A reportagem começa com os repórteres tendo como certeza que os "maus tratos dos peritos" aos segurados do INSS são um fator comum. Baseiam-se em supostos "700" emails recebidos pela redação desde o início das reportagens sobre o tema, há 4 semanas.
Não vemos nenhuma crítica sobre os relatos ou o quanto isso representa sobre o total de perícias feitas no Estado de São Paulo, considerando que o SP TV tem transmissão estadual. Apenas pega-se o número e trata-se como verdade. Apenas para fins de comparação, nas 4 semanas onde o SP TV recebeu "700 emails" de queixas de segurados do INSS, foram feitas cerca de 180.000 perícias no Estado de São Paulo.
Não vemos também uma análise sobre que tipo de segurado faz as críticas, mas a leitura feita pela jornalista Mariana Godoy dá uma pista: Todos que se dizem ofendidos referem que tiveram o benefício "negado".
Em seguida mais uma matéria ao estilo "coitadinho" onde um segurado, identificado como "Jamil", relata que está incapaz por lombalgia desde 2005, quando segundo a repórter suas costas "travaram". Mas desde setembro de 2010 teve "alta" do INSS e não consegue mais o benefício. Em seguida mostra que ele, mesmo com as costas "doentes e inválidas" está dirigindo um carro e fazendo "bico", ou seja, está trabalhando, e diz que só consegue pagar agora as prestações do carro, pois usa ele para o trabalho.
Bom, vamos aos fatos descritos: Segurado jovem afastado há 5 anos por lombalgia? Não consegue voltar a trabalhar mas consegue dirigir um carro para fazer bico? Cadê o bom senso, Chico Pinheiro e Mariana Godoy? Este sujeito está TRABALHANDO!!!
TRABALHANDO e expondo suas "costas travadas" ao labor dirigindo! Que tipo de lombalgia secundária à hérnia discal é essa que faz com que ele esteja incapaz para trabalhar em sua função descrita (mecânico de empilhadeira) mas não está com lombalgia para tirar CNH, comprar um carro e sair dirigindo no trânsito paulista fazendo "bico"? E o´mais incrível: se ainda está pagando parcelas, considerando que se afastou em 2005, é fato que este carro foi comprado com ele já se declarando incapaz, já em gozo do benefício. Que tipo de pessoa incapaz por lombalgia grave teria interesse em comprar um CARRO?
E a perícia é que é culpada? O médico assistente que está emitindo laudos de incapacidade, sem ter o direito legal para tal, sabe que seu paciente comprou um carro e está dirigindo de forma profissional? Meus parabéns aos peritos que indefiriram o pleito deste rapaz, esperamos que o INSS promova AUDITORIA deste benefício para sabermos como uma pessoa incapaz por lombalgia consegue comprar carro para trabalhar...
O médico do trabalho que aparece na reportagem está certo, pois se o assistente amarra o laudo de forma como ele diz que amarrou, eles não conseguem emitir um atestado de retorno ao emprego. Mas o médico assistente não está apto a divagar sobre incapacidade laborativa para fins previdenciários, esta é prerrogativa legal dos peritos do INSS.
O que espanta é a presunção dos repórteres em achar que basta um atestado do médico assistente declamando sobre incapacidade que o paciente terá direito a se afastar. Então para que perícia? Basta entregar o atestado no balcão.
Outra evidência da incompatibilidade da matéria: Onde estava o seu Jamil se queixando da perícia médica entre 2005 a setembro de 2010, quando gozava do auxílio doença? Subitamente após ser considerado apto ao trabalho, começam as "grosserias" dos peritos, é isso mesmo Chico Pinheiro?
Os repórteres passam por cima das EVIDENTES incongruências da história, satanizam os peritos e passam a entrevistar o Presidente do INSS. Começam dando como fato que o mau trato é uma rotina (afinal de contas, eles tem 700 emails) e mesmo o Presidente do INSS explicando que considera bom o tratamento em geral e que o que se chama de maus tratos pode ser uma série de conjunções como a espera para o atendimento, o Chico Pinheiro interrompe o presidente duvidando de sua informação e diz que não parece ser problemas focais (afinal de contas, ele tem 700 emails) e tem a cara de pau de dizer que "talvez essa avaliação tenha que ser refeita" (minuto 5´44").
O presidente do INSS, educado, não rebate o repórter e continua a entrevista, dizendo sobre os meios de reclamação, mudanças previstas no fluxo das perícias e os repórteres insistem na tese dos maus tratos, sem fundamentação, lendo mais emails de segurados que tiveram o benefício negado.
Passam para a questão da identificação dos peritos, mas não foram atrás dos mesmos para saber que, pelo menos em São Paulo, NENHUM perito dos últimos concursos (2005, 2006 e 2010) recebeu crachá ou identificação funcional "por problemas de licitação". Isso mesmo o que vocês leram, não tem identificação pois estamos há 6 anos no INSS sem que os mesmos forneçam um crachá sequer. Mas basta virar gerente que o servidor ganha um crachá novinho em folha.
O atual presidente do INSS não deve saber disso pois assumiu agora o cargo, mas os antigos sabiam, podem ter certeza. Só eu entreguei por 3 vezes as fotos para identificação (2006, 2007 2 2008) e ninguém sabem o que foi feito desses documentos.
Por fim, a Mariana Godoy fala que os peritos não assinam os laudos. Mentira baseada em desinformação da reportagem. O perito não "nega" e nem "dá" benefício. O perito atesta a capacidade ou incapacidade trabalhista do segurado. A concessão do benefício continua depois com a análise administrativa, então existem casos (e são muitos) onde o perito atesta a incapacidade mas o benefício é indefirido por motivo administrativo, envolvendo carência, contribuições, etc. Obviamente, ao constatar a capacidade laboral, o processo encerra-se ali mesmo. Mas o que o segurado recebe é a decisão FINAL do INSS, a CRER, que obviamente é assinada pelo Presidente do INSS. Mas o Laudo Médico Pericial, que vem assinado pelo perito, pode ser requisitado pelo segurado junto à Agência do INSS a qualquer momento.
Encerra-se a reportagem. Mais uma vez o despreparo dos repórteres, a visão pré concebida, o sensacionalismo e a total falta de crítica em usar como exemplo uma pessoa jovem que se diz incapaz por lombalgia mas compra carro e sai dirigindo pela cidade trabalhando (onde fica a dor nessas horas?) mostram que a imprensa ainda tem muito o que aprender sobre a perícia médica do INSS.
Perguntas ao Chico Pinheiro e à Mariana Godoy:
1) Por que o "seu Jamil" só passou a se queixar do atendimento médico pericial após ser considerado apto ao trabalho?
2) Acham normal um adulto jovem ficar 5 anos afastado do trabalho de mecânico de empilhadeira por lombalgia? 5 anos? E uma pessoa tão doente assim compraria um carro por que minha gente?
3) Se ele pode trabalhar dirigindo no trânsito caótico de SP, porque não consegue trabalhar no seu serviço?
4) Achariam justo agora os peritos mandarem 1000 emails à direção da Rede Globo reclamando da qualidade do trabalho dos senhores e a direção da televisão chamar vocês e dizer que "é óbvio que não se trata de um fato pontual pois temos um enorme volume de queixas contra vocês"?
excelente esplanação, descortina a verdade de maneira objetiva e cristalina. Esperamos que os senhores jornalistas a leiam e se deem conta dos fatos.
ResponderExcluirÉ claro que com toda a ignorância, parcialidade e tendenciosismo sobre o tema manifestados pelos repórteres a óbvia resposta dos mesmos à quarta pergunta seria: não.
ResponderExcluirPorém, para qualquer pessoa justa, imparcial, profissional, que procura se informar e estudar antes sobre o que noticiará, que preocupe-se com o país e não com o seu próprio umbigo mesquinho, que não seja recalcado e, sobretudo, que não tenha tido um indeferimento pericial alguma vez na vida a resposta natural seria: sim.
E a justiça não tem nada a ver com a quantidade de emails recebidos.Se apenas um email for enviado à Rede Globo repudiando a atitude colérica dos repórteres que desvirtuou a qualidade do seu trabalho teria mais peso e credibilidade do que um milhão de emails falando dos supostos "maus-tratos" dos peritos.
É muita cara de pau!Então, benefício indeferido é sinônimo de ter sofrido maus tratos dos peritos?.Onde estão as provas destas alegações? Isto é uma ofensa verbal e uma injúria a toda a categoria dos peritos.Quem é que está reclamando de maus tratos então que mostre a cara e assuma isto ao invés de fazer generalizações lacônicas sobre o fato.
Verifiquei um dos nomes citados na reportagem no sistema SABI. Não posso comentar por razões éticas nem dizer quem é. Só digo que encontrei o que imaginava.
ResponderExcluirEsses jornalistas não estão agindo com lisura; principalmente o Chico Pinheiro. Força a barra, fala em direito do segurado (como se fosse líquido e certo) atribui colorido de verdade absoluta aos 700 e-mails, uma loucura!
O cidadão trabalha! Está reabilitado como motorista! Pior, pode nem ter sido incapaz e, mesmo assim, ficou 5 anos em auxílio-doença, um benefício tipicamente temporário! Tudo errado! Travado? O que é isso?
O Jornalismo,da Rede Globo,errando como sempre, e o pior acusando sem provas dos reclamantes(queixas os peritos tem muito mais contra os proprios periciados, mas por questões funcionais não valem ser levadas adiante - perde-se muitos votos do povo que vive da previdencia),além de tendencioso e incitativo! no mínimo irresponsável ao colocar jornalistas que desconhecem do assunto para discutir assuntos totalmente fora da realidade.
ResponderExcluirse já fazem isso com um assunto "pequeno" como esse imaginem sobre a politica deste país !
Quanto a identificação do médico perito, a falta da exposição do nome é pelo mesmo motivo pelo qual o BOPE ao entrar em ação retira a identificação da farda - evitar perseguições e atentados fora do local de trabalho.
Quanto a assinatura e do reconhecimento de quem fez a perícia,juízes,promotores de justiça,gerentes e o próprio periciado pode ter acesso bastando solicitar á chefia imediata.
Portanto, o jornalismo da globo só falou bobagens na tv, que tal colocarem os 3 (gabas,argolo e hauschild) e ver quem está com a razão ? agora , só uma coisinha, deixem todos falares a vontade e naão interrompam quando as verdades seraão ditas pelos peritos,como fizeram na entrevista com o argolo. Que os outros da mesa,principalmente o secretário gabas,tirem todas as dúvidas.
Só finalizando,e as queixas de agressão feitas pelos peritos na polícia federal, e as inúmeras agressões onde os próprios chefes de aps não querem levar adiante com medo das represálias do segurado e da própria instituição?
Estas sim tem provas e comprovações de todas as espécies e mesmo assim o jornalismo sequer citou!
E só para deixar bem claro, na entrevista em questão, o médico do trabalho DA EMPRESA (DA EMPRESA) deixa claro que não emite juízo de valor que contrarie o do medico assistente,portanto não concorda ou discorda do medico assistente, apenas ~homologa~ o afastamento para que a Autarquia ~sustente~ o periciado para desoneração da empresa.
ResponderExcluirE para não perder o hábito, me respondam como cidadãos,nem mesmo mais como peritos, quanto ao dinheiro que for pago indevidamente nas fraudes,que ocorrerão aos milhões,quem irá providenciar o ressarcimento, ou mais uma vez veremos o INSS sangrar e os ladões ficarão impunes ? quem autorizar tal absurdo (perícias serem realizadas pelos próprios medicos assistentes, imoral e ilegal)responderá cível e criminalmente ? pagará o desvio nas fraudes ?
ResponderExcluirEles não teem tempo de se preocupar com detalhes. Há quem diga que o detalhe é tudo.
ResponderExcluirOi, pessoal.
ResponderExcluirExcelente topico Chico concordo em 110%. Parabens a todos do perito.med; Heltron NYC
Eu tenho acompanhado este site e vejo que há muito corporativismo por parte dos peritos. Não há como comparar dirigir um carro pequeno com direção hidráulica e uma máquina pesada, como uma empilhadeira.
ResponderExcluirClaro que há, uma vez que para a doença alegada pelo segurado, a postura prolongada junto com a dinâmica da direção seria a principal causa imitante. Se consegue dirigir trocando marcha a cada segundo noa trânsito parado de SP, pisando em embreagem e freio e acelerador em bancos nao ergonômicos como são os dos carros populares, entao nao há como alegar doença incapacita te lombar por 5 Anos seguidos. Mais um caso de transformação do auxilio doença em renda complementar.
ResponderExcluirNino, você fala sem o menor conhecimento em ergonomia, hoje em dia as máquinas tem direção hisráulica mais leve do que o carro que o cara tava dirigindo. Além disso, tá mais que provado que o cara pode trabalhar, está trabalhando, filmaram isso e o benefício foi indeferido com razão.
ResponderExcluirO Nino é mais um desses brasileiros que sabem tudo, dão palpite em tudo, deve ser cria do Chico Pinheiro, que entende tanto de INSS quanto de Samba, só fala porcaria em ambos os casos.
ResponderExcluirFrancisco Cardoso: acho que você deveria enviar esse seu texto por e-mail à TV. Achei tudo perfeito. Onde já se viu, jornalistas de quinta categoria.
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