Grupo desviou R$ 1 milhões do INSS
PF descobre que servidor do instituto fraudava documentos para conceder aposentadorias a pessoas que não tinham direitoUm esquema que desviou, até agora, o equivalente a R$ 1 milhão dos cofres públicos em Santa Catarina foi desmantelado pela Polícia Federal (PF), na Operação Persa. Na manhã de ontem, a PF cumpriu 17 mandados de busca e apreensão em quatro cidades catarinenses – São José, Palhoça, Araranguá e Timbé do Sul –, a PF desvendou um esquema de falsificação de documentos que contava com a participação de um funcionário do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) da agência de São José, na Grande Florianópolis.
As investigações começaram com uma denúncia anônima sobre pessoas que receberiam indevidamente pagamentos do INSS. O funcionário, que não teve o nome divulgado pela PF, era responsável pela concessão dos benefícios.
Há pelo menos 18 meses, o esquema agia falsificando documentos de pessoas que não tinham direito a benefícios da Previdência Social. Informações falsas eram registradas no sistema da Previdência para solicitar aposentadorias por tempo de contribuição de quem estava longe do tempo legal para se aposentar.
– Pessoas que viviam em outras cidades vinham pleitear o benefício na agência de São José. O criminoso adulterava as datas de saída do trabalho, muitas vezes com garranchos toscos feitos a caneta. Ele inseria dados fictícios de gente que trabalhou em empresas que sequer existem – explica a delegada da Polícia Federal Tatiana Nunes.
– A ação criminosa só se explica porque havia alguém agindo dentro do INSS. Alguém tem que inserir as informações e tinha que ser uma pessoa isenta de qualquer suspeita. Chegamos a encontrar até fotos da mesma pessoa com nomes diferentes – afirma Dilmar Pregardier, assessor de gerenciamento de riscos do Ministério da Previdência Social.
Ontem, a polícia encontrou processos originais da concessão de benefícios, documentos falsificados, carteiras de trabalho e R$ 21 mil em dinheiro. A Operação Persa também apreendeu quatro notebooks, de onde provavelmente sairão nomes de outros envolvidos no esquema da fraude de benefícios.
– Esse processo chama a atenção pela presença de um funcionário interno que agia no esquema. No geral, o modo de operação das quadrilhas que fraudam benefícios do INSS segue o mesmo padrão de falsificação de dados e adulteração de documentos – avalia Ademar Stocker, superintendente da PF em SC.
Auditorias vão esmiuçar tudo que o suspeito concedeu
Agora, serão abertas auditorias em todos os benefícios concedidos pelo funcionário suspeito. De acordo com as investigações da polícia, outros servidores do INSS podem estar envolvidos na fraude.
– Nossa impressão é que o esquema atinge o Estado de norte a sul. Por isso, vamos continuar investigando. É só o início – garante a delegada.A PF pediu a prisão preventiva do funcionário do INSS, mas a Justiça Federal indeferiu a solicitação, por se tratar de réu primário, com residência e emprego fixos.
pedro.santos@diario.com.br
PEDRO SANTOS
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