segunda-feira, 20 de junho de 2011

Primeira Ediçao - A Roubalheira

É repetitivo, mas necessário bater na velha tecla: por que tantos golpes nos recursos do INSS? A resposta é tão repetitiva quanto inevitável: por causa da maldita impunidade. Polícia Federal em ação, mandados, prisões, apreensões. Deveria bastar, deveria servir de exemplo para pôr fim à rapinagem. Mas não, não basta nunca. O dinheiro público provoca uma sede insaciável.
O núcleo do problema consiste no seguinte: em países onde impera a lei, como os Estados Unidos, dinheiro público, proveniente de impostos, é sagrado, intocável. Meteu a mão, seja quem for, paga caro, muito caro. Cadeia, anos de cadeia. Por isso, ouve-se com certa freqüência notícias dos EUA sobre tiroteios e mortes (quase sempre em escolas), mas é raro, muito raro, se falar em escândalo envolvendo desvios de dinheiro público.
Aqui, muito pelo contrário, dinheiro público é dinheiro de ninguém. Nos últimos 15 anos a Polícia Federal executou dezenas de operações. Milhares de prisões, centenas de inquéritos. Roubalheira após roubalheira. Mas ninguém é julgado, nenhuma condenação. E aí, sob o estímulo da impunidade, os golpes continuam, vão se sucedendo, aqui e lá fora, não acabam nunca.
As prisões são temporárias. Bons advogados em ação, e os réus estão livres. Vem a fase de instrução, os processos emperram. Fim de linha. Convém ficar de olho nessa gente, pois o INSS é alvo fácil. E os bandidos começam a tramar logo após descoberto um golpe. Inteligentemente calculam: “Numa hora dessas, quem desconfia de nova rapinagem tão cedo?”

http://www.primeiraedicao.com.br/noticia/2011/06/20/roubalheira-no-inss

3 comentários:

  1. Heltron, leia as páginas amarelas com Joaquim Barbosa, do STF, na edição de 15/06/2011, página 20.
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    http://veja.abril.com.br/acervodigital/home.aspx
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    Lá ele credita a culpa de se não punir alguém que já foi preso à incompetência da polícia e do ministério público, na hora de produzir provas e de decidir o momento e a forma como vai investigar e prender.
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    Concordo com ele. Acho a PF muito midiática, baseando suas ações para a imprensa ver, e não aguardando provas suficientes para manter o acusado na cadeia.
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    Outra, ter advogados bons não garante impunidade ao acusado, se quem o prendeu o fez baseado em provas válidas e convincentes.
    Pode até retardar sua punição, mas não as evita na maioria das vezes.
    A excessão: políticos (seus crimes prescrevem antes).

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  2. Colega
    Falar que o problema é do "outro" é muito mais fácil. É claro que há uma incompetência da PF, stricto senso, mas ela não é menos que as dos magistrados. Alias, a mesma Veja em setembro de 2010 publicou uma entrevista com a CNJ Dra Calmon que abriu a janela da podridão da magistatura. Confessando que as decisões Sao políticas. Que eles crescem na carreira agradando políticos. Que advogados parentes de magistrados ganham mais causas e que existem decisões compradas.
    O "Arresting Show" da Policia Federal parece para mim uma reação a impunidade. Querem inibir e combater fraudes com a ampla divulgação das prisões em flagrante. Infelizmente é extremamente ineficiente.
    "Como não prendem a longo prazo, pelo menos no flagrante a gente mostra eles na cadeia"
    o nosso STF já deu exemplos vergonhoso como o recente caso Bastiti. Não tem moralcpata criticar a PF, que tem defeitos, mas a cada dia cresce em qualidade de trabalho enquanto a justiça parece piorar.

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  3. e a mudança na carreira para medico auditor previdenciario?

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