistema nervoso central produzindo alterações de comportamento, humor e cognição.

ALTA DE 22%

O número representa crescimento de 22% em relação ao mesmo período de 2010 (17.454). São licenças concedidas pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) por problemas causados por uso de drogas ilícitas como cocaína e abuso de remédios sedativos e estimulantes, como antidepressivos e ansiolíticos (para controle da ansiedade).

(...)

A reportagem completa da FSP encontra-se no link.

NOTA DO AUTOR: Reparem no grifo que o profissional doente levou um mês para se reabilitar. Existe uma pressão crescente para concessões de benefícios prolongados para pessoas que se internam em "casas terapêuticas" por prazos de pelo menos seis meses, sem nenhum embasamento técnico científico, sem suporte médico, e uma indústria dessas "casas terapêuticas" vem se formando e gerando lobby para continuarem sendo sustentadas pelo Auxílio Doença do INSS.

4 comentários:

  1. Há um parecer do CRM SC , se não me engano de 2009, a propósito de pericias médicas indeferindo BI para "internos" em comunidades terapêuticas, frisando que o médico só deve analisar documentos de entidades registradas nos CRMs, com Diretor Técnico médico. Somente algumas CTs tem esse registro, pois tem que cumprir exigências para tanto.
    O fato de um indivíduo estar internado em CTs também não configra incapacidade laboral, já que em muitas delas os internos fazem trabalhos de artesanato, lavoura, etc.
    Outro ponto a se levar em consideração é que as CTs normalmente tem um vínculo religioso. Nada contra, mas se um diretor leigo de CT resolve que passe espirita é tratamento para drogadição, e nós peritos aceitamos, também teremos que aceitar passes de Umbanda,cirurgias espirituais, banho de cheiro, sei lá mais o que. E a medicina, onde fica?
    Não quero ofender ninguém, nenhuma religião ou crença. Mas somos médicos!!!

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  2. Gostei Paty. Tenho uma linha parecida de pensamento. Mas como convencer os colegas a exigir apenas documentação de instituições registradas nos CRM se o próprio INSS não o é?

    A grande maioria dos problemas relacionados a conduta em patologia mental se resolveria se os peritos seguissem as normas internas que já preevem isso.

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  3. Heltron, o INSS pode não ser registrado, e também nem teria necessidade, já que é órgão de previdência e não de medicina (atendimento clínico), mas nós, mesmo trabalhando lá, somos registrados nos conselhos, e assim sendo somos obrigados a acatar as determinações de lá emanadas, certo? Mas concordo quefazer com que os colegas sigam as determinações é outra história. Acredito que seja um trabalho que vá começar pequeno, em cada APS, não com a intenção de fazer prevalecer a nossa vontade, mas pelo que é certo e já previsto. Sou novinha ainda no INSS, mas sou médica há muitos anos, e enquanto era só médica nunca me deixei influenciar nas tomadas de decisões com meus pacientes por opiniões de terceiros, quartos ou quintos leigos. Não sei pq teria que começar agora, quando lido com coisas que não são minhas( erário público). Vale o bom senso, pelo menos para mim.

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  4. Alguns colegas no Paraná disseram em uma reunião técnica que o fato do drogadito estar em CT já era um progresso, uma tentativa de se tratar. Não nego, muito pelo contrário. Mas dai a considerar essas instituições como tratamento médico válido para concessão de benefício é outra conversa!

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