Debandada de médicos do interior do Estado
Portaria do Ministério da Saúde exige o cumprimento da limitação constitucional sobre vínculos de profissionais de saúde no setor público
Publicado em 11/06/2011, às 20h30
Pedro Romero e Veronica Almeida
Amélia da Conceição, 70 anos, diabética e hipertensa, e seu marido acamado, o agricultor aposentado Miguel Severino, 81 anos, com sequelas de trombose, recebiam visita médica do SUS em casa. A partir deste mês, a assistência estará suspensa até que a Prefeitura de Taquaritinga do Norte, no Agreste, a 170 quilômetros do Recife, onde residem, encontre substituto para vaga aberta no posto de saúde próximo do endereço do casal. “Não é bom não, mas vou fazer o que? Vou continuar rezando”, diz a resignada Amélia, devota de Nossa Senhora Aparecida, Padre Cícero, Frei Damião, Santa Luzia, Frei Galvão..., um santo para cada enfermidade.
A cidade já perdeu cinco médicos desde o início do mês, por causa da Portaria Nº 134/2011 do Ministério da Saúde, que exige o cumprimento da limitação constitucional sobre vínculos de profissionais de saúde no setor público: dois no máximo. Tem município que perdeu quase todos os médicos do SUS de uma só vez.
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8 comentários:
Mais uma medida tomada pelo governo sem qualquer tipo de planejamento.
Ignoram - ativamente e com conhecimento do que fazem - a realidade salarial do médico. Acham que somos sacerdotes franciscanos, com voto de miséria. Médico tem cerca de 15 mil horas de formação superior (incluindo residência); administrador 3.500.
Permitam-me fazer um breve contraponto. Sobre a aludida portaria.
Na cidade que eu trabalho, existem postos de saúde, e no cadastro do SCNES a equipe está completa, isso no sistema.
Na prática, metade dos postos de saúde estão sem médico a vários meses (eu até suspeito que anos) nunca me animei a trabalhar nos postos de saúde pois a prefeitura tem "hábitos de insolvência", mas eu trabalho no pronto-socorro e sei a falta que esses médicos fazem nos postos, pela demanda que eu tenho que atender.
Pelo que eu li e entendi da portaria, o objetivo é evitar cadastros espúrios, e moralizar o sistema, mas está tendo como efeito colateral imprevisto a debandada de médicos.
Não há nenhum tipo de moralização que seja atramática. Moralizar qualquer serviço publico é como um amputação de membro... só que sem anestesia. Talvez com isso tanto o governo quanto os médicos entendam de uma vez por todas os aspectos peculiares da atividade médica e sua importância para o sociedade.
Já são poucos os que topam trabalhar no interior, com esse limitador ridículo constitucional, nao vai sobráreis ninguém... Já passou da hora de nao apenas regulamentar o ato médico mas criar uma CLT própria pra carreira, pois nao da para engessar um médico como se fosse burocrata.
Na realidade, vivemos a passos largos uma "sovietização" do serviço médico. Falta pouco para uma lei que obrigue médico a atender 24 h por dias gratuitamente, sob pena de prisão. Baixos salários, perseguição de todos os lados...Parece que isso é mais do que consciente. É um plano cujos detalhes imaginamos mas não sabemos ao todo.
Fica fácil agir assim. Obriga-se o me´dico a se matar, pois médico é necessário aqui e na China. Mas, com desculpa do bem social em primeiro lugar, não se paga o salário digno e se obriga a trabalhar quase de graça. Com o chicote nas costas. e a população aplaude, pois para ela, o que interessa é ter o médico. Ele (médico) é problema dele (escutei de uma paciente isso que escrevi).
E a declaração daquele "Ciro..." sobre os médicos...branquinho, baratinho...
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