23/02/2011 – 13:32h
Médico é acusado de vender atestado falso a professores por R$ 50 em SP
SÃO PAULO - A polícia investiga um esquema de venda de atestados médicos falsos para professores de Severínia, município paulista a 430 km da capital. O médico é o ex-prefeito da cidade, Isidro João Camacho. Como médico, ele cobra R$ 50 para liberar professores do trabalho inventando qualquer tipo de doença. Ele nega a acusação.
Localizada na porta de casa, uma professora da pré-escola que está de licença médica confessa que conseguiu facilmente um atestado falso.
- Eu nem entro no consultório, eu já pago e ele deixa pronto - diz ela.
O médico citado pela professora é Camacho. Um produtor foi ao consultório do Dr. Isidro. Ele se apresentou como professor, pediu um atestado médico e deixou claro que não estava doente.
O médico cobrou R$ 50 pela consulta e informou ao produtor que ele tinha direito de escolher quantos dias quer ficar fora do trabalho.
- Você vai precisar por quanto tempo? - pergunta o médico
- Acho que trinta dias no mínimo doutor.
- Eu tenho que achar um código aqui que seja passível de afastamento para ninguém ficar te investigando. Vão perguntar porque você está se afastando. Aí você fala: 'eu tive já uma isquemia cerebral e agora nós vamos retomar os exames - recomenda.
- Tá.
Os dois combinam a data em que o suposto professor vai adoecer.
- Hoje é 15, pode por a partir do dia 17... - explica o médico.
- Dia 17, que é quinta feira, ótimo - diz o produtor.
- Só que você só entrega dia 17, tá? - recomenda.
- Tá.
O médico se envaidece e confirma que é bastante procurado.
- Doutor, os professores vem sempre aqui com o senhor?.
- É, eles vêm, viu. Quando precisa algum atestado, alguma coisa assim. É que é o seguinte, quando eu fui prefeito eu sempre entendi o lado dos professores, dos funcionários... E o professor não está doente, ele precisa resolver assuntos particulares, tal, e acaba dando uma brecha a pessoa aí... - explica o médico.
A secretaria de Educação começou a desconfiar da grande quantidade de atestados do mesmo médico. Foram 200 ao todo no ano passado. Um número alto, já que a cidade tem 196 professores municipais.
Alguns absurdos estão sendo investigados, como um atestado, protocolado na secretaria de Educação três dias antes da professora ficar doente. Em 2010, foram gastos R$ 250 mil para repor aulas de professores que faltaram.
- O dinheiro poderia ser investido em melhorias na educação - afirma José Carlos Moreira, secretário municipal de Educação.
O médico nega as acusações. Ele disse que não beneficiou nenhuma pessoa e nenhum funcionário público, e que não emitiu 200 atestados só no ano passado.
Um comentário:
Isso é uma vergonha. O CRM tem que ser mais atuante contra esse comércio clandestino de atestados.
Postar um comentário